Introdução contextual ou TL; DR
Esta resposta é uma discordância democrática e saudável à resposta do utluiz. É necessário deixar claro isto porque algumas pessoas acham que diversidade de visão não é construtivo ou mesmo que é briga. Acho que aqui estamos fazendo de forma saudável e todos podem se beneficiar disto.
Melhor que uma pergunta que gera uma boa resposta é ter uma pergunta que gera várias boas respostas e que fazem as pessoas refletir e aprender mais, mesmo que discordem do que está escrito.
Para quem não tem paciência para ler tudo ou acha que já sabe o que precisa aprender sobre o assunto, o que eu digo é:
- OOP é bom, mas não é panaceia.
- Tudo o que o utluiz diz funciona bem em outros contextos, mas em PHP boa parte da vantagem do OOP se perde.
- OOP traz problemas novos, sem resolver todos do procedural, portanto alguns problemas podem se beneficiar mais de OOP ou procedural, OOP não é adequado para qualquer coisa.
- Afirmo que PHP costuma atender problemas mais adequados para procedural que OOP.
- Muito do que é dito na outra resposta é sobre tipagem estática, e não OO.
- A principal discordância é em usar exemplo de procedural ruim contra OOP bom, é injusto!
A resposta dele não está errada, tem qualidade, só quero dar uma outra visão. Em várias partes, concordo com o que está lá. Só acho que ela não está bem contextualizada para o PHP. A prática do PHP é um pouco diferente do que está descrito ali. A pergunta é sobre OOP em PHP, não em Java.
Algumas coisas desta resposta fazem mais sentido olhando a versão original da resposta dele.
Recomendo fortemente assistir um vídeo que mostra de forma clara como OOP é mais problemático do que parece e onde está realmente o seu problema. Se quer ficar com a posição de que OOP é ótimo sempre, ok, mas não diga que não avisei :)
Melhor para bibliotecas ou sistemas complexos
A minha opinião sempre (cerca de 30 anos) foi que OOP é melhor aplicada à bibliotecas e APIs. Não só, claro, mas principalmente. E mesmo assim não em todos casos de bibliotecas. Pra mim OOP brilha em problemas onde o PHP não costuma passar perto, mas em pontos específicos o PHP pode se beneficiar do paradigma.
Por sorte muitas vezes a pessoa acha que está usando OOP e está apenas usando uma classe simples que funciona como um módulo ou uma estrutura simples. A parte ruim é que ela acertou por coincidência. Usar classe não significa que está fazendo OOP.
Consumir APIs que foram construídas com OOP não é a mesma coisa que programar orientado a objeto.
Abstração e reuso
Concordo que é comum vermos as pessoas fazerem tudo o que o utluiz diz na sua resposta quando programam procedural. Mas também já vi pessoas botarem tudo em classes e cometerem erros piores. Veja (aqui mesmo no site) a maioria dos códigos comuns que as pessoas escrevem em OOP que fazem uma bagunça muito maior que o citado. Ela amontoa o que não pode e retalha o que não dá, é algo quase aleatório.
Talvez a explicação esteja certa se fizer puramente procedural do jeito que se fazia nos anos 60/70, mas não é o caso de fazer assim. Modularizar é algo importante, fazer tudo virar objeto nem tanto. Falo muito sobre o assunto em outra pergunta.
C é uma das poucas linguagens que não implementam nenhuma facilidade de OOP e a cultura é não tentar forçar este paradigma nela. As pessoas programam muito bem nela sem este paradigma nos sistemas mais complexos possíveis e não têm as dificuldades e erros citados (nem na versão antiga, nem na versão nova da resposta do utluiz). O "problema" da linguagem é ser muito baixo nível e o que mais faz falta pra ela é generacidade e um pouco mais de capacidade de modularização. Tá, também há a cultura de escrever código mneumônico, mas isto mudou bastante. Falta ser mais estática do que ela é. Em C e outras linguagens você resolve tudo o que foi citado sem dificuldades.
Tem um tipo específico de reuso não citado na resposta dele que realmente OOP ajuda, não vou entrar em detalhes para não alongar.
PHP é uma linguagem bastante dinâmica e se a pessoa souber o que está fazendo consegue muito reuso sem usar OOP. Na verdade pode obter até mais aproveitando bem os recursos dinâmicos da linguagem. Reforço que não estou dizendo que OOP não deva ser usado nunca.
Abstração é algo bom, e ela é usada desde que existe computador, OOP não inventou isto.
O problema não é o paradigma OO ou procedural, ou outro, é não saber usar a ferramenta. E algumas pessoas vendem OOP como se fosse algo que você usa e tudo se resolve. Mesmo que não seja a intenção delas acabam fazendo isto sem perceber. Muitas pessoas leem que OOP organiza o código e ela passa adotar o paradigma como se ele fosse mágico. Quem disse talvez saiba que não é bem assim, quem lê e ainda está aprendendo não percebe as nuances, não entende que não é panaceia.
Exemplo usado
O problema da manutenção citado nessa seção da resposta dele, ocorre nos dois paradigmas. OOP tem até um princípio que diz que você não deve modificar suas classes. Obviamente não dá para seguir sempre este princípio, mudanças provocam dificuldades em todos paradigmas.
O problema citado realmente existe por um defeito da linguagem, por isto citei C que não tem esse defeito. Realmente PHP não tem uma estrutura de dados simples meio termo. Ou você tem um array associativo dinâmico que produz o problema que ele citou ou tem a classe que resolve o problema específico. Mas este é um problema de coisa mais estática e mais dinâmica, não é uma dicotomia entre procedural e OOP.
Pois bem, use a classe então. porque você colocou em uma classe, está fazendo OOP? Então C é OO também, ela tem struct
. Claro que discordo disto, todos discordam.
Não vou repetir todos os detalhes do que já disse em inúmeras respostas, algumas citadas aqui, OOP é mais do que criar uma classe. Colocar dados em uma estrutura eu sempre achei útil, éstá usando OOP assim?
enviar_email_cliente($JoseDaSilva); //esta variável é baseada em uma estrutura
Dá para fazer melhor que isto, mas não quis modificar o exemplo que seria ruim até em OOP.
Não tem nada de OOP aí. Se esta variável tem uma estrutura definida com AA ou com classe não é um detalhe importante (internamente no PHP vai dar no mesmo). Escolha qual achar melhor para seu propósito, mas o problema de manutenção da estrutura está resolvido. Os exemplos citados criam problema por fazer do jeito errado.
Quer que o IDE auxilie? Ok, use a classe para criar a estrutura. Só que o IDE vai ajudar porque ficou mais estático e não porque fez OOP.
Teve paciência de chegar até aqui? Então vai adorar esse blog que tem um bom artigo sobre essa questão. O Steve é o cara que pode espantar a maioria dos leitores, mas pelo menos ele não gera confusão com superficialismos, que eu sei que as pessoas preferem. Não preciso dizer que sou fã dele apesar de não concordar com tudo o que ele fala.
Estamos criando uma dicotomia entre paradigmas quando na verdade a questão é sobre tipagem. PHP teria muito mais robustez e facilidades de manutenção por ter tipagem estática do que por usar OOP. E se tirarem a tipagem dinâmica ela perde seu maior mérito. Já repeti várias vezes que se é para ter essa robustez toda não use PHP. Forçar o uso de tipagem estática e orientação a objeto é deturpar o que esta linguagem sempre teve de bom e diferente de outras soluções. Ter como opção para algumas coisas é bem útil.
Fluxo de chamadas de funções
Na resposta original havia algo sobre isto, veja: https://pt.stackoverflow.com/revisions/108209/1
Não vejo como o problema citado seja resolvido por OOP. Na verdade acho que não só OOP, mas toda modularização ajuda a piorar o problema. Também não prego fazer "linguições" para evitar o problema citado, que é real.
É possível resolver tão bem quanto OOP sem usá-lo, mantendo uma sintaxe limpa e organizada. Se as pessoas não sabem como fazê-lo é outro problema, mas elas também não sabem pra que serve um construtor, muito usado em OOP.
Variáveis globais
Aqui também é sobre a versão original
Um problema real, mas OOP não o resolve, há problemas que precisam do estado global.
A variável global tem outro problema: ter escopo global.
Há problemas que ou você complica o design ou faz algo que no fundo usa escopo global, mesmo que disfarçado. O problema do escopo global é quando ele é desnecessário e é usado assim mesmo. Há problemas que são inerentemente globais.
Em PHP mesmo o abuso de globais causa pouco problema porque eles são efêmeros. Claro que pode causar algum, mas pode ser uma solução simples também. E vou repetir mais uma vez, pode causar problemas usando qualquer ferramenta.
Em outro contexto eu acharia as globais mais perigosas.
Não vou me alongar, mais sobre o assunto:
Exemplo prático
Baseado na resposta original do utluiz
Não gosto deste exemplo porque é comparação de uma implementação errada com uma certa. Não de um paradigma com outro. O exemplo mostra como não fazer de forma procedural e como fazer OO, é uma comparação injusta.
Mas não é culpa dele fazer isto. É difícil dar bons exemplos simples que o paradigma em si ajuda de forma clara.
Eu entendo que em OOP é mais difícil cometer este erro, mas é mais fácil cometer outros, e até piores. Note que a diferença de ser mais difícil e mais fácil é irrisória.
Exemplo sem classe e sem problemas.
$time = Timer();
gerar_relatorio();
Stop($time);
Pronto, não criou uma classe e dá tudo certo.
Tem linguagem que permitiria usar $time->Stop()
. Aí é defeito da linguagem e não do paradigma. É só sintaxe, não muda a semântica, não muda o paradigma.
Tem outro exemplo que posso fazer sem usar classe que faria algo semelhante. A sintaxe não ficará boa em PHP, novamente é um problema da linguagem.
Eu resolvo isto de forma funcional melhor que procedural ou OO, mas funcional não tá na moda, e não é bem-vindo em PHP. Em pseudocódigo:
Timer(gerar_relatorio, print) //é um exemplo, pode ser de outra forma, print é opcional
De qualquer forma, Timer
é algo da aplicação ou de biblioteca? Isto ajuda fundamentar o que eu disse no começo. Nem acho que seja o caso de Timer
que pode funcionar bem sem OOP, mas OOP é melhor aplicado à bibliotecas, gerais ou de aplicação específica.
Usar a classe Timer
pronta está programando OO ou só consumindo algo que por acaso foi feito assim?
Esse Timer
tem que ser bem escrito em procedural ou OOP, senão a comparação não é justa. Se ele precisa ter mais dados, ok, crie uma estrutura de dados para isso, mas isto não é OOP.
Possivelmente eu até usaria OOP para criar um timer flexível. Mas em PHP 99% do tempo as pessoas não estão fazendo bibliotecas, ou ERPs, ou dev tool, ou outras soluções complexas "monolíticas". PHP roda scripts!
Encapsulamento
A seção cita variáveis globais, mas não vi nenhuma no código. Não vi vazamento de memória, vi um código mal escrito. E OOP não faz as pessoas magicamente escreverem códigos bem escritos.
Uma pessoa pode saber fazer bem em OOP e mal em procedural. Isto pode ocorrer, tem gente que só aprendeu fazer de um jeito. Tem pouco material ensinando fazer procedural certo, o legado do procedural realmente não é bom.
Mas o que vejo mais (a realidade de alguns privilegiados não pode ser posta para todos) é a pessoa não saber fazer dos dois jeitos. Este site tem um bom universo estatístico para comprovarmos isto. O procedural é mais simples dela aprender.
Precisa encapsular? Ok, sou favorável sempre, ainda que nem sempre seja tão necessário quanto acham. Só encapsular não é OOP, diversos paradigmas pregam isto.
As mudanças incompatíveis citadas ocorreram porque o código foi mal escrito. Se escrever mal OOP a incompatibilidade também ocorrerá. A resposta cita que o correto encapsulamento vai resolver um problema. Vale o mesmo para o procedural, fazendo o correto não tem problema algum.
A solução é dada por fazer corretamente e não porque usou OOP ou procedural. OOP não ajuda nada neste ponto, a não ser que a pessoa esteja acostumada fazer OOP e não tenha ideia de como fazer o mesmo em procedural, aí é uma questão cultural individual.
Pra falar a verdade achei que a versão nova da resposta até tenta vender, mesmo que não seja intencional, OOP como uma solução mágica para todos os problemas. Tem um monte de regra para seguir fazendo OOP para tudo dar certo. Então aplique um monte de regra em procedural e tudo dará certo. É muito comum os proponentes justificarem que OOP não está dando certo porque as pessoas não sabem fazer certo. Procedural também.
Em uma linguagem de script o encapsulamento se dá principalmente pela contenção do código em arquivos fontes que serão carregados sob demanda e que executarão e serão descartados em seguida. Quer mais granularidade? Tem como, é só saber organizar, como também é necessário saber em OOP.
Eu sei que pode ser uma simplificação, mas parece que a resposta vende um pouco a ideia que OOP é encapsular. Pode não ser intencional, eu sei. Encapsulamento faz parte de diversos paradigmas, OOP não pode tomar propriedade para ele.
No procedural também podemos mudar a estrutura interna sem afetar os consumidores, basta fazer certo. OOP também só entrega o que promete se fizer certo.
Eu ia fazer a versão procedural do novo Timer
OOP da resposta, mas achei ele tão confuso que resolvi não arriscar :) Não entendi qual seria a intenção ali. Me parece que é OOP ruim também, mas posso estar enganado por não ter visto todo o contexto, parece que o código mistura responsabilidades.
Entidades
Acho pouco relevante como a entidade é representada. Em PHP classes no fundo são arrays associativos, ainda que a implementação difira um pouco do AA padrão da linguagem. Em diversas situações não é possível determinar se tudo o que está na classe está sendo feita de forma correta. A impressão que eu tenho é que a resposta não considera a realidade do PHP. Para fazer tudo o que ela prega PHP teria que ter uma classe de forma mais estática do que é, você não pode garantir o que não é estático.
A criação de classes pode burocratizar um pouco o desenvolvimento, o que é bom em grande parte das aplicações feitas em Java, por exemplo. Mas PHP é uma linguagem com menos cerimônia. Falo muito sobre isto em outra pergunta.
Admito que pessoas muito desorganizadas podem encontrar em OOP alguma salvação, mas ela pode se dar mal optando por isso. Vejo perguntas aqui no site onde a pessoa começou fazendo mais procedural e ela errava, passou fazer OOP e ficou muito pior. As pessoas estão sendo "obrigadas" a usar OOP, ninguém quer ficar de fora disto que todo mundo está usando.
Curiosamente em OOP hora se prega para juntar tudo, hora se prega para separar. Sim, tem que fazer os dois, mas é o que eu sempre digo, usar uma regra geral para casos específicos não dá certo. Então muito do que se diz de benefício de OOP não significa muita coisa quando vai codificar o problema real. Fica lindo na teoria e péssimo na prática. Aí quem domina a ferramenta que é complexa faz certo, quem não domina se atrapalha mais.
Novamente, tem casos onde pode haver ganhos. O problema é que é difícil dizer sem conhecer o caso específico profundamente, coisa que levaria horas, dias, nunca poderá ser respondido aqui.
Pegando o exemplo específico (da resposta original), quem garante que a validação dentro da classe será chamada por ela mesma ou externamente? Quem garante que aquela validação pode ser usada em todas situações? Quem garante que o sistema pode trabalhar bem com o objeto sempre em estado válido único? Eu poderia continuar fazendo vários questionamentos. OOP não garante nada a mais, nem quando bem feito, mas o bem feito em qualquer paradigma pode dar melhores garantias em grande parte das situações.
Adicionar campos novos é mais fácil em uma estrutura mais dinâmica do que em uma classe, ainda que em PHP a classe possa ser dinamizada.
Todos os problemas citados podem ocorrer em qualquer paradigma e nenhum ajuda fazer melhor o que foi mal feito.
OOP traz problemas novos, por isso explodiram os tais dos design patterns famosos. A maioria deles foram criados para resolver os problemas de OOP, que não existem se usar o PHP "tradicional". Aplique padrões específicos para o procedural e os problemas dele serão resolvidos.
Eu acho que se tivesse um livro canônico e popular, talvez chamado "Design Patterns para Procedural" :P e ele tivesse vindo antes de OOP, este último não teria este sucesso todo. É bem um talvez, porque o advento da GUI quase obrigou OOP existir. E aí entra onde OOP deveria ser usado mesmo, coisa longe do PHP. OOP faz mais sentido em JS que PHP.
Cuidado para não confundir paradigmas com padrões de projeto, nem com tipagem.
Muitas das vantagens e desvantagens que as pessoas veem em OOP (nem todas, claro) está mais ligado à linguagem ser estática do que ser orientada a objeto. Curiosamente OOP puro (aquele do Smalltalk) funciona melhor em linguagens dinâmicas, e não dá todas as garantias citadas. Os problemas citados não existe em C que é procedural, mas é estático.
Se PHP não ajuda garantir muita coisa é uma falácia dizer que alguma coisa será garantida se usar o paradigma. Mais uma vez, a garantia virá do uso correto de qualquer paradigma, que é muito subjetivo. Ou da tipagem estática, que é algo que a classe começou introduzir em PHP. Se ela tivesse sido chamada de struct
e não class
, aceitariam que não é OOP? Falo da classe como um container de dados, só, sem outros apetrechos. Os apetrechos fazem ser OOP.
A versão nova da resposta tem exemplos novos, mas é repetição do que eu já disse, não vou comentar especificamente.
O potencial do PHP em diferentes paradigmas
Concordo com quase tudo nesta seção, faço algumas ressalvas ou ressaltos.
PHP costuma ser usada para coisas relativamente triviais. É uma linguagem de script.
Imperativo é diferente de procedural ou funcional, que também são diferentes entre si. Não é só que um usa procedimentos e outro usa funções, bem longe disto definir estes paradigmas (não vou entrar em detalhes, quem tiver dúvida, faça perguntas específicas).
Imperativo realmente não vai desaparecer e é totalmente ortogonal com vários outros paradigmas, incluindo OOP.
Procedural também é ortogonal, mas nem tanto. A maneira de organizar um ou outro é diferente, em certo ponto específico você escolhe um ou outro, mas pode misturá-los na aplicação como um todo.
Eu vejo as pessoas realmente tendo muito problema com OOP, em todas as linguagens. OOP não é tão simples quanto vendem. É verdade que as pessoas também têm problemas com procedural, mas é porque elas não aprenderam desenvolver softwares de uma maneira geral e isto, me parece, ocorre mais em PHP que outras linguagens. Até vejo mais ainda em webdev em geral, parece haver "paraquedismo" maior nesta área.
Concordo 100% que procedural é mais fácil e como ele costuma resolver sem problema algum a maioria dos problemas que o PHP costuma trabalhar ele deve ser a opção default, pelo menos de quem não tem OOP como seu paradigma fundamental e que o domine absolutamente, o que talvez até seja um caso de martelo dourado. Tentar fazer o que não entende é pior que fazer com a "melhor ferramenta".
Me escute! Prefira um machado do que uma motosserra se não souber usar uma. Mesmo que não saiba usar o machado também, e de qualquer jeito tenha que cortar a árvore. Claro que eu prefiro que aprenda usar ambos antes de fazer isto, mas isto ninguém escuta. Uma pessoa bem treinada no machado será bem rápida e não vai machucar-se. Na motosserra ela morrerá antes de conseguir treinamento adequado. Eu falo isto e as pessoas não escutam. Vejo isto o tempo todo. E as pessoas que são bem treinadas costumam incentivar o sujeito a largar o machado e ir pra motosserra achando que elas vão autotreinar-se magicamente, afinal elas conseguiram fazer isto e acham que todo mundo consegue fazer o mesmo. Bem treinado e na árvore certa é possível beneficiar-se da motosserra. Embora o risco sempre será maior e quando erar o estrago também será. É claro que estou falando de procedural e OOP ainda. Parece que lenhadores são mais espertos que programadores, eles usam os dois.
Ultimamente tenho percebido que quem aprende OOP primeiro, e até bem, tem dificuldade de entender procedural corretamente, talvez até por ela ter uma visão do que OOP é, que, no mínimo, eu discordo.
Polêmica
No campo absolutamente pessoal então não tome isto como verdade absoluta.
Eu acho que muitos proponentes de OOP devem ter lido algum livro que vendeu OOP de forma marketeira. Esta forma coloca OOP de forma tão genérica que a sua definição serve para boa parte dos paradigmas, ou seja, ela fala sobre organizar código.
Se for isso, então eu programo OOP há mais de 30 anos em tudo que faço, antes de ter alguma linguagem mainstream suportando isto "oficialmente" e eu nunca ter ouvido falar no termo.
Mas acho que OOP é muito mais que isto, e a maioria das definições sobre OOP encontradas colocam requisitos muito maiores que os citados genericamente. Pra mim a definição genérica de OOP é essencialmente a mesma da modularização. Ou seja, ela tenta "sequestrar" algo que não é dela. Assim como músicas de qualidade questionável, como "funk", "sertanejo", e "pagode" que usam nomes de outros gêneros musicais originais e mais antigos, que tinham qualidade, para tentar se validar.
OOP não tem méritos próprios?
Dentro da especificação mais estrita eu acho OOP bem válido para vários problemas. Quando se diz que OOP é só uma forma de encapsular, de por as coisas juntas, de separar responsabilidades, fazer reuso de forma geral, de abstrair, pra mim é outro paradigma. OOP não pode pegar o que está presente em outros paradigmas, não colocar mais nada e dizer que é algo diferente. Não pode dizer que só colocar o substantivo na frente do verbo seja uma inovação que muda o paradigma. Isso é só sintaxe, dá pra fazer isto no procedural.
Ah, polimorfismo puro não dá a robustez esperada. Ele implementado de forma estática é que dá.
Em perguntas citadas aqui eu falo com mais detalhes sobre o que eu e muita gente vê em OOP.
Discorda disto? Ok. Eu sei que existem duas vertentes do que é OOP, aceito isto. Espero que quem discorda aceite isto também e não tenha a sua verdade como absoluta. Tem perguntas sobre o assunto, vá lá, discorde e fundamente o que pensa.
Conclusão
É um direito de cada um procurar o que elas acham melhor pra si, só quis colocar outra perspectiva. Em nenhum momento digo que está errado usar OOP, pelo contrário, eu o uso.
- Faça o que você domina e se sinta mais confortável.
- Comece pelo simples, e vá procurando soluções para os problemas quando for percebendo que eles surgem.
- Não resolva um problema que não existe.
- Dê uma passo de cada vez.
- Não force o uso de uma paradigma sem necessidade.
- Entenda o que está fazendo, não siga receitas.
- Não faça porque todo mundo está fazendo.
- Se questione se está tomando a decisão certa. Questione pessoas mais experientes com dúvidas específicas. Aproveite a experiência delas para acelerar a sua, mas não queime etapas.
Eu acho justo a pessoa querer evoluir, dominar novas ferramentas, entender tudo o que ela pode fazer. O que eu acho estranho é quando a pessoa decide o que é bom pra ela sem entender como usa aquilo direito, e passa ignorar outras formas que podem ser melhores. E desiste de evoluir de outro jeito que pode ser melhor pra ela.
A maior falácia que vejo sobre OOP é que isto organiza códigos. Ele ajuda! Como outras coisas ajudam. Quem sabe o que está fazendo fará bem em qualquer paradigma, quem não sabe produzirá um desastre em qualquer paradigma, mas será mais fácil produzir desastres em um que ele não domina.
Hoje vejo que a pessoa não aprende bem o procedural porque não há incentivo em aprender bem e não aprende bem OOP porque ele é mais difícil de aprender "certo".
Tem coisa que faz diferença usar um processador de alimentos ou um liquidificador. Tem coisa que dá na mesma.
Por que tem gente que prefere conscientemente usar a faca se o processador é tão bom? Por que usar lâmina de barbear se a máquina é melhor? Por que usar o telefone fixo se o celular resolve tudo? Por que usar outros paradigmas se OOP resolve o problema melhor que eles?
Fora estes frameworks complexos - e eu questiono bastante o uso deles em PHP - e alguns casos bem específicos, eu raramente vejo uso válido para OOP em PHP no nicho onde ele brilha.
Então abaixo dou um exemplo de como eu aplicaria OOP em um website comum em PHP:
:)
Coloquei no GitHub para referência futura.