A resposta foi elaborada sem focar muito nos pilares da programação reactiva, deixei uma secção dedicada para explicar como cada um dos pilares se mapeia a cada um dos pontos da minha resposta
Definição de reativo
Antes de explicar o que é programação reativa creio que vale a pena explicar qual é o significado de reativo na infopedia
Que reage.
Ou seja, algo que acontece em consequência de um acontecimento/evento anterior
Programação reativa
Se o conceito de programação reativa existe, então também existe o conceito de programação não reativa. Vou demonstrar os dois com o seguinte código:
//Programção não reativa
console.log(prompt('Introduza um texto'));
//programação reactiva
function userInput(msg, action){
action(prompt(msg));
}
userInput('Introduza um texto', console.log);
Existe um diferença subtil nos excertos de código. O primeiro pode ser descrito da seguinte forma:
Abre uma janela para o utilizador introduzir texto O utilizador
introduz texto O texto que o utilizador introduziu é escrito na consola
Enquanto o segundo pode ser descrito da seguinte forma
Quando o utilizador escrever o texto na janela, escreva o texto na consola
Com este exemplo você chega á conclusão que sempre que usa callbacks você está a programar reativamente.
Você não tem mais uma linha de fluxo de instruções continua no seu código. Em vez disso você vai usar e abusar dos callbacks para estabelecer o que acontece quando determinada operação for concluída.
Programação reativa com eventos
Se alguma vez já trabalhou com user interface então é quase certo que você já tenha usado programação reativa.
Por exemplo, quando você adiciona um handler para um evento de um botão você está a estipular o que acontece quando o utilizador clica no botão.
Este é um exemplo particular do uso de callbacks discutido anteriormente.
Aliás esta prática é tão conhecida que existe um paradigma próprio para esta forma de programar. Ela é conhecida como Programação orientada a eventos
Programação reativa e operações de longa duração
Outro sitio onde é comum ver o uso de programação reativa é em operações de longa duração, especialmente se estas tiverem um interface assíncrona. Um dos mais conhecidos entre programadores são os pedidos AJAX.
Deixo aqui um exemplo semelhante a uma das perguntas referidas.
var now = performance.now();
var request = new XMLHttpRequest();
request.onreadystatechange = function A() {
if (request.readyState == 4 && request.status == 200) {
console.log("API SE " + ~~(performance.now() - now) + "ms");
}
}
request.open('GET', 'https://api.stackexchange.com/2.2/answers?order=desc&sort=activity&site=stackoverflow', true);
request.send();
Mais uma vez aparecem os callbacks, você especifica qual o código que quer executar quando o pedido for satisfeito pelo servidor e a resposta chegar ao seu programa.
Programação reativa TUDO EM 1
Se você chegou até aqui deve estar pensando que afinal de contas já programou reativamete e sim praticamente todos nós já o fizemos.
A novidade agora está nas frameworks que lhe tentam proporcionar APIs genéricas para programar reativamente. Mais em particular a framework Reactive, disponível em várias plataformas
Esta framework juntas 3 funcionalidades numa única API.
- Eventos
- Dados
- Processamento assíncrono e ou paralelo
Se me é permitido eu gostava de fazer um paralelo á linguagem C#
e plataforma .NET
. Básicamente a framework junta eventos com Task
e com o IEnumerable
com os respetivos métodos Linq
e mais uns extra.
Em particular esta framework tem um cuidado especial no que toca ao tratamento de eventos. Mesmo com um número reduzido de eventos é possível você necessitar de diversas formas de os processar, nomeadamente em relação á ordem dos eventos e á eventual possibilidade de existência de falhas.
A API fornece-lhe já um conjunto bastante satisfatório de possibilidades mas haverá casos onde você deverá ter um cuidado extra para saber se realmente os eventos estão a acontecer na ordem que você deseja, pelo menos foi essa a minha experiência. Você pode dar uma olhada nos diagramas da framework, deixo aqui um:
Eu gostava de deixar aqui dois exemplos de utilização desta framework em C#
que já me foram úteis em ambiente profissional e são relativamente simples de entender.
Observador de ficheiros numa diretoria
public IObservable<FileSystemEventArgs> Watch(string path, bool includeExistingFiles = false)
{
var watcher = new FileSystemWatcher(path, "*.*");
watcher.IncludeSubdirectories = true;
var observable = Observable.FromEventPattern(watcher, "Created")
.Merge(Observable.FromEventPattern(watcher, "Deleted"))
.Merge(Observable.FromEventPattern(watcher, "Changed"))
.Merge(Observable.FromEventPattern(watcher, "Renamed"))
.Select(a => a.EventArgs as FileSystemEventArgs);
if (includeExistingFiles)
{
var currentFiles = Directory.EnumerateFiles(path, "*.*", SearchOption.AllDirectories)
.Select(f => new FileSystemEventArgs(WatcherChangeTypes.Created, Path.GetDirectoryName(f), Path.GetFileName(f)));
observable = observable.Merge(currentFiles.ToObservable());
}
watcher.EnableRaisingEvents = true;
return observable;
}
Executando um processo e retornando um observable
public IObservable<EventArgs> ExecuteProcess(string path, string parameters)
{
var process = new Process() {
StartInfo = new ProcessStartInfo(path, parameters)
{
UseShellExecute = false,
CreateNoWindow = true,
},
EnableRaisingEvents = true
};
var observable = Observable.FromEventPattern(process, "Exited")
.Select(a => (EventArgs)a.EventArgs);
process.Start();
return observable;
}
Programação reativa conclusão.
Eu não sei onde o @Yonathan foi buscar os pilares da programação reactiva, mas não obstante parecem-me ser totalmente válidos:
- Elástico: Reage à demanda/carga: aplicações podem fazer uso de múltiplos núcleos e múltiplos servidores;
- Resiliente: Reage às falhas; aplicações reagem e se recuperam de falhas de software, hardware e de conectividade;
- Message Driven: Reage aos eventos (event driven): em vez de compor aplicações por múltiplas threads síncronas, sistemas
são compostos de gerenciadores de eventos assíncronos e não
bloqueantes;
- Responsivo: Reage aos usuários: aplicações que oferecem interações ricas e “tempo real” com usuários.
Se acompanhou a resposta até agora sabe que tudo isso é verdade.
É message driven porque você diz quando fazer.
É responsivo porque só faz a operação está completa (não bloqueia)
É resilitente. Pelo menos o Reactive tem uma extensao, que lhe permite tentar executar determanido evento um número de vezes.
É elástico. Pelo menos na framework .net decide por voce quantas threads a framework deverá usar.
Respondendo a outras perguntas suas
É um paradigma?
A wikipedia diz que sim, ênfase meu.
In computing, reactive programming is an asynchronous programming
paradigm
Gostava só de adicionar que para além do programação orientada a eventos já mencionada por mim, a programação reativa traz elementos novos suficientes para ser considerado um paradigma diferente. Lembre-se das tres funcionalidades que mencionei: Eventos, Dados, Processamento assíncrono e ou paralelo
Só funciona entre agentes locais ou um deles pode ser remoto? É por
causa da internet?
Não é por causa da internet mas sim porque alguém determinou que havia um problema para resolver. Que eu saiba não havia nada até agora que lhe permitisse juntar estas três funcionalidades duma forma elegante e fácil de manusear.
Aparentemente tem que ter robustez para ser classificada assim?
Precisa rodar em vários servidores? Ou é uma opção?
Se prestou atenção á minha resposta eu não dei muito atenção a robustez e muito menos falei em vários servidores.
Apenas mencionei que pode ser possível, com a framework reactive, tentar executar determinada operação novamente, se ela falhar.
A programação reativa pode ou no ser usada em ambientes distribuídos, a robustez vai depender de como o seu sistema distribuído estiver implementado bem como todos os serviços que participam nele.