Códigos de erro
Primeiro tenho que dizer que não gosto muito da solução que retorna os códigos de erro. Ela não está totalmente errada e é melhor que lançar exceção, o que muitos programadores fariam porque seguem receita de bolo. Gostei da criatividade. Mas códigos numéricos assim são ruins para identificar o que realmente é o erro. Em um exemplo simples e aprendizado é ok. Mas em código em produção não é muito.
Esta enumeração poderia indicar o tipo de invalidade que ocorreu e não em qual propriedade ela ocorreu. Pra isto precisaria modificar um pouco a validação.
Repito, que é aceitável que se use assim, mas eu mudaria para pelo menos usar uma enumeração no lugar de números sem significado.
Ou criar classes de invalidades que são parecidas com exceções mas sem ter a exceção.
Até retornar uma string com o erro já seria melhor que retornar um código numérico. Embora não em todos os cenários.
Eu criei um par de pergunta e resposta sobre isto, que é uma postagens minhas que mais gosto.
Modularização
A forma usada para validar não está errada, mas não segue os preceitos da modularização, da orientação a objeto, como gostam alguns. Cada validação deveria estar em seu próprio método.
Há até quem defenda em alguns casos que as validações individuais deveriam estar em classes próprias e não em uma classe só. Isto pode ser um exagero ou não. Se fizer isto, é mais fácil intercambiar as validações. Pode usar o Strategy pattern, por exemplo. Talvez outros padrões podem ser necessários para compor a criação do objeto de maneira adequada.
Mas precisa se perguntar se isto é necessário, assim como se é necessário ter a ModelPessoa
. Tem que ter motivos para aumentar a complexidade da aplicação.
Não é nenhum absurdo tê-la, mas se não puder justificá-la é porque está fazendo sobre-engenharia. O fato de você alterar uma classe, obrigar modificar outra, nem sempre é uma boa ideia. Mas há casos que não dá para fugir disto sem desorganizar o código. Me parece que Pessoa
já é seu model.
O que muitas pessoas fazem, e pode ser certo ou errado dependendo do contexto, é criar classes para para propriedade com tudo o que ela precisa, cada propriedade é auto-suficiente em um tipo próprio. Isto costuma ser considerado um anti-padrão que eu não lembro o nome agora. Faz algum sentido, mas pode ser exagerado, principalmente se estiver fazendo isto sem ter consciência da necessidade real.
Esta forma pode ser vantajosa por deixar perto tudo o que se refere àquela propriedade. Mas teria que fazer uma mudança que faria sentido mesmo se a validação estiver dentro de ModelPessoa
ou dentro de Pessoa
. A validação feita através de um método por propriedade poderia encapsular tudo o que precisaria ser validado para aquela propriedade, e teria um só lugar para mudar quando algo na propriedade mudar.
Por outro lado, a validação poderia ser incluída dentro da propriedade, especificamente dentro do set
. Claro que existe uma diferença semântica entre fazer isto e ter um método separado. Dentro da propriedade ela nunca poderá estar em estado inválido, e pode precisar disto eventualmente. Além do que você fica restrito a informar a invalidade por exceção. Ainda acho que a solução melhor é ter métodos de validação. Você tem mais controle.
Mas nem toda validação pode ser feita só na propriedade. Há validações globais, que complicam este cenário de aproximar a validação do seu estado.
Atributos
Uma outra forma de deixar a validação mais próxima da propriedade sem criar classes individuais para cada propriedade é usar atributos. Para isto precisa de uma biblioteca deles.
Método falho
Esta forma usada na pergunta é bem ruim inclusive porque se a primeira propriedade está inválida, ela vai informar este problema e mais nenhum outro. Funciona, mas dá uma experiência ruim. Teria que retornar uma lista com todos os erros, ou um código numérico que opere como flags booleanas para indicar quais erros ocorreram em cada bit, ou mudar completamente a forma de lidar com a validação.
Um yield
poderia ser uma solução, mas não resolve de todo.
Construtor e inicialização
Como última nota paralela, já que eu sei que quer aprender direito, se está usando C# 6, o construtor é desnecessário já que ele permite inicializar propriedades. Mesmo em versões anteriores ele pode ser substituído por inicializações dentro da classe, mas o código ficaria maior porque teria que deixar de usar a propriedade padrão e inicializar o campo privado que ela encapsula. A ModelPessoa
certamente não precisa do construtor.
Biblioteca
Agora entrando mais no assunto direto da pergunta, você poderia criar uma biblioteca de validações que costumam acontecer. Mas ela teria que trabalhar com uma parâmetro que seria a propriedade a ser validada. Não daria para trabalhar com o objeto todo. Até existe uma gambiarra, mas que não traria vantagem alguma.
Isto pode ser útil para manutenção inclusive porque se houver uma forma diferente de fazer aquela validação específica, mudou na biblioteca, mudou para toda a aplicação.
Isto se chama abstração. Vamos dizer que começou usando IsEmpty()
para validar. Aí um dia descobre que o IsNullOrEmpty()
era melhor. Imagine ter que procurar por toda aplicação e mudar isto. Um search global pode ajudar mas precisaria analisar manualmente cada caso, nem tudo seria validação, algum lugar pode ter feito o mesmo tipo de validação de uma forma diferente. Se estiver abstraído/encapsulado em um lugar fica fácil resolver.
Outro exemplo: se mudar a idade da maioridade. Ou se a verificação está bugada. Esta informação deveria estar em apenas em um lugar. E pode existir maioridades diferentes para cada caso, tudo isto tem que ser pensado. Quase ninguém pensa nessas coisas. Quando pensa, normalmente já é tarde demais, o software já está todo desorganizado. Programar é muito difícil e por isso existem tantos softwares cheio de bugs. É comum, mesmo os melhores programadores, não conseguirem enxergar todo o problema. Claro que os mais experientes sabem criar escapatórias fáceis sem gerar complicação.
Isto é fazer DRY, que é uma das coisas mais importantes da programação.
Vai dar um ganho muito grande em validações simples assim, conforme pede a pergunta? Não. Mas o DRY, a abstração, não existe para tornar o código menor. Ele determina que a alteração seja necessária em apenas um ponto.
O ganho pode ser maior em validações mais complexas. Mas essas tendem a poder ser menos reaproveitadas.
Frameworks
Esta biblioteca pode ser feita em forma de atributos. Mas seu uso começa fazer sentido em frameworks. Porque a validação não ocorrerá sozinha. Algum mecanismo terá que garantir que ela seja feita. Isto pode ser obtido em um framework existente, ou em um que você irá criar. Já existe algo mais ou menos pronto no .Net. Não estou dizendo que é a solução definitiva e que deve adotá-la sem pensar. Tudo tem lá seus problemas.
O framework pode automatizar a verificação da validação. Pode pegar as mensagens de erro, por exemplo. Embora se mudar o código de erro para uma classe de erro, isto já pode ser melhorado, aí você teria algo assim:
Console.WriteLine(validacao.MessageInvalidation);
Isto é uma bela generalização. No caso teria um classe de erro que uma das propriedades de erro seria MessageInvalidation
.
Ele pode fazer um laço para executar todas as validações necessárias e isto ficar escondido dentro dele.
Mas fazer um framework não é tarefa simples, em geral pessoas inexperientes cometem tantos erros que pode trazer mais prejuízo que benefício.
E framewoks mal feitos podem engessar a aplicação.
Cada interface com o usuário pode precisar de um framework diferente, mesmo quando o usuário é indireto.
Note que isto ajuda o consumo das validações e não a sua criação, que é o foco da pergunta.
Ainda que use uma biblioteca, isto não pode substituir uma abstração. Afinal você tem que ter uma forma de mudar as validações individualmente de forma canônica.
Validações variantes
Uma hora você começa se deparar com problemas mais complexos, o que até inviabilizaria a solução de validar dentro da propriedade e até de atributos. Há casos que a validação da criação do objeto é diferente da alteração dele, e até depende do tipo de alteração. Pense nisto. Qualquer solução genérica tem que considerar todos os cenários possíveis.
E as validações que são interdependentes. Já pensou nisto?
Em geral as pessoas têm muita dificuldade em criar softwares genéricos. E quando vão fazer erram a mão não só por esquecer de certos aspectos, mas também por abstrair coisas desnecessárias gerando complexidade à toa. Isto se reflete no uso do paradigma orientado a objeto. É muito difícil acertar o ponto, daí eu costumo dizer que quase ninguém sabe programar neste paradigma. Mesmo eu pensando em tudo isto erro bastante. Imagine quem não domina o assunto.
Design pattern
O padrão mais próximo que posso pensar que pode ajudar um pouco, mas não quer dizer que vá eliminar repetições, é o Specification pattern. Mas se abusar, ele pode se tornar um fardo. Isto pode dar um outro olhar em como a validação pode ser feita.
Outro que pode ser usado, é basicamente o que os atributos fazem, é o Decorator pattern. Outro é o Visitor pattern. Eles e o Strategy me parecem melhores que criar esse tal ModelPessoa
em alguns cenários. Mas novamente, pode ser overkill.
Extension methods
podem ser usados para implementar estes padrões, ou algo próximo deles, de forma mais simples.
E outros padrões podem ser usado em conjunto de acordo com cada necessidade.
Conclusão
Eu vejo maneiras de organizar melhor o código, prepará-lo melhor para a manutenção, mas vejo poucas chances de torná-lo menos repetitivo. Até porque não vi repetição ali. Pode ter me escapado alguma coisa. A repetição está mais no consumo da validação, não na validação em si.
Um artigo que pode dar algumas ideias se precisar de uma solução complexa. Não gosto de tudo nela, mas ajuda entender o que pode ser feito.
Exemplo prático
Note que este exemplo foi feito correndo, sem testar muito - tem vários erros, e não está nem de perto tentando mostrar a melhor forma. Apenas mostra uma forma possível, sem pensar muito em todas as consequências e necessidades. O exemplo pode ser usado para ter ideias, mas não como receita. De fato fiz um monte de coisa que pode ser desnecessário, fiz apenas para mostrar cenários diferentes.
Em código real certamente faria um pouco diferente. Em código de teste, simples, eu não faria nada disto. Este código foi feito para mostrar um meio termo entre um exemplo fictício e um exemplo de mundo real. Quando fazemos aplicações reais, certas lógicas não podem ser aplicadas. Eliminar repetição é ótimo, mas as coisas não são tão repetitivas assim. Quando generalizamos algo ser ter consciência do que estamos fazendo, cedo ou tarde vamos ter problemas.
O código é uma simplificação. Consigo imaginar uma lista enorme de melhorias, e já achei alguns bugs.
using System;
using static System.Console;
using System.Collections.Generic;
public class Pessoa {
public string Nome { get; set; } = "";
public string Endereco { get; set; } = "";
public int Idade { get; set; } = 0;
public string Cargo { get; set; } = "";
public decimal Salario { get; set; } = 0M;
}
public class ModelPessoa : Model<Pessoa> { //adotei a ideia que o Model seria para validar mesmo.
override public bool Validate() {
Required("Nome", Value.Nome);
ValidaEndereco();
Required("Cargo", Value.Cargo);
Custom("Salário", "SalarioValido", "O Salário não atende os requisitos", ValidaSalario);
Range("Idade", Value.Idade, Util.GetMaioridade(), 120);
return (IsValid = Errors.Count == 0);
}
public int AsIdade(string texto) { //isto não é tão necessário, mas quis mostrar esta possibilidade
var idade = 0;
if (int.TryParse(texto, out idade)) {
return idade;
} else {
Errors["IdadeInconsistente"] = new Invalidation("Idade", "A Idade foi digitada de forma inconsistente");
return 0;
}
}
public decimal AsSalario(string texto) { //isto funciona como uma abstração/encapsulamento da funcionalidade
var salario = 0M;
if (decimal.TryParse(texto, out salario)) {
return salario;
} else {
Errors["SalarioInconsistente"] = new Invalidation("Salario", "O Salário foi digitado de forma inconsistente");
return 0;
}
}
private void ValidaEndereco() { //tem a vantagem de que pode mudar a regra facilmente tendo um método isolando a funcionalidade
if (!Util.IsStandardAddress(Value.Endereco)) {
AddError("EnderecoPadrao", "Endereço", "EnderecoPadrao", "O Endereço está em formato inválido.");
}
}
private bool ValidaSalario(object[] values) { //feito para operar com o Custom, pode mudar as regras fácil aqui de forma canônica
return ((!Errors.ContainsKey("IdadeInconsistente") && Value.Idade > 21 && Value.Salario > 1000M)) ||
(Value.Cargo != "Gerente" && Value.Salario > 900M) ||
(Value.Cargo == "Gerente" && Value.Salario > 1200M);
}
}
public static class Util { //esta classe foi só para agrupar, em código real estes métodos estariam em outras classes
public static string Read(string label) {
Write(label);
return ReadLine();
}
public static int GetMaioridade() {
return 18; //aqui poderia estar pegando de um banco de dados ou arquivo de configuração
}
public static bool IsStandardAddress(string address) {
return address.Length > 2 && (address.Substring(0, 3) == "Rua" || address.Substring(0, 3) == "Av.");
}
}
public class Program {
public static void Main(string[] args) {
while (true) {
var mp = new ModelPessoa(); //o modelo é usado para trabalhar com dados temporários
mp.Messages["Idade"] = "A pessoa precisa ser maior de idade"; //personalizando uma mensagem
mp.Value.Nome = Util.Read("Nome: "); //lê o dado e guarda no modelo
mp.Value.Endereco = Util.Read("Endereço: ");
mp.Value.Idade = mp.AsIdade(Util.Read("Idade: ")); //tentando converter
mp.Value.Cargo = Util.Read("Cargo: ");
mp.Value.Salario = mp.AsSalario(Util.Read("Salário: "));
if (mp.Validate()) {
Pessoa funcionario = mp.Value; //se está válido, então pode jogar em um objeto definitivo, gravar em DB, etc
WriteLine("Cadastro efetuado!");
break;
} else {
WriteLine("Erros ocorreram!");
foreach(var erro in mp.Errors) { //tem várias formas para mostrar os erros
WriteLine(erro.Value);
}
}
}
}
}
public class Invalidation { //uma classe simplificada para guardar dados completos sobre uma invalidade, parecido com exceção, sem ser
public string Data { get; private set; }
private string message;
public string Message {
get {
return message ?? "Dado inválido";
}
}
public Invalidation(string data, string message = null) {
Data = data;
this.message = message;
}
public override string ToString() {
return Message;
}
}
public abstract class Model<T> where T : new() { //mecanismo básico de validação separado do modelo em si. Tem maneiras mais simples de fazer o controle de erros
public T Value { get; private set; } = new T();
public bool IsValid { get; protected set; } = false;
public Dictionary<string, Invalidation> Errors { get; protected set; } = new Dictionary<string, Invalidation>();
public Dictionary<string, string> Messages { get; set; } = new Dictionary<string, string>();
public abstract bool Validate();
protected void Required(string field, string value) { //alguns exemplos de códigos genéricos de validação
if (string.IsNullOrEmpty(value)) {
AddError(field + "Required", field, "Required", "O campo {0} é obrigatório.");
}
}
protected void Range(string field, int value, int min, int max) {
if (value < min || value > max) {
AddError(field + "Range", field, "Range", "O campo {0} deve estar na faixa de {1} até {2}.", min, max);
}
}
protected void Custom(string field, string messageKey, string messageAlt, Func<object[], bool> condition, params object[] values) {
if (!condition(values)) {
if (values != null && values.Length > 0) {
AddError(field + messageKey, field, messageKey, messageAlt, values?[0], values?[1], values?[2]); //está porco, mas não vou gastar tempo
} else {
AddError(field + messageKey, field, messageKey, messageAlt);
}
}
}
protected void AddError(string errorKey, string field, string messageKey, string defaultMessage, object value1 = null, object value2 = null, object value3 = null) {
var message = "";
Errors[errorKey] = new Invalidation(field, string.Format(Messages.TryGetValue(messageKey, out message) ? message : defaultMessage, field, value1, value2, value3));
}
}
Veja funcionando no ideone. E no .NET Fiddle. Também coloquei no GitHub para referência futura.
Se eu tiver tempo e o AP achar bom, posso ver se faço uma versão como framework usando atributos e automação e generalização de algumas tarefas. Não prometo.