O AWT precisa de uma thread dedicada porque ele deve receber eventos de teclado, mouse e repaint de tela de forma contínua e rápida, em loop (e o Swing executa em cima do AWT). Desta forma, o AWT não poderia ser executado em alguma thread de usuário arbitrária porque ele deve necessariamente tomar o controle exclusivo da thread.
Além disso, o AWT/Swing não é thread-safe. Tornar o Swing thread-safe consistiria em um enorme esforço de programação por um ganho no mínimo questionável.
Desta forma, a conclusão é o AWT/Swing tem que rodar em uma thread única para ele e que nenhuma outra thread poderá acessá-lo diretamente. Daí é que temos a EDT (Event-Dispatch Thread).
Embora em teoria é possível em alguns casos manipular componentes Swing fora da EDT sem ter problemas de concorrência, esta é uma tarefa bastante difícil, perigosa e frágil, pois não é claro quais são os casos em que é seguro fazer-se isso, e mesmo que alguns possam ser encontrados, eles podem ser invalidados por outras coisas que estejam manipulando o Swing, que por sua vez também podem ser invalidados por outras coisas. Assim podemos em geral assumir que nunca é seguro manipular um componente Swing fora da EDT.
Por outro lado, ao adotar-se a regra de que componentes Swing devem ser manipulados apenas na EDT, todos os problemas de thread-safety referentes a isso desaparecem.
Pode-se argumentar que um componente Swing poderia ser manipulado fora da EDT antes dele ser de fato publicado ao Swing. Inclusive, isso era o que a Sun dizia antigamente (até o J2SE 1.4):
Once a Swing component has been realized, all code that might affect or depend on the state of that component should be executed in the event-dispatching thread.
Que traduzindo para o português é:
Uma vez que um componente Swing foi realizado, todo o código que pode afetar ou depender do estado deste componente deverá ser executado na event-dispatching thread.
Entende-se como "realizar" algo como publicar o componente para o Swing começar a manipulá-lo.
ESQUEÇA ISTO HOJE EM DIA. O motivo é que o código que manipula um componente Swing pode acabar por realizá-lo, e assim é muito difícil saber quando um componente Swing foi realizado ou não. Uma chamada a algo como component.setVisible(true)
ou jframe.pack()
geralmente implicam na realização, mas outras chamadas mais simples, até mesmo getters também podem acabar por fazê-lo. A partir do Java 5 a recomendação é que qualquer manipulação de um componente Swing deve obrigatoriamente ser feita dentro da EDT.
Por fim, ao criar e manipular componentes Swing dentro da thread principal do programa (a que executa o método main
), a regra de manipulá-los dentro da EDT é violada. A solução para isso é usar o SwingUtilities.invokeLater(Runnable)
ou o equivalente EventQueue.invokeLater(Runnable)
. Dependendo do caso pode-se usar invokeAndWait
em lugar de invokeLater
caso alguma operação deva ser executada apenas após o término da interação com o Swing. O método EventQueue.isDispatchThread()
pode ser usado para que um código saiba se a thread no qual ele está rodando é a EDT ou não.
Veja mais detalhes aqui: http://www.javaworld.com/article/2077754/core-java/swing-threading-and-the-event-dispatch-thread.html?page=5
JFrame
, eu nunca tive problema, porém minha memória me alerta sobre momentos que eu tive travamento de alguns processos desde que ambos fossem executados na mesma thread que deu inicio ao JFrame..