Isso tem muito pouco a ver com orientação a objetos, e muito mais a ver com tkinter.
Eu mesmo acho muito ruim o design de herdade as classes da aplicação de classes do tkinter. Desde o começo da década de 90, em programação em C++ para Windows, e, infelizmente, toda a documentação do tkinter faz como nesse seu exemplo: herda a parte principal do aplicativo do componente de janela do framework (no caso, a classe SeaofBTCapp herdando de tkinter.Tk).
Não se ganha quase nada com isso, a não ser que alguém deve ter achado bonitinho lá atrás, na programação de Windows. Mas o seu programa não tem muito a ver com uma janela para SER uma janela, o que essa herança implica. É muito mais simples se ele tiver uma janela. Daí ele faz as contas e transações de rede e arquivo que tem que fazer, e quando for interagir com o usuário, aí sim, usa os métodos da janela.
No "mundo real" alguém acordou para isso faz uns 10 anos, e escreveram alguns bons artigos - um debate de "composição vs herança". Isso é: seu programa pode ser uma classe que tem vários atributos, entre eles uma janela (composição) ou ser uma janela (herança). Infelizmente, embora seja quase consensual que composição é melhor em termos de manutenção do programa, esse esclarecimento não se deu nas documentações e exemplos existentes.
Entrando especificamente na sua dúvida: no tkinter, o primeiro parâmetro de cada componente sempre é o seu "pai" - no caso de uma única janela, em geral essa janela. Agora, por conta da escolha de design, a janela principal do programa é o próprio programa. Ou seja, o "self".
Então a classe que poderia apenas se preocupar com a lógica de entradas e saídas e transações de troca de moeda, o que já é complicado o suficiente, tem que se preocupar também em acomodar todos os métodos e atributos para gerenciar uma aplicação tkinter - que são da ordem de 250 items.
Você pode ter um programa funcionando exatamente do mesmo jeito se não herdade de nada sua classe, e criar um atributo self.window = tkinter.Tk()
- pronto, os 262 atributos necessários para gerenciar a aplicação em janela ficam isolados em self.window - e você fica livre para ter atributos tais como self.wallet_number, self.balance, self.last_quotation para a lógica da sua aplicação.
Orientação a objetos é muito legal, mas quando é entendida organicamente. O uso errado desse estilo de aplicações por herança de janelas, apenas força um uso não natural que complica e mistura conceitos, dái a coisa estar tão confusa para você.
OOP até permtie que você crie uma classe que não se preocupe nada com a interface - só com a lógica da aplicação mesmo - e aí uma subclasse que herde tudo o que essa faz, e crie atributos adicionais para serem a janela, as entradas de texto, e os botões do seu programa.
Vamos pensar numa aplicação duas ordens de grandeza mais simples - em vez de querer partir de uma carteira de bitcoin, sem entender direito de como funciona uma carteira, sem entender direito como funciona o tkinter, e sem entender direito como funciona orientação a objetos (é - parece que você estava num mato sem cachorro) - uma agenda simples, que só tenha telefone, e-mail e nome de pessoas.
Em Python, podemos usar uma classe Pessoa para ter os dados de nome, endereco e telefone. Daí cada pessoa que estiver na memoria do programa vai ser uma "instancia" da classe, ou um "objeto":
class Pessoa:
def __init__(self, nome="", email="", telefone=""):
self.nome = nome
self.email = email
self.telefone = telefone
Pronto. Em Python, temos as listas. Nossa aplicação simples pode manter os dados de várias pessoas numa lista. E ter uma classe para a aplicação em tkinter. A aplicação pode ter: um espaço para o nome, um para o e-mail, um para o telefone, um botão para "próximo" um botão para "anterior" e um botoão para "novo". Não vamos ter várias instâncias da aplição, mesmo criando uma classe pra ela - a vantagem aí é que vários métodos ligados a classe podem compartilhar dados: por exemplo, todos podem ter acesso a lista de nomes.
import tkinter
class Person:
def init(self, name="", email="", phone=""):
self.name = name
self.email = email
self.phone = phone
def create_entry(root, label):
frame = tkinter.Frame(root)
label = tkinter.Label(frame, text=label + ":")
variable = tkinter.Variable()
entry = tkinter.Entry(frame, textvariable=variable)
label.pack()
entry.pack()
frame.pack()
return variable
class App:
def __init__(self):
self.window = tkinter.Tk()
self.name_var = create_entry(self.window, "Nome")
self.email_var = create_entry(self.window, "Email")
self.phone_var = create_entry(self.window, "Telefone")
self.data = [Person()]
button_frame = tkinter.Frame(self.window)
button_frame.pack()
button_prev = tkinter.Button(self.window, text="<", command=self.previous)
button_new = tkinter.Button(self.window, text="+", command=self.new)
button_next = tkinter.Button(self.window, text=">", command=self.next)
button_prev.pack(side="left"); button_new.pack(side="left"); button_next.pack(side="left")
self.index = 0
def save_person_data(self):
person = self.data[self.index]
person.name = self.name_var.get()
person.email = self.email_var.get()
person.phone = self.phone_var.get()
def display_person_data(self):
person = self.data[self.index]
self.name_var.set(person.name)
self.email_var.set(person.email)
self.phone_var.set(person.phone)
def next(self):
self.save_person_data()
self.index += 1
if self.index >= len(self.data):
self.index = 0
self.display_person_data()
def previous(self):
self.save_person_data()
self.index -= 1
if self.index < 0:
self.index = len(self.data) - 1
self.display_person_data()
def new(self):
self.save_person_data()
self.data.append(Person())
self.index = len(self.data) - 1
self.display_person_data()
app = App()
tkinter.mainloop()
Pronto - essa é uma aplicação minima que deve ser mais compreensivel. A classe da aplicação tem uma janela, e tem as variáveis para setar e ler o conteúdo das entradas de texto.
Se colocassemos mais dois métodos e os botões respectivos - para salvar e carregar os dados do disco, já poderia funcionar como uma mini agenda.
E fica fácil ver que em todos os métodos de uma classe, o "self" sempre é o próprio objeto, e "self.algo" é o atributo correspondente - com a classe pequena temos controle sobre todos os métodos e atributos da mesma e isso fica mais perceptível.