Estou trabalhando em dois sistemas que possuem uma característica comum: entidades cujos atributos são dinâmicos (i.e. não podem ser "engessados" - hardcoded), precisam se consultados em operações de busca (filtro de resultados), mas de outra forma estão desacoplados do restante do sistema (i.e. não há nada fazendo referência a eles, nem eles são usados em nenhum cálculo específico). Estou com dificuldade de encontrar uma forma apropriada para representá-los.
Até o momento, tenho usado o (anti-)padrão EAV. Há uma tabela Entity
que identifica a entidade, uma tabela Tag
(NxN
com Entity
) que diz o "tipo" - ou "classe" - da entidade, uma tabela Attribute
(Nx1
com Tag
) que identifica a propriedade, seu tipo, e se pode ou não estar ausente, e por fim várias tabelas XValue
(TextValue
, IntValue
, DateValue
etc) que dizem "a entidade E possui para o atributo A o valor V".
Contextualizando, uma entidade poderia ser um produto à venda, sua tag o tipo de produto (ex.: "carro"), os atributos sendo as características de um carro (ex.: "marca", "modelo", "quilômetros rodados") e os valores a aplicação daquelas características ao produto à venda (ex.: "Fiat", "Palio", "20000"). Tipos de produtos podem ser criados, alterados e excluídos (dinâmicos), pode-se consultar um tipo de produto pelas seus características (ex.: filtrar carros pela marca "Fiat"), mas não há qualquer chave estrangeira para um atributo específico, e jamais haverá qualquer cálculo "não genérico" envolvendo características de produtos.
E, como falei, atualmente implemento isso na forma de modelos EAV - num banco de dados PostgreSQL, cross-platform a princípio porém mais voltado pra Linux.
Normalmente o uso de EAV é um "alerta de WTF em potencial", mas creio que esse seria um dos seus usos legítimos (as estruturas dos dados modeladas dessa forma são realmente dados, e não meta-dados). A grande maioria do banco está formalizada, apenas umas poucas entidades foram modeladas dessa forma (e tomei medidas pra garantir que seria possível formalizar qualquer modelo que porventura venha a ser acoplado ao restante do sistema).
Entretanto, estou procurando por alternativas a esse modelo - já que ele é trabalhoso de se lidar e cheio de pitfalls. Pensei em representar cada entidade por um simples XML, mas há o requisito da busca filtrada - o que não sei como fazer [de forma eficiente]. Não tenho experiência com SGBDs não relacionais ("NoSQL"), por isso não sei se suas características de performance seriam aceitáveis (estou prevendo um número elevado de leituras - buscas filtradas - simultâneas, bem como escritas simultâneas - ainda que não na mesma entidade). Outras ideias me vieram à cabeça, mas me parecem "malucas" demais pra se usar na prática (ex.: alterar dinamicamente o esquema do BD sempre que um "tipo" é modificado).
Peço que as respostas se baseiem em experiência prévia envolvendo sistemas com requisitos semelhantes, não somente opinião e/ou base teórica, se possível. Sugestões de tecnologias específicas são bem vindas, mas o que eu busco é mais uma estratégia de solução, e não uma recomendação de software.
Atualização: Para quem não está familiarizado com o "Entity-Attribute-Value" (infelizmente não encontrei material algum em português sobre o assunto), aqui está um exemplo concreto:
Numa modelagem tradicional (formalizada), uma entidade "Carro" poderia ser representada assim:
Carros
ID Marca Modelo Km
----------------------------------
1 Fiat Palio 20000
2 Honda Fit 10000
Numa modelagem EAV, isso é feito assim:
Entidades Atributos Valores
ID Tipo ID Nome Entidade Atributo Valor
---------- ------------- -----------------------
1 Carro 1 Marca 1 1 Fiat
2 Carro 2 Modelo 1 2 Palio
3 Km 1 3 20000
2 1 Honda
2 2 Fit
2 3 10000
A vantagem dessa representação é que o tipo "Carro" não está engessado (hardcoded): se eu quiser adicionar um atributo "Cor", eu não preciso mexer na estrutura da tabela, criar queries novas pra lidar com esse atributo, etc - basta criar uma linha a mais na tabela Atributos
e para cada carro uma linha a mais na tabela Valores
. Se além de carros eu quiser representar outra coisa (ex.: imóveis), é só criar linhas na tabela Entidades
com esse novo tipo, e dar-lhe atributos da mesma forma que a "Carros".
As desvantagens são... bem, todas as possíveis e imagináveis! De um modo geral, esse é um padrão a ser evitado a todo custo (i.e. um "anti-padrão"). Entretanto, mesmo os maiores críticos admitem que - em certos casos - ele é inevitável. Minha pergunta é: 1) isso se aplica ao meu caso? ou há uma maneira formalizada de atender aos meus requisitos? 2) se é inevitável, se existem boas alternativas que possuam performance aceitável.