Você tem razão, a maioria das pessoas seguem estas "recomendações" porque viram em algum lugar e elas que estão "ensinando" outras pessoas também não sabem porque fazem isto. Algumas acham que sabem.
De fato, as respostas dadas no link acima do rray mostra bem que getter e setter por si só não podem ser considerados encapsulamento. Só porque deixou um campo (e não atributo) privado não quer dizer que está encapsulando algo, principalmente quando coloca um getter e setter direto para ele sem pensar no que está fazendo.
Cada vez mais estou convencido que getter/setter e outros métodos que servem de anteparo para acessar o real estado é abstração e não encapsulamento. Ok, sei que não será bem aceito porque a definição que é usual no nosso meio diz que esse mecanismo é o encapsulamento. Então não espero que as pessoas mudem sua visão e não vou insistir nisso. Me parece que encapsulamento é deixar tudo o que é necessário ao objeto no próprio objeto. Se alguém perguntar mais sobre, eu posso dar uma resposta.
De que adianta ter um campo privado e um par de métodos que acessa normalmente o campo da mesma forma que ele seria acessado direto? Como isso pode ser encapsulamento? Acho que pode ser abstração, porque a abstração pressupõe que o mecanismo interno concreto não importa.
Encapsulamento tem a ver com o fato de que o comportamento para mudar o estado do objeto está junto do próprio objeto. Então haverá um método que fará a mudança ou acesso ao valor do campo. Mas nada diz que deve ser getter ou setter. E pra mim isso viola a abstração maior do objeto porque é apenas um anteparo para o detalhe de implementação, ajuda, mas não resolve por completo o problema de mater o conceito do objeto genérico, você não está expondo o detalhe de implementação, mas está expondo como é esse detalhe, o que dá quase na mesma.
Mas pode ser também. Se o único comportamento para acessar/mudar o campo é diretamente relacionado ao estado de forma pura e simples, tudo bem. O importante para o encapsulamento é que o comportamento que permita o acesso/mutação do campo esteja no mesmo objeto.
Há uma corrente que prega que nunca deveria ter métodos setters e talvez nem getters. Essas pessoas dizem, e até dou razão, que deveria ter métodos que mandam fazer certas ações que vão manipular o estado de alguma forma, mas que não seja algo tão direto.
Discordo um pouco porque há muitos casos que a única coisa que você deve fazer com o campo é mudar seu valor, e em grande parte das vezes para pegar algum dado é só pegar o valor do campo.
Claro, o pessoal abusa, até por não entender como aplicar essa técnica corretamente. Quando uma classe está cheia de getters e principalmente setters realmente deve ter algo errado. Aí prefiro um modelo anêmico simples.
Para exemplificar usando o motivador do max nos comentários acima: você não deve ter um getSaldo()
e setSaldo()
, deve ter um Depositar()
e Sacar()
, entre outros métodos que podem mudar o saldo. Talvez um getSaldo()
faça sentido, mas uma simples mudança de nome de método pode dar uma outra impressão, algo como ObtemSaldo()
ou PedeSaldo()
. Precisa entender o que é operação para dar bons nomes, uma das coisas que eu gosto em DDD :).
Note que o método Sacar()
faz muito mais que apenas mexer no saldo, ele não é um simples setter, além da obviedade que ele não muda o saldo de forma direta, ele fará uma subtração.
Eu fiz um exemplo em Qual a relação entre encapsulamento e polimorfismo?. Acho que ele serve como o exemplo pedido.
Se você usa um construtor adequadamente então tem uma necessidade bem baixa de usar setters. A validação ali pode ser considerada como um encapsulamento conforme disse o Piovezan em sua resposta, afinal ela está junto do seu objeto.
Pra mim o maior erro do uso desses mecanismos é ser só um anteparo para o campo como é quase todos getters e setters que eu vejo sendo usados.
Muitas vezes o adequado para pegar informação é pegar um conjunto e não apenas um campo só, aí também entraria a mesma ideia que o método não deve só retornar o estado de um campo. Claro, para fazer isso provavelmente criará uma complicação porque talvez tenha que criar uma classe só para suportar o conjunto de campos que retornará em determinada situação.
Ainda seguindo a resposta do Piovezan, mesmo que ele tenha usado o termo getXXX()
em algum método, não sei se todos podem ser considerados como getters. Se ele retorna um subconjunto de uma coleção de dados, será que isso por si só já não é um método com um significado especial? Chamar algo de getter significa que ele não tem função alguma além de dar um valor, não tem semântica específica, ele passa ser parte do mecanismo do objeto e não do seu significado.
Note que algumas linguagens oferecem melhores mecanismos para trabalhar com essas coisas, como propriedades e tuplas.
Eu sei que isso é algo complicado de explicar, abstrações são pouco entendidas pelos humanos. Imagine criar abstrações certas, por isso falo que OOP é muito difícil. Preciso achar um jeito de melhor explicar sobre mecanismo e semântica.
Coloquei no GitHub para referência futura.