Pela minha intuição inicial eu não veria problemas, de fato o que ele recebe é isto, não tem sobrecargas para cada tipo. Em segundo momento considero inadequado porque poderia ter qualquer coisa e precisa bater com a formatação usada.
Porém a filosofia de programar em C é que o programador sempre sabe o que está fazendo e se tem algum ponto específico a ser observado está sempre documentado e quem vai consumir não vai ignorar a documentação. É diferente de outras linguagens que sabem que o programador vai ignorar a documentação e se deixar fazer errado ele poderá fazer. C precisa dar flexibilidade e não pode fazer muitas restrições, o programador precisa saber se funcionou por coincidência ou não.
Então minha intuição é que está certo se você fizer certo, se os dois parâmetros são compatíveis e tudo for feito entendendo bem o funcionamento da função. É o preço que se paga para ter a flexibilidade. Não querendo pagar essa carga cognitiva necessária, use outra coisa ou outra linguagem.
Como eu não domino C em todos seus detalhes, nunca pensei especificamente sobre o assunto e achei bem curioso, fui pesquisar. E alguém já perguntou sobre isso tendo resposta de quem provavelmente sabe o que está dizendo.
O Lundin explica o que eu pensei que fosse, mas sem saber bem o porquê:
Os ponteiros vazios são compatíveis com todos os outros tipos de ponteiro de objeto e, conforme mencionado em outra resposta (N.T. veja abaixo), 7.21.6/10 fala do tipo do objeto apontado, não do tipo do ponteiro. Isso é consistente com as regras de aliasing de tipo/ponteiro efetivo (6.5/6), que também devem ser aplicadas, pois o ponteiro passado não aponta necessariamente para um pedaço de memória com um objeto de um tipo declarado (poderia também ser um ponteiro void retornado de malloc
). scanf
deve ser considerado como um acesso "lvalue" seguindo as regras do tipo efetivo. Exemplos:
float f;
scanf("%d", &f); // comportamento indefinido, 7.21.6/10 e 6.5/7
void* v = &f;
scanf("%f", v); // comportamento bem definido, objeto f tem tipo float declarado e efetivo
void* p = malloc(n); // localização apontada por p não tem tipo declarado
scanf("%d", p); // bem definido, *p agora deve ser considerado como tipo efetivo int
Para scanf
fazer algum sentido, ele terá que converter internamente o ponteiro passado para um ponteiro para o tipo do especificador de conversão especificado. Qualquer informação de tipo que os ponteiros passados possam ter é perdida através da passagem do parâmetro varadic function/va_list
de qualquer maneira.
Notavelmente, há muitos cenários em que o scanf
pode dar errado, portanto, deve ser usado principalmente para fins de depuração - não é uma função recomendada para ser usada em nenhuma versão profissional. Se o seu programa, por algum motivo, precisar usar a entrada do console, use fgets
o máximo possível.
Resposta do f~~:
Da seção 7.21.6.2 desta minuta:
[O] resultado da conversão é colocado no objeto apontado pelo primeiro
argumento após o argumento de format
que ainda não recebeu um
resultado de conversão. Se este objeto não tiver um tipo apropriado,
ou se o resultado da conversão não puder ser representado no objeto, o
comportamento é indefinido.
Portanto, de acordo com a especificação, é o tipo do objeto, não o ponteiro para o objeto, que deve corresponder ao especificador de formato. Um compilador que não interpreta o código citado para ter o comportamento que você viu neste ponto não seria compatível com as especificações.
Conclusão
Como eu já disse em outras respostas, mas talvez não em todas, como deveria, scanf()
sempre foi uma função para depuração e exercício, todo programador C sabe disso. Os estudantes precisam saber disso. Boa parte das funções em C são assim.
Em C o que importa é entender todo o comportamento, tudo o que pode acontecer e usar de forma que dê o resultado esperado. E essas respostas ajudam nisso.
void *
é usado como o object
ou any
ou variant
ou até dynamic
de algumas linguagens, ou é só o único tipo que outras possuem (as de tipagem dinâmica normalmente). O uso dele é a escolha de cuidar da tipagem sem (muita) ajuda do compilador, é andar de bicicleta sem as mãos. Tem caso que isso é útil ou necessário, e traz sua responsabilidade. Se você cumprir corretamente pode usar que está certo.
Se fosse outra linguagem, a função read()
poderia ser criticada por deixar fazer algo "perigoso", mas em C nem tanto, menos ainda pelo propósito da pergunta.