Uma stack (ou pilha), neste contexto, é uma forma otimizada para organizar dados na memória alocados em sequência e abandonados (sim, normalmente não há desalocação) em sequência invertida a da entrada.
Um heap (ou monte — ok, ninguém traduz isso) é a organização de memória mais flexível que permite o uso de qualquer área lógica disponível.
De que pilha estamos falando?
Existem alguns conceitos de pilha muito difundidos em computação, para citar alguns:
- Existe a pilha de execução de alguma arquitetura onde as instruções e dados vão sendo empilhados e após executar algo ali, ocorre o desempilhamento.
- Existe a pilha de chamadas de funções, que se confunde com o gerenciamento de memória, onde as funções vão sendo chamadas e empilhadas e quando sua execução termina, ela sai da pilha.
- Existe a estrutura de dados genérica que empilha dados diversos. Exemplo em C#.
Conceito abstrato
Os dois conceitos da pergunta são abstratos. Não existe fisicamente uma área da memória específica para a stack (e muito menos sua área é fisicamente empilhada) e não existe uma área reservada para o heap, pelo contrário, ele costuma ser bastante fragmentado. Usamos o conceito para entender melhor o funcionamento e suas implicações, principalmente no caso da pilha.
A maioria das arquiteturas de computadores modernos e populares não têm grandes facilidades para manipular essa stack de memória (costuma ter só o registrador de ponteiro de pilha). Assim como o heap, apesar que neste caso, instruções que ajudam manipular memória virtual, de uma certa forma ajudam a organizar o heap, mas isso vale pra toda memória, não só o heap.
Ficando um pouco mais concreto
Já os sistemas operacionais estão bem cientes destes conceitos, e é fundamental que eles possuam alguma forma — mesmo que limitada — para manipular a memória das aplicações, principalmente nos sistemas modernos e de utilidade geral. Os sistemas modernos possuem um gerenciamento complexo, através do que se convencionou chamar de memória virtual, um conceito também abstrato, muitas vezes mal compreendido.
Onde mexemos diretamente
Em Assembly ou C é muito comum ter contato com esse gerenciamento de memória. Em Assembly é comum manipular a stack quase diretamente, e em ambas linguagens, pelo menos a alocação e desalocação do heap devem ser feitas manualmente através da API do sistema operacional. Em C a stack é gerenciado pelo compilador, salvo alguma operação incomum que seja necessária.
Nada impede que se use alguma biblioteca que abstraia essa manipulação, mas isso só é comum em linguagens de mais alto nível. De fato, é muito comum que outras linguagens usem internamente a API do OS para fazer o gerenciamento pesado da memória, mas o acesso da memória no "varejo" é feito por um gerenciador próprio, em geral chamado de garbage collector (GC), através de técnicas de contagem de referências para um objeto no heap (há quem considere que isto não é uma técnica de garbage collector) ou de verificação posterior da existência de referências para o objeto no heap. Mesmo usando uma biblioteca mais abstrata, os conceitos permanecem.
Quanto mais alto nível, menos se precisa gerenciar tudo isso, mas entender o funcionamento geral é importante em todas linguagens.
Linguagens que não precisam de performance podem deixar tudo no heap para "facilitar" a compressão e acesso.
Pilha
Alocação
Em condições normais, a stack é alocada no início da execução da aplicação, mais precisamente no início da thread, mesmo que a aplicação só tenha a thread principal.
A stack é uma porção contígua de memória reservada para empilhar os dados necessários durante a execução de blocos de código.
Cada necessidade de alocação é um trecho da stack que vai sendo usado sempre em sequência determinado por um marcador, ou seja, um apontador, um ponteiro, se "movimenta" para indicar que uma nova parte na sequência desta porção reservada está comprometida.
Quando algo reservado para um segmento não é mais necessário, este marcador se movimenta em direção contrária a sequência de dados indicando que alguns desses dados podem ser descartados (sobrepostos com novos dados).
A alocação de cada trecho da memória não existe na stack, é apenas o movimento deste ponteiro indicando que aquela área será usada por algum dado.
Grosso modo, podemos dizer que a aplicação tem total controle sobre a stack, exceto quando acaba o espaço disponível para ela.
Existem recursos para alterar manualmente o tamanho da stack, mas isso é incomum.
Funcionamento
A pilha funciona usado uma forma LIFO (Last in, First Out) ou UEPS (Último a entrar, primeiro a sair).
O escopo de uma variável costuma definir o tempo de alocação na stack. Os dados usados como parâmetros e retorno de funções são alocados na stack. Por isso a pilha de chamadas de função se confunde com a pilha da memória.
Podemos dizer que os parâmetros são as primeiras variáveis de uma função alocadas na stack. O acesso aos dados na stack costuma ser feito de forma direta, mas há indireções também.
Deu para entender que cada thread tem sua própria stack, certo? E o tamanho da stack de cada thread criada pode ser definido antes da criação. Um valor default costuma ser usado.
A stack é considerada uma forma automática de alocação (muitas vezes confundida com estática — alocação que ocorre junto à execução —, logo na sua carga). Tecnicamente, existe outra área da memória que realmente é estática, que é alocada antes do início da execução. A área efetivamente estática não pode ser manipulada, não pode ser escrita (pelo menos não deveria poder). A stack em si é estática, apesar dos seus dados não serem, afinal, eles vão sendo colocados e abandonados conforme o seu uso, o seu gerenciamento é automático.
Decisão sobre onde alocar
Assim como no heap, não é possível alocar dados na stack antes de saber seu tamanho (não precisa saber na hora de compilar, mas sim na hora de executar a alocação, mas na stack tem algumas restrições). Mas se o tamanho for indeterminado em tempo de compilação ou pode ser determinado como possivelmente grande (talvez poucas dezenas de bytes), provavelmente a alocação deva ocorrer no heap.
Linguagens de alto nível predeterminam isto. Outras deixam o programador ter mais controle, podendo até mesmo abusar da stack se for útil e o programador souber o que está fazendo.
Stack overflow
O famoso stack overflow ocorre quando você tenta alocar algo na stack e não há espaço reservado disponível. Também pode, em alguns casos se a linguagem prover mecanismos que permitam, haver overflow de um dado em cima de outro que venha a seguir na pilha. Execuções recursivas descontroladas causam stack overflow.
Outra pilha
Também existe uma pilha de chamadas que é aonde são armazenados os endereços para onde o ponteiro da pilha deve retornar quando termina a execução de uma função.
Heap
Alocação
O heap, ao contrário da stack, não impõe um modelo, um padrão de alocação de memória. Isso não é muito eficiente mas é bastante flexível.
O heap é considerado dinâmico. Em geral você aloca ou desaloca pequenos trechos de memória, só para a necessidade do dado. Esta alocação pode ocorrer fisicamente em qualquer parte livre da memória disponível para seu processo.
O gerenciamento de memória virtual do sistema operacional, auxiliado por instruções do processador, ajudam a organizar isto.
De certa forma podemos dizer que a stack como um todo é o primeiro objeto alocado no heap.
Efetivamente, estas alocações reais costumam ocorrer em blocos de tamanho fixo chamados de páginas. Isso evita a aplicação fazer dezenas ou centenas de pequenas alocações que fragmentariam a memória de forma extrema, e evita chamadas ao sistema operacional, que troca contexto e costuma ser bem mais lento. Em geral todo sistema de alocação da memória aloca mais do que precisa e vai dando acesso à aplicação conforme ela precisa, em alguns casos, ele quase simula uma stack, por algum tempo, ou faz reorganização da memória (através de um GC compactador).
Desalocação
A desalocação do heap costuma acontecer:
- manualmente (correndo o risco de bugs), embora isto não esteja disponível para algumas linguagens;
- através do tal garbage collector que identifica quando uma parte do heap não é mais necessária;
- quando uma aplicação se encerra.
Depende de implementação
Até existem linguagens que possuem heaps especializados que podem ter um comportamento um pouco diferente, mas vamos simplificar para os casos comuns.
Conceito abstrato
Fica claro que o heap não é uma área da memória, mesmo conceituando abstratamente, ele é um conjunto de pequenas áreas da memória. Fisicamente ele costuma ser fragmentado por toda a memória. Essas partes são muito flexíveis em tamanho e tempo de vida.
Por razões de segurança, é bom saber que desalocar é um conceito abstrato também. Costuma ser possível acessar dados de uma aplicação mesmo depois que ela tenha terminado. O conteúdo só é apagado por pedido manual ou quando uma área disponível é escrita novamente.
Custo do heap
A alocação no heap "custa" caro. Muitas tarefas devem ser realizados pelo sistema operacional para garantir a perfeita alocação de uma área para um trecho dele, principalmente em ambientes concorrentes (muito comuns hoje em dia), e mesmo quando não precisa do SO, ainda tem um algoritmo complexo para alocar. Desalocar ou disponibilizar de volta uma área também tem seu custo, em alguns casos para a alocação custar mais barato a liberação custa bem caro (ironicamente pode ser controlada por várias pilhas).
Até existem formas de evitar as chamadas ao sistema operacional para cada alocação necessária, mas ainda assim o "custo" de processamento disto é considerado alto. Manter listas (em alguns casos ligadas) de áreas ou páginas alocadas não é algo trivial para o processador, pelo menos comparando com o movimento do ponteiro que é necessário na stack.
Funcionamento
O heap é acessado através de ponteiros. Mesmo em linguagens que não exista o conceito de ponteiros disponível para o programador, isto é realizado internamente de forma transparente.
Note que no exemplo, um objeto do tipo class1
é alocado no heap. Mas há uma referência para este objeto, que é alocada na stack (em alguns casos poderia não estar).
Esta alocação é necessária porque o tamanho do objeto pode ser muito grande para caber na stack (ou pelo menos ocupar uma parte considerável), ou porque ele pode sobreviver por mais tempo do que a função que criou ele.
Se estivesse na stack a "única" forma de mantê-lo "vivo" seria copiando para a função chamadora, e assim sucessivamente para todas as outras, onde ele seja necessário. Imagine como isso sai "caro". Da forma como é organizado, só a referência, que é curta, é que precisa ser copiada, e isto pode ser feito só usando registradores, super rápido.
Conclusão
Então o runtime de uma linguagem de programação se comunica com o OS para gerenciar a memória. Se esse runtime é exposto para o programador depende do objetivo da linguagem. Em linguagens chamadas "gerenciadas", tudo isso ocorre, os dois conceitos existem e precisam ser entendidos, mas você não tem que manipular manualmente o heap. Ele passa ser tão transparente quanto a stack é em outras linguagens mais baixo nível (exceto Assembly).
A alocação de ambos costuma ser realizada na RAM, mas nada impede que seja em outro local. A memória virtual pode colocar todo ou parte da stack ou do heap em memória de massa, por exemplo.
"Roubei" algumas imagens desta resposta do SO que são muito boas para ilustrar tudo isso.
Coloquei no GitHub para referência futura.