Estou começando a estudar API's web um pouco mais a fundo e fiquei um pouco em dúvida com a seguinte questão: trabalho com ASP.NET WebAPI e, portanto, com orientação a objetos. Tenho na minha solução um projeto de domínio contendo os tipos do domínio com seus comportamentos codificados neles e tudo mais.
O que acontece é que lendo sobre API's ouvi falar sobre o Richardson Maturity Model que categoriza as API's em quatro níveis:
- Nível 0 (RPC): Usamos o HTTP só como meio de enviar chamadas a funções no servidor. Temos só uma URI.
- Nível 1: Dividimos a aplicação em recursos e temos várias URI's, uma pra cada recurso, mas usamos ainda a URI pra descrever a ação a ser executada.
- Nível 2: Usamos os métodos do HTTP pra descrever a ação a ser executada em cada recurso e a ação não faz mais parte da URI.
- Nível 3: Uso de hypermedia pra dizer o que pode ser feito depois da ação a ser tomada.
Pelo que eu entendi do livro o ideal é ter o nível o maior possível. Acontece que me parece que ao atiginir o nível 2 o uso da orientação a objetos fica comprometido.
O que eu já li por aí, foi algumas pessoas dizendo que o REST e o HTTP serve só pra transferir estado de recursos e isso vai contra a ideia da orientação a objetos de modificar o estado dos objetos através dos métodos deles invés de simplesmente acessar os campos. Ou seja, usando orientação a objetos direito, ao invés de acessar os campos de um objeto, executamos um método e como consequência o estado do objeto pode mudar. Uma API que já está no nível 2 do RMM, por outro lado, modificaria o estado de um recurso enviando uma requisição PUT que simplesmente trocaria os valores dos campos.
Pesquisei um pouco sobre isso e vi um vídeo do Jim Webber falando que a ideia é que usemos o HTTP pra realmente transferir documentos entre o client e o servidor mas sendo que essas transferências tenham efeitos colaterais provocando ações no servidor. Pensei um pouco sobre isso e queria saber se entendi corretamente a forma de conciliar Web API's, REST e Orientação a Objetos.
O que pensei foi o seguinte: supondo que o sistema precise gerenciar contas bancárias e tenha um tipo Account
representando uma conta e um tipo Transaction
representando uma transação. Temos então um método no tipo Account
que recebe outra conta e um valor e realiza uma transferência. Seria algo como:
Transaction transferTransaction = account.Transfer(anotherAccount, amount);
Isso, pelo que eu entendo, seria o jeito de fazer isso na orientação a objetos. Não vamos lidar com os campos dos tipos diretamente, vamos deixar a lógica de negócio dentro dos tipos do domínio.
O ponto, entretanto, é o seguinte: ao chegar no nível 2 do RMM me parece que eu teria que fazer o seguinte na Web API: criar um resource transaction
representando uma transação e então realizar um POST que cria uma transação enviando os dados das contas envolvidas e do valor. Algo como:
POST /api/transactions HTTP/1.1
Headers
{
"originAccountId": "1",
"destinyAccountId": "2",
"amount": "50"
}
Daí no servidor teríamos um método mais ou menos assim (bem simplificado, sem tratamento de exceções ou outras coisas):
public IHttpActionResult TransferFunds([FromBody] TransferDto transferDto)
{
Account originAccount = accountRepository.Get(transferDto.originAccountId);
Account destinyAccount = accountRepository.Get(transferDto.destinyAccountId);
Transaction transferTransaction = originAccount.Transfer(destinyAccount, transferDto.amount);
transactionsRepository.AddTransaction(transferTransaction);
return Created(location, transferTransaction);
}
Dessa forma, temos resources, usamos os métodos HTTP, mas ainda assim deixamos a lógica de negócio encapsulada no domínio. A ideia é que transferimos uma representação de uma transação pro servidor e como efeito colateral desse envio de documento, o servidor realiza ações no domínio da aplicação.
É essa realmente a ideia pra trabalhar com Web API's, REST e Orientação a Objetos? Existe nisso que eu fiz algum problema? Existem outros problemas pra conciliar REST e Orientação a Objetos?