Dá pra produzir informação útil aqui, mas nosso mecanismo não ajuda as pessoas entenderem que essa informação não é canônica e universal, que reflete algum viés
Antes vamos combinar sobre quem usa orientação a objetos. Não vamos falar daquele pseudo programador que não entende nada do que é OO, talvez nem de programação em geral e alguns até matemática básica e não conseguem sequer calcular porcentagem, muito menos sabem interpretar um texto ou problema, não conseguem juntar as partes do que está fazendo, buscar informações de forma estruturada, analisá-las e concluir algo por conta própria. Até porque estas pessoas provavelmente sequer lerão esta página, ou não saberão o que fazer com ela.
Infelizmente eu acho que pelo 90% das pessoas que programam caem nessa categoria, até porque ela é ampla e pega desde o sujeito que deveria ser proibido de vender cachorro-quente na esquina, até aquele que consegue entregar projetos que funcionam e em certa medida estão certos, mas ainda entendem apenas vagamente o que estão fazendo.
Não acho que tem muitas pessoas que entendem o que é OOP, provavelmente nem mesmo quem criou o termo (explico abaixo). E obviamente não estou dizendo que eu é que entendo. As pessoas que afirmam categoricamente que a definição dela é a certa devem sofrer do efeito Dunning-Kruger, que é diferente de ser assertivo quanto ao que ela acredita ser o correto.
Me desculpe se alguém se sente ofendido, minha intenção foi só colocar uma base do que ocorre no mercado para justificar porque chegamos nesse ponto, não quero ofender qualquer pessoa, e se sentiu assim, reflita se pode mudar algo porque se viu que serve para você, ou sofre da síndrome do impostor ou deveria aproveitar para evoluir e mudar de categoria. Acho que as pessoas participando ativamente aqui e quase todos que participam passivamente estão entre os não ofendidos, ou inconscientemente acham ser "impostores".
Não estou falando de ninguém específico!
Infelizmente hoje em dia temos que fazer todo esse disclaimer.
Vou dizer o que concordo e discordo da excelente resposta do Victor e na pergunta e adotar um ponto de vista diferente, até porque a pergunta é dúbia sobre quais tipos de problemas ela está falando.
foi um paradigma muito pesquisado e não acredito que tanta gente se engane em ele ser benéfico para um grande número de usos
Não foi muito pesquisado, seriamente, e o que mais acontece no mundo é as pessoas se enganarem, elas fazem isto o tempo todo, adoram se enganar, todo mundo, alguns mais que outros, em um ponto ou outro. Por que você acha que políticos são tão ruins, mas continuam detendo o poder? Por que o grosso do que consumimos tem alguma coisa ruim e ainda assim nada muda? Por que as pessoas ricas gastam fortunas em coisas que tem pouco ou nada agregado a não ser o fato de ser caro? E vou parar por aqui para não pegar pesado :)
exige tempo, estudo e experiência para aprender a modelar
Sim, para modelar, para aprender os mecanismos nem é tão complicado assim. Mas é claro que o sujeito que não quer aprender tudo direitinho não vai conseguir nada. Mas aí o problema é outro, ele também não sabe que não pode usar double
para dinheiro, não pode aceitar inputs sem validar positivamente, um CPF é uma descrição, não consegue debugar ou fazer uma pergunta na internet, enfim, o problema é mais embaixo.
objetos são uma forma natural de pensar
Sim, pra quem pensa :P Ok, falando sério agora é difícil estabelecer limites do objeto e isso nada tem a ver com o que o Victor respondeu, pensar OOP é a parte difícil.
Estou falando do OO do Java, mas todos têm complexidade na hora de elaborar o design, não? Ou um princípio de design OO não se aplica a outro determinado OO?
Java não tem uma OO, tem mecanismos de OO, mas o projeto pode ser feito seguindo algumas escolas. Java tem tipagem estática que obriga certos mecanismos funcionar de uma forma. O Victor cobre bem a maioria dos aspectos. Java usa uma série de mecanismos que nada tem a ver com OOP, e as pessoas nem percebem.
Opacidade de abstrações polimórficas
Corroboro a visão do jsbueno que parece estar havendo escrutínio da implementação da linguagem e não do paradigma da orientação a objetos. Mais especificamente, pelo menos em parte, está falando da dificuldade com a tipagem.
Lembrando que em linguagens de tipagem dinâmica as funções são naturalmente polimórficas (ainda que nem todas sejam escritas assim, em linguagem de tipagem estática também não).
Pra mim toda essa seção está falando da dificuldade imposta à tipagem estática quando usa o polimorfismo (não necessariamente OOP).
A dificuldade em usar se dá um pouco se não estiver usando um IDE. Mas não acho que o problema do OOP esteja aí, OOP justamente ajuda o IDE informar melhor a estrutura do código.
O que eu sempre falo é que as pessoas não entendem o que é OOP. Ela não tem essa dificuldade porque é comum ela nem usar isso, principalmente da forma correta. A maioria cria classes e acha que isso é OOP. Mas para o "programador de verdade" concordo que tenha essa dificuldade citada.
Acho que afeta a legibilidade do código. Tudo o que precisa de contexto para saber o que vai ocorrer é menos legível. Grifei porque é comum os proponentes de OOP defenderem a legibilidade com unhas e dentes, o que até concordo, só discordo que OOP ajuda nisso. O argumento do Victor mostra que é mais complicado saber o que é aquilo.
Alguns podem dizer que isso afeta mesmo é a inteligibilidade. Que seja. E em consequência a manutibilidade.
As pessoas que defendem OOP costumam vender a ideia que a programação fica mais fácil e isto não é verdade. Dá a impressão que você abstrai e encapsula tudo e fica tudo simples. Esconder a concretude tem suas desvantagens. Adoro abstrações, mas quando usada em excesso só coloca mais carga cognitiva e esconde pontos relevantes. Sei que algumas pessoas vão defender isso com filosofia. Adoro filosofia, mas na hora de fazer o projeto precisa ser com arroz e feijão (sei que vão entender isso errado, mas whatever).
As pessoas complicam demais o que pode e deve ser simples.
Simulando polimorfismo em uma linguagem estruturada
Com branches (if
, switch
, etc.) você faz polimorfismo, não apenas simula. Não da maneira como as pessoas costumam se referenciar ao polimorfismo, é verdade. O problema é o mesmo.
Não tem nada de errado em fazer isso, a não ser que tenha um motivo para não fazer. A manutenção pode complicar se precisar adicionar comportamentos, esta forma deixa sem coesão. Mas não é qualquer projeto ou qualquer problema específico que precisa dessa coesão toda. Coesão tem malefícios também. Não estou defendendo o uso deste mecanismo, apenas deixando claro que ele tem utilidade e não usá-lo onde deveria é tão ruim quanto usá-lo onde não deveria. Vejo muito uso equivocado porque a pessoa só vê o polimorfismo tradicional como o correto.
O uso de ponteiro para função tem até mais a ver com programação funcional.
Esses conceitos são mais concretos, o que sempre é mais fácil de entender.
OOP abstrai o mecanismo e torna mais difícil de entender o que está ocorrendo. Mesmo que a pessoa diga que não, até para ela mesma, é comum a pessoa enxergar aquilo como mágica.
Double-dispatch
Concordo e acho um dos maiores problemas do mecanismo todo. Suficiente para desqualificar o uso onde não deve.
É um exemplo abstrato demais para eu afirmar, mas é muito comum esse problema surgir quando se tenta modelar algo que não existe de fato, quando se tenta usar OOP onde não cabe, talvez um relacionamento seria mais adequado.
Muitas vezes isso passa despercebido
Minha percepção é que isto ocorre demais no uso de OOP.
Aí vem o problema que eu falo, a pessoa fica tão cega em usar OOP para tudo que ela consegue ignorar que tem meios mais fácil de resolver o problema. O modelo relacional costuma ser mais fácil para as pessoas entenderem. Sei lá porque, precisa ter um Pedagogia.SE pra gente perguntar.
Se não me engano elixir resolve isto, mas paga um preço.
Herança múltipla de implementação
Vejo isso como problema de implementação, que é mais simples em linguagens dinâmicas.
Já discuti várias vezes isso com várias pessoas, muito da reclamação sobre OOP na verdade é sobre a tipagem estática.
Tem várias maneiras de ter herança múltipla. Algumas linguagens fazem isto de forma genérica demais (C++ cof cof), outras podem restringir muito, e é raro, se existir, linguagens que tenham tudo que precisa para funcionar (classes abstratas, interfaces, traits, mixins, papeis, protocolos, delegações, extensões, atributos (não estou falando de campos), etc.).
De fato as pessoas não entendem bem o que herdar, quando juntar coisas, o que é um mecanismo e o que é regra de negócio, qual o limite do negócio daquele objeto, como ele pode ou não pode ser estendido, porque não estender o que poderia por causa de otimização, só para citar algumas coisas. As pessoas não entendem de ontologia e taxonomia. Não que isso seja irrelevante em outros paradigmas, mas em OO é bastante importante.
O projeto começa bem, com o tempo começa ser um monte de gambiarra, porque a pessoa não classificou e nomeou as coisas direito. Ah, mas tem o milagroso refactoring. Hum, me parece que essas pessoas só trabalharam em projetos pequenos e de curta duração ou que são muito estaticamente definidos. Conheço quem fala sobre essas coisas e trabalhou em dezenas de vezes mais projetos que eu em um terço do tempo que eu tenho de profissão. Sei lá se elas entendem o que é manter um projeto grande por longo prazo. Não dá tempo pra cuidar de trocentos projetos quando se tem um tão complicado. E para solucionar isso tem gente complicando os projetos ainda mais, mas se seguir a receita padrão que já fez antes, tudo se resolve e parece que a pessoa trabalha muito, produtividade medida em KLOCs.
Já vi gente tendo que mudar o sistema quase inteiro por causa disto. Isto é OOP?
O problema que vejo é que é difícil definir o que é o quê. Claro que precisa entender o mecanismo também. A questão é que se a pessoa souber bem o que está fazendo ela consegue fazer bom uso de outros paradigmas como o modular, que é mais simples e organizado.
OOP não faz as pessoas criarem bons projetos magicamente, OOP é só a ferramenta. Só porque você tem água, geladeira e uma serra não quer dizer que conseguirá fazer isto:
Herança simples de implementação
Concordo 100%, em especial a última frase do 1º parágrafo. E isto é um modelo relacional e modular e não OO.
Grande parte dos problemas que lidamos hoje foram criados porque começaram fazer herança onde não deve, e em muitos casos não deve. Infelizmente as pessoas não enxergam isso, elas não entendem quais os problemas que ela terá no futuro por ter esse acoplamento.
E adivinha porque muitas vezes não dá problema? Porque o problema era simples e/ou estático demais, e OOP não era necessário aí.
Crosscutting-concerns
É uma limitação de OOP e outros paradigmas. O funcional lida melhor com isso com suas próprias limitações, metaprogramação em suas várias formas também, assim como o modular mas menos porque ele acaba sendo um meio termo, mas ele tem um problema, ele é pior definido que OOP.
a programação orientada a aspectos não foi bem aceita porque ela tem um forte lado negativo também: faz com que o código adquira nele comportamentos que lá não estão expressos e que estão codificadas muito longe do ponto onde são executadas, sem que haja nenhuma indicação clara para tal fato
OOP também e foi muito bem aceita.
Mas é fato que ela não lida bem com a modelagem do mundo real. Por isso atualmente algumas pessoas negam que isto era o objetivo do paradigma, mesmo estando cheio de material do passado dizendo isso. Então qual é a vantagem de usar OO? Reuso? Tem quem negue também. E só dá para reusar bem se não tentar fazer objetos que cuidam de tudo.
Essa é a maior limitação do paradigma, a taxonomia precisa ser perfeita para funcionar bem, mas isso é difícil ou impossível.
#Foco em objetos e não em ações
Aí fala que as linguagens que se diziam OO se renderam ao funcional. Não são nem um coisa nem outra, apenas permitem algo nessa linha. Essencialmente essas linguagens são imperativas.
As pessoas focam nas ações e parece ser difícil entender que isto não é OO. OO é estrutura de dados.
Inextensibilidade de classes
Tem várias soluções para isto. Na verdade, creio que esta limitação não é de OOP, até onde sei OOP puro exige que as classes devam poder ser estendidas. Mas deve haver controvérsias quanto a isto.
Entretanto, o mix-in ainda tem uma desvantagem, que é a de ser um comportamento atribuído a um objeto que não aparece no código da classe correspondente a esse objeto, estando localizado fora da classe onde é aplicado (e possivelmente em algum lugar bem longe dela e bem difícil de ser determinado).
Essa é uma crítica que faço, proponentes de OOP tendem destruir a coesão querendo colocar tudo junto o que é separado. O procedural/modular/funcional tende a permitir essas composições de forma muito mais simples, facilitando muito a manutenção e simplificando a criação. O erro te cobra bem menos quando é tudo mais granular.
Em linguagens dinâmicas isso costuma ser muito mais simples, mesmo em OOP.
Ali foi apresentado uma limitação do Java. Embora a solução existente em outras linguagens também não seja bem orientado a objeto.
Injeção de dependências
Concordo. E esta complicação é algo que a maioria não entende direito, e não sabem quando parar de fazer isto. É muito comum violarem o KISS e o YAGNI para ser "OOP".
Ali tem algumas perguntas que são muito difíceis de serem respondidas. Na verdade quase tudo, quando está modelando objetos é difícil. O pior é que as pessoas aprendem que as respostas para isto são receitas erradas. Ensinam em exemplos abstratos ruins e as pessoas não conseguem aplicar no contexto real de forma adequada.
Muitas vezes dizem fazer DI para facilitar o teste. Aí você vai ver os testes e são um amontoado de engenharia ruim, testando o óbvio e deixando de lado o que importa porque a pessoa não entende as dificuldades que ela terá com aquele objeto. Por isso o TDD não funciona. E o teste de unidade feito depois só resolve regressões... se o projeto se mantiver firme na sua filosofia inicial de qualidade, o que é raro em projetos longos que não são produtos para outros desenvolvedores usarem (mesmo estes nem sempre é assim).
Maior complexidade que outros paradigmas
Concordo com tudo antes dos bullets. Pena que as pessoas não entendem que OOP é modelar.
Poucas pessoas chegam no nível de usar OOP bem, e muitas acham que chegaram (não estou falando dos aloprados). Eu não cheguei depois de 30 anos fazendo isto porque eu não faço o mesmo projeto todas as vezes. De novo, aprende fazer melhor quem errou em vários projetos. Quem fez vários projetos, devido ao seu tamanho, provavelmente trabalhou em coisas que OOP não era tão útil assim. Tem exceções.
Fazer um formulário usando as classes da sua GUI não é programar orientado a objeto, é usar o que foi programado orientado a objeto. O mesmo pra MVC e outros frameworks. E sim, a maior utilidade de OOP é para construir frameworks. Minha experiência em sistemas de negócios é que quase sempre ele tem menos utilidade do que as pessoas imaginam.
Já procuram estudos que indiquem que OOP tem essas qualidades que propalam e não acharam. Isto não prova nada, a não ser que não tem provas que OOP é tão melhor assim. É tudo percepção. A minha é essa que acabei de dizer acima.
Feito errado, e isso inclui usar OOP onde não deve, não entrega valor.
Tem quem complica o código só para não quebrar a regra que diz que switch
é coisa do capeta.
Vou esperar pra ver se o Victor me diz o que tem de errado em PessoaJuridica extends Pessoa
. Acho normal, quase toda herança deveria ser em cima de classe abstrata, interface ou algo assim, aí serve só como taxonomia e/ou reuso. Eu acho estranho o Cliente extends PessoaJuridica
que detona a coesão.
De fato OOP "puro" não gosta de primitivos. Por isso acho OOP ruim, é coisa de acadêmico e não de engenheiro que usa o que é mais adequado para o problema.
Em OOP o que mais vejo é o uso do copycat.
O fato é que OOP é ensinado tudo errado, e já ficou quase impossível ensinar certo, até porque "ninguém" concorda com o que é OOP. Aí diminui ainda mais a utilidade dela dificultando até a comunicação. E o maior erro é ensinar que OOP resolve tudo muito bem e ignorar outros paradigmas.
Complexidade extra na representação de conceitos abstratos
Aí parece ser mais um crítica à abstração. É um problema quando diz que só pode fazer de forma abstrata. Modelar coisas que mudam é complicado. Não complicar o que pode ser facilmente mudado é mais complicado de enxergar, aí a pessoa vai no default e complica tudo.
Note que todos os produtos usados por nós devs usa OOP até certo ponto e vai no concreto onde é melhor.
Claro que todo mundo pode ter a opinião que isto não seja uma crítica válida, eu a valido, até o dia que me provarem que não é válida.
Programação orientada a objetos tem desempenho inferior
O problema não é o mecanismo, é o modelo. Se exagerar começa ter problemas sim. Se precisa do máximo de performance é outra coisa. O funcional tem problemas também. Quando a performance importa, outros paradigmas podem ser mais úteis. Metaprogramação pode ajudar na abstração sem custo. É comum OOP acabar escondendo complexidades que só se mostram lentas tarde demais. Claro, é erro de projeto, mas OOP ajuda ter isso.
The problem with object-oriented languages is they’ve got all this implicit environment that they carry around with them. You wanted a banana but what you got was a gorilla holding the banana and the entire jungle.
-- Joe Armstrong
Excesso de especificação sem tipos genéricos
Curioso que uma boa modelagem OOP é fazer uso de genericidade e não OOP. É um problema de OOP em tipagem estática. E OOP (nem todas definições) prega a herança e não a genericidade.
Falta de uma definição canônica do que é orientado a objetos
Se cada um entende de um jeito é um paradigma complicado de seguir. É complicado as pessoas se entenderem nos projetos, primeiro tem que aprender qual é o OOP do time, e hoje o time pode ser o mundo.
Se as pessoas sequer sabem o que é OOP fica difícil usar e evoluir no paradigma. Cada hora você é influenciado por uma coisa diferente, não sabe se aquilo que está sendo ensinado se aplica ao subproduto que você está usando. Isto é um dos maiores problemas do paradigma. Boa parte dos erros cometidos nele é por causa disto.
Os pilares descritos é o que eu acho, mas o criador do termo acha que não, se bem que ele mesmo já disse (ou quase isso :) ) que deveria ter chamado aquilo de orientação à mensagens ou orientado a servidor e diz que escolheu o termo equivocadamente.
Tenho me questionado sobre o que é encapsulamento e abstração, tenho a impressão que sempre entendi errado, e muita gente também, por isso ensinam errado e todo mundo aprende errado. Publico algo o dia que eu estiver mais certo (comecei fazer).
Algumas pessoas dizem quase o oposto dessas coisas, então é um problema. É complicado saber se está fazendo certo se tem quem mande pôr tudo na classe, e quem manda cada classe fazer só uma coisa.
O Victor contestou em comentários na resposta dele que herança seja algo inerente a OO. Eu vivo fazendo essas coisas, é complicado lidar com algo mal definido.
Se tiver só um dos três pilares, é OOP? Tem quem diga que sim e diz que é encapsulamento, e acho que pode ser, se considerar que isto é apenas juntar tudo na classe. O único que é exclusivo de OOP é a herança.
Curiosamente tem linguagem de tipagem dinâmica que tem herança de subtipo, não vou citar nomes, mas começa e termina com P :P :D
Modelo anêmico
É um modelo modular que facilita muito a manutenção. Há pessoas que não têm problema com amontoar tudo em uma classe, ou não enxergam como um problema, mesmo sendo, ou fazem sistemas relativamente estáticos, como já disse mais acima.
Pouco importa se é anêmico ou não, a responsabilidade única importa. Em outros paradigmas é mais fácil ter isso, alguns são automáticos. Acertar o "tamanho" da classe é muito difícil. E vale tudo o que disse ao longo do texto.
100% OOP incentiva violar o DRY, e há um movimento forte em relação a isto ultimamente. As pessoas estão ficando malucas :)
Coesão não é sobre juntar tudo, é sobre juntar o que precisa ficar junto. Sequer se fala em classes. Ser coeso é importante, ser encapsulado ao extremo não.
Coesão depende de contexto. Como modelar isso em OO? Simples, fazendo modular/funcional ou até procedural. Muita pessoas fazem, mas acham que estão fazendo OO (lembre-se, não estou falando dos noobs).
Como sequer se sabe a definição do que é OOP, não se sabe os detalhes do que é coeso pra OOP. O que eu sei é que coesão é fundamental, e isto existe em computação há mais de 50 anos, antes de OOP e antes do termo engenharia de software existir. Estou falando do termo usando na nossa área, em outras é secular, ou milenar, sei lá, pergunta pro ptlang.SE.
Espalhar as coisas sem critério e juntar tudo sem critério são igualmente ruins.
Dificuldade de se escrever um compilador
É, isso não importa.
Só é bom deixar claro que linguagens mais modernas (Rust, Go, Erlang, etc.) não estão adotando OOP explicitamente, não a incentivam, e as mais antigas estão se afastando um pouco do paradigma, ainda que neguem. Isto vale pra Java, C# e principalmente C++. As linguagens que apostaram tudo no paradigma não tiveram sucesso. Alias o Alan Kay considera Lisp é a melhor linguagem que existe e ela não é OOP, ela não tem nada do que as pessoas falam sobre OOP :)
Outros problemas
Tem problemas com concorrência. Não tem espaço para detalhar.
O maior problema é a dificuldade em modelar, não é tanto OOP. É que OOP exige fazer certo. Quando perguntado sobre aprender OOP para o Alan Kay, ele respondeu com um livro que não ensina programação. Sempre falo, o problema é que as pessoas não conseguem classificar as coisas, e isso é fundamental em OOP. Então ela agrupa coisas distintas. E lidamos com problemas que não conhecemos, ou estamos repetindo o que já fizemos antes, o que não é uma tarefa muito nobre.
Só não gosto tanto da indicação do livro porque quase nada que programamos funciona como biologia. Passa a ideia errada. Daí vem um monte de exemplo ruim de como modelar OO.
Se as pessoas são ruins em ontologia, algo que obriga elas serem boas nisso é um convite para o desastre.
Só é fácil entender um código escrito bem OO se foi você que escreveu ou está em um idioma muito bem dominado pelo time.
OO inibe a criatividade, porque tem que seguir certos padrões para tudo dar certo. OO dá mais certo para fazer coisas recorrentes. Nem vou falar de DDD que é OO na pior forma (a ideia do DDD é boa, a implementação adotada é uma das coisas mais terríveis que já vi na computação).
SOLID é um caso interessante. Ele é ou não é OOP? Se você seguir tudo direitinho estará fazendo programação modular/funcional e nada do que tem nele é exclusivo de OOP, na verdade algumas coisas de OOP não estão no SOLID. A impressão que tenho que ele se opõe a OO. Se isto for verdade, e é claro que acho que é, seria mais um caso que precisa sair da pureza do paradigma para conseguir o que quer. E é preciso saber tudo isto.
The difference between people who like OOP languages and these people
are that these people are pioneers who are actually solving huge
problems in computing; whereas the designers, supporters, and
implementers of OOP languages waste all their efforts on aesthetics or
trying to prevent a strawman idiot from doing idiotic things.
-- Joe Armstrong
O item 4 da última objeção é o mais importante.
Se você pesquisar por OOP, OOD ou palavra que indica a mesma coisa junto com flaw, sucks, evil, bad, problem, misuse, e coisas parecidas vai encontrar um monte de coisa, a maioria faz sentido.
Conclusão
Acho que há muita avaliação de implementações, de linguagens e não do paradigma na resposta do Victor. Aparentemente a resposta indica que não importa ser OOP, importa é uma linguagem que se diz OOP poder fazer tudo mesmo através de outros paradigmas. Posso ter entendido errado. Mas é fato que isto indica que OOP puro não dá certo.
OOP não resolve todos os problemas e adiciona novos. Na sua forma pura exige fazer coisas bem pouco pragmáticas e códigos ineficientes. Exige coisas que a maioria das pessoas não estão qualificadas para fazer e feito errado ele causa mais problemas. Quem criou o termo também acha que os problemas são complexos demais e precisa de um entendimento que as pessoas não têm, e eles não podem ser resolvidos de forma isolada como as pessoas querem. Eu entendo que ele sabe que OOP não é tudo isto, o problema são as pessoas que acham que é.
Há dois grupos de pessoas: as que estão se distanciando* de OOP (ou já ficaram distantes) mesmo que nem percebam isso, e as que estão se enfiando no buraco do paradigma cada vez mais. A boa notícia é que se tiver este tipo de atitude a maioria dos problemas que cuidamos não causa muita dificuldade hoje em dia, até porque os problemas são pequenos e estáticos demais para causar.
*Distanciar não é abandonar, é usar onde precisa.
É o maior problema que temos na nossa área, e vem piorando: algo muito bom é criado e serve para 1% dos problemas, quem sabe 10%, mas as pessoas querem usar para 100% deles.
Frases de excelentes programadores (quase todos) que fazem ou fizeram coisas importantes, batendo em OOP, pelo menos na forma como as pessoas usam. Parecem frases vazias, mas se procurar vai achar o contexto onde foram ditas e quase todas tem argumentos concretos por trás da frase.
Leia os comentários da pergunta, o AP achou mais coisas interessantes.
Eu gosto do GRASP, não tudo, mas a ideia básica, porque se fizer tudo aquilo foge da ideia central de OO. Pelo menos é apenas uma linha guia e que diz que você deve fazer o que precisa ser feito para atingir uma meta geral. Não quer dizer muita coisa, mas é melhor que ter "regrinha" que precisa seguir puramente porque senão você é um bocó.
Se seguir todas as regras que inventaram e continuam inventando (OO tem regras novas quase todo dia :) ) pode dar certo. Se seguir uma série de regras em outros paradigmas também tem grande chance de dar certo, muitas vezes mais, só que essas regras não foram disseminadas, talvez porque foram criadas antes da computação "explodir".
Como nota curiosa é ver a ironia do Rob Pike, o criador do UTF-8 e esta parte é importante nesta frase, dizendo que OO é o mesmo que números romanos.
Object-oriented programming is popular in big companies, because it suits the way they write software. At big companies, software tends to be written by large (and frequently changing) teams of mediocre programmers.
-- Paul Graham (o texto todo é interessante)
It is not OOP that is broken — we just haven’t figured out (after over
40 years) how best to develop with it
--Oscar Nierstrasz
Coloquei no GitHub para referência futura.
Mas foi um paradigma muito pesquisado e não acredito que tanta gente se engane em ele ser benéfico para um grande número de usos.
. As pessoas vivem usando coisas de forma enganada (o ser humano adora se enganar, ele faz isso o tempo todo, essencialmente todo mundo). Ele é útil algum número de casos. E ele não foi tão estudado assim, e onde foi muitas vezes mostra que ele não é essa maravilha toda. Se fosse bem estudado as pessoas concordariam na definição dele. Nem isso sabem. Então de qual OO está falando? :)