De uma forma bem simples e direta, eu diria que são três os critérios que precisariam ser observados:
1. Funcionalidade
Se a sua aplicação web é um sistema comercial ou científico, é natural que o mais importante seja a funcionalidade. Ou seja, a interface deve permitir que o usuário a utilize para alcançar um ou mais objetivos práticos (isto é, resolver o problema). Se ela não servir pra isso, perde completamente todo o seu propósito. Assim, o planejamento da interface deve considerear como ofertar tais serviços: por exemplo, campos de entrada para os dados que são necessários, botões para a execução de ações, etc.
2. Usabilidade
Além do caráter funcional, é importante também que a interface seja suficientemente bem feita para que seja facilmente "utilizável" pelo usuário. Isso envolve vários aspectos (sugiro ler também esta outra pergunta) com a intenção de tornar a interação fácil, segura e eficiente. Um projetista experiente consegue embuir seu planejamento de interface com boas práticas, mas é sempre útil avaliar esse projeto com pessoas reais, representativas do tipo de usuário do sistema intencionado, para que problemas sejam percebidos o mais rapidamente possível. É, por isso, uma prática comum a realização de testes com protótipos de baixa fidelidade (feitos em papel, mesmo) para testar ideias de interação, metáforas, restrições lógicas, etc.
3. Experiência
Muito além da usabilidade (que tem um caráter pragmático sobre a interação ser fácil, sucinta, eficiente, etc), há também a tendência em se preocupar com o caráter "hedônico" da interação. Por hedônico entendem-se questões mais subjetivas como apelo, preferência, gosto, e até mesmo diversão. Em aplicações de entretenimento esse "requisito" é muito óbvio, mas cada vez mais percebe-se que essa é uma necessidade grande também em sistemas comerciais e científicos, principalmente quando o uso é opcional (discretionary) ou requer sustentação (intenciona-se manter a atenção do usuário por períodos prolongados). Nesses casos, os testes com protótipos também servem para avaliar as preferências estéticas, o potencial de apelo, a curiosidade gerada por certos aspectos da interface, e até a satisfação (não no sentido da mera realização das expectativas sobre as opções de interface, mas da superação delas de maneiras únicas e interessantes).
Concluindo
O planejamento de uma interface em geral segue esses três critérios, pois existe uma certa hierarquia de importância entre eles para que um produto seja realmente efetivo em produzir uma boa experiência de uso, algo comparável* à hierarquia de necessidades humanas de Maslow:
*Patrick W. Jordan. Designing Pleasurable Products. Taylor & Francis, 2002
Produtos utilitários (como um martelo, por exemplo) precisam ser antes de tudo funcionais (serem úteis pra algo). Só então atributos como eficácia e eficiência tornam-se relevantes para o utilizador. Por fim, atributos menos pragmáticos (comumente chamados de hedônicos ou afetivos), como apelo, estética, etc, podem então se tornar relevantes e permitir que a satisfação seja algo além da mera ausência de desconforto (ergonomia) e que os utilizadores criem significado para o produto ("o meu martelo funciona igual ao seu, mas é bem mais legal").
Acontece que por mais que essa hierarquia exista, as fronteiras entre elas são bastante nebulosas dependendo do tipo de produto intencionado. Nem todo produto tem caráter principalmente utilitário, e isso vale também para sistemas computacionais. Jogos digitais, por exemplo, não têm requisitos a serem atendidos, então o caráter hedônico/afetivo torna-se mais importante. Isso não quer dizer, porém, que atributos de usabilidade não sejam necessários para esse tipo de produto. Afinal, mesmo que os "problemas" em jogos digitais sejam intencionalmente projetados para não serem fáceis, os jogadores ainda precisam ser capazes de entender a interface e saber/lembrar como utilizá-la de forma eficaz e eficiente. De fato, alguns autores** indicam que esses atributos têm suas relevâncias alteradas conforme um eixo utilitário (que indica se a aplicação é mais de "escritório" ou de "entretenimento"):
**Bentley, Johnston e Von Baggo. Putting Some Emotion into Requirements Engineering. Proceedings of the 7th Australian Workshop on Requirements Engineering, Deakin University, 2002
De todas as formas, faz parte do "planejamento" a avaliação dos conceitos de projeto, utilizando protótipos de fidelidade crescente e com participantes representativos dos usuários reais do sistema. Pois, só assim é possível validar que a função atende a necessidade e que a interação é a mais usável possível, além de ganhar indicações valiosíssimas sobre as escolhas de design que mais carregam potencial afetivo para os utilizadores.
Para saber mais sobre a construção de protótipos, eu sugiro ler este material muito bacana. Além disso, aqui mesmo no SOPT há bastante informação útil sobre o assunto nas tags ux e usabilidade.