Na verdade a pergunta que estou querendo fazer é exatamente essa: Como identificar classes em um sistema orientado a objetos?. Porém gostaria de pedir duas complementações à resposta aceita dela.
Ela parece descrever o chamado OOA&D (Object-Oriented Analysis and Design) ou Análise e Projeto Orientados a Objeto. Não sei se esta é uma solicitação adequada ao formato do SO, mas eu gostaria de pedir uma referência canônica a respeito do assunto, e aceitando material complementar ao canônico (se possível indicando por que eu deveria preferir um material em relação a outro). Se fizer diferença, tenho maior experiência com Java. Atualmente estou em dúvida entre as seguintes referências:
- Applying UML and Patterns (Craig Larman) - livro-texto adotado pela minha universidade após eu me formar; parece não entrar muito em detalhes no que diz respeito a encontrar as abstrações corretas, mas em seu texto o autor recomenda o Responsibility-Driven Design que é descrito no livro abaixo;
- Object Design: Roles, Responsibilities, and Collaborations (Rebecca Wirfs-Brock, Alan McKean) - a autora é referência em OO; o livro introduz o RDD, que parece ser preciso sobre como escolher as abstrações corretas na hora de modelar as classes;
- Object-Oriented Software Construction (Bertrand Meyer) - o autor é referência em OO, mas a última edição não é muito recente;
- Object-Oriented Analysis and Design with Applications (Grady Booch et al.) - interessante porque compara abordagens clássicas e modernas para Análise Orientada a Objeto e dedica o capítulo 4 a "encontrar as abstrações corretas";
- Head First Object-Oriented Analysis & Design (Brett D. McLaughlin et al) - nenhuma recomendação especial, só gosto do estilo da série Head First.
Uma pergunta mais específica a respeito da modelagem das classes. Confesso que apesar de achar que "programava OO" há muitos anos, pelo fato de ter estudado minha disciplina de POO, aprendido minha cota de design patterns, lido sobre SOLID, conhecer coesão/acoplamento, favorecer composição a herança e tudo mais, na verdade tinha muita liberdade com minhas classes e não entendia realmente a filosofia original por trás da orientação a objeto. Se entendesse, saberia há tempos o motivo de fazerem sentido certas "rules of thumb" como Tell Don't Ask (que em sua forma mais amena adverte contra o vazamento de lógica de negócio para fora do objeto por meio de getters desnecessários) ou the er-er Principle, ou ainda a postagem Dance You Imps do Robert Martin. Objetos vão além de juntar estado e comportamento à revelia da nossa intuição e experiência individual; eles seriam mais como "mini-máquinas" que fornecem uma API de comandos para seus clientes (seus métodos públicos, que via de regra devem ser mais de um; caso contrário provavelmente é uma procedure disfarçada de objeto), deixam transparecer um mínimo de estado (isso é encapsulamento; não tem nada a ver com simplesmente criar getters para variáveis privadas) e se autogerenciam. Você não cria classes à sua revelia; você acha as classes que são mais apropriadas, muitas vezes tendo que descartar as escolhas inicialmente mais óbvias. Para mim esses conceitos não são nada intuitivos e acredito que haja material a respeito de como projetar classes corretamente seja nos livros acima ou em algum outro lugar, por isso a pergunta-título: "Como encontrar as abstrações corretas?", que deve levar em conta essa correta filosofia de orientação a objeto. Na verdade gostaria de quebrar essa pergunta em duas partes: uma voltada para o longo prazo, na qual as respostas indicam leitura sobre o assunto; e uma para o curto prazo, visto que estou iniciando a codificação de um projeto novo, com regras de negócio, arquitetura, modelagem de banco e serviços individuais já especificados e desde que constatei essa deficiência estou me sentindo inseguro a respeito de como projetar as classes dentro desses serviços. Visto que a filosofia correta não é intuitiva para tantos programadores (é o que dizem os entendidos do assunto, e o que atesta o desconhecimento amplo desse material canônico que o @Maniero falou, e vide também a errônea analogia de que os objetos devem refletir precisamente o mundo real [1] [2]), e visto que criar o seu diagrama de classes por intuição em vez de achar o mais apropriado também é incorreto, encontrar as abstrações certas parece um bocado mais difícil do que antes.