A resposta curta é sim.
Você pode fazer isso. E como deve imaginar é uma necessidade muito comum.
Por coincidência postei um programa ontem nesse site que faz exatamente isso, e o link é esse: para o post em C
No entanto o exemplo mostra o caso para um vetor int.**
Eu até vi uma resposta aqui bem contrária, dizendo que "não só você não pode como não faz sentido", mas acho que não entendi ou não sei o que dizer.
Então vou te mostrar um programa e explicar a mecânica desse troço, porque, repito, é uma necessidade comum e eu por exemplo já expliquei isso incontáveis vezes. E não sou instrutor nem nada disso. Ou eu não entendi nada e vou postar um programa a toa.
Porque isso é comum:
Se encaixa em um grande número de abstrações, como
- criar e percorrer um vetor de estruturas depois de ler de algum lugar o total de estruturas
- "subir" um arquivo para a memória em um
char**linha
com linha[i]
correspondendo claro à linha i
do arquivo o disco. Um editor de texto por exemplo
- carregar registros de um arquivo CSV, aqueles onde tem um registro por linha e os campos são separados por vírgulas. CSV na verdade é
char** **
mas seria outro tópico
- carregar algo como uma planilha (workbook) para a memória como texto. Isso seria no fundo um assustador
char** ** **
mas voltamos ao tópico
- para um aluno, começar boa parte daqueles programas de estruturas de dados, carregando os Nodes de sei lá o que para a memória antes ou para montar a estrutura
O Programa exemplo
O programa vai preparar os argumentos e chamar uma função declarada
int nova_main(int, char**);
com essa implementação BEM FAMILIAR
int nova_main(int argc, char** argv)
{
printf("\n\tEm \"main\": %d argumentos\n\n", argc);
for (int i = 0; i < argc; i += 1)
printf("%2d\t'%s'\n", i, argv[i]);
return 0;
}; // nova_main()
Bem familiar porque é o protótipo de main()
. Vamos até montar argv[0]
como "nome do programa".
O programa usa essa estrutura
typedef struct
{
int argc;
char** argv;
} Bloco;
Só para você entender que pode declarar um vetor delas e preparar um número arbitrário de listas de argumentos. E também para você não ter que ficar procurando declarações pelo programa, apesar de que é minúsculo.
Para manter o programa compacto e auto-contido a entrada vai ser um vetor
const int n_parm = 12;
const char* teste[12] =
{
"criando", "um", "bloco", "de",
"parametros", "como", "o", "sistema",
"prepara", "para", "main()", "..."
};
Eu tinha usado um arquivo mas achei melhor deixar aqui tudo junto. Afinal não faz diferença alguma: São apenas strings, como seriam os argumentos na linha de comando.
A alocação de memória para os argumentos
A lógica é bem ingênua mas muito eficiente: a memória é alocada em blocos de ponteiros a partir dessa constante
#define _TAMANHO_ 4
Conforme o bloco se esgota ele é estendido em idêntico tamanho e vida segue. Ao final dos argumentos o eventual excesso é liberado e o bloco é passado para a função nova_main()
. Só para ficar mais meigo, ao final os parâmetros são liberados em main()
antes de encerrar o programa.
Num programa sério você ajusta com extremo cuidado o tamanho do bloco de alocação, porque se for pequeno vai realocar toda hora e pode ficar lento. E se for muito grande vai ser um desperdício afinal. Ou aloca em páginas e usa uma lista ligada de páginas, brincando de sistema operacional.
Eis a saída de uma execução do programa
Realocado bloco para 8 ponteiros
Realocado bloco para 12 ponteiros
Realocado bloco para 16 ponteiros
13 strings no vetor de argumentos:
1 de 13: 'nome do programa'
2 de 13: 'criando'
3 de 13: 'um'
4 de 13: 'bloco'
5 de 13: 'de'
6 de 13: 'parametros'
7 de 13: 'como'
8 de 13: 'o'
9 de 13: 'sistema'
10 de 13: 'prepara'
11 de 13: 'para'
12 de 13: 'main()'
13 de 13: '...'
Alocados 16 ponteiros
Lidos 13 argumentos
3 ponteiros a liberar
Bloco reduzido para 13 ponteiros
Chamando nova_main() com esses argumentos
Em "main": 13 argumentos
0 'nome do programa'
1 'criando'
2 'um'
3 'bloco'
4 'de'
5 'parametros'
6 'como'
7 'o'
8 'sistema'
9 'prepara'
10 'para'
11 'main()'
12 '...'
"main()" retornou 0
Agora apaga o bloco todo e encerra
Fim
Eis o programa
#define _TAMANHO_ 4
#include <stdio.h>
#include <stdlib.h>
#include <string.h>
typedef struct
{
int argc;
char** argv;
} Bloco;
int nova_main(int, char**);
int main(void)
{
const int n_parm = 12;
const char* teste[12] =
{
"criando", "um", "bloco", "de",
"parametros", "como", "o", "sistema",
"prepara", "para", "main()", "..."
};
// a memoria vai ser alocada em blocos de _TAMANHO_
// a cada vez que faltar memoria um novo bloco
// eh acrescentado. Ao final um trim() no bloco
// para retornar o exato tamanho utilizado.
// Ex: para 12 strings vai alocar para _TAMANHO_ 5
// 5 + 5 + 5 e ao final libera 3 das 15 e retorna
// argc = 12 e os 12 ponteiros, como esperado
//
// o primeiro argumento e o nome do progama
// pura frescura, eh um exemplo apenas
Bloco ex; // exemplo
int N = _TAMANHO_; // primeiro bloco
ex.argc = 0;
ex.argv = (char**) malloc(sizeof(char*) * _TAMANHO_);
const char* programa = "nome do programa";
ex.argv[ex.argc] = (char*)malloc(1 + strlen(programa));
strcpy(ex.argv[ex.argc], programa);
ex.argc += 1;
for (int i = 0; i < n_parm; i += 1)
{ // carrega cada string
if (ex.argc >= N)
{ // acabou a memoria
N = N + _TAMANHO_;
char* novo = realloc(ex.argv, (N * sizeof(char*)) );
printf("Realocado bloco para %d ponteiros\n", N);
ex.argv = (char**)novo;
};
ex.argv[ex.argc] = (char*)malloc(1 + strlen(teste[i]));
strcpy(ex.argv[ex.argc], teste[i]);
ex.argc += 1;
}; // for()
printf("\t%d strings no vetor de argumentos:\n", ex.argc);
for (int i = 0; i < ex.argc; i += 1)
{
printf("\t\t%d de %d: '%s'\n", 1+i, ex.argc, ex.argv[i]);
};
// agora acerta o final, liberando os ponteiros que
// podem estar sobrando no bloco
// foram alocados N ponteiros. Foram usados argc
printf("\tAlocados %d ponteiros\n", N);
printf("\tLidos %d argumentos\n", ex.argc);
if (N == ex.argc)
printf("\tNada a liberar\n");
else
{
printf("\t%d ponteiros a liberar\n", N - ex.argc);
char* novo = realloc(ex.argv, (ex.argc * sizeof(char*)));
printf("\tBloco reduzido para %d ponteiros\n", ex.argc);
ex.argv = (char**)novo;
};
printf("\tChamando nova_main() com esses argumentos\n");
int res = nova_main(ex.argc, ex.argv);
printf("\n\n\t\"main()\" retornou %d\n", res);
printf("\tAgora apaga o bloco todo e encerra\n");
for (int i = 0; i < ex.argc; i += 1)
free(ex.argv[i]);
free(ex.argv);
printf("\n\nFim\n");
return 0;
};
int nova_main(int argc, char** argv)
{
printf("\n\tEm \"main\": %d argumentos\n\n", argc);
for (int i = 0; i < argc; i += 1)
printf("%8d\t'%s'\n", i, argv[i]);
return 0;
}; // nova_main()
Sem entrar em discussões religiosas aqui, compilei apenas em CL 19.27 e rodei no terminal do Windows. É o mais disponível para mim.