A maioria dos ambientes modernos de fato suporta trabalhar com unicode. Mas daí para usar isso no código tem um grande espaço. O primeiro ponto a considerar antes de pensar na estética e nas boas práticas, é se a sua linguagem suporta isso. A maioria define um conjunto finito (e pequeno) de caracteres dos quais o código fonte deve ser composto. Geralmente é um subconjunto do ASCII. Por exemplo, o standard do C diz o seguinte (C11, 5.2.1/3):
Both the basic source and basic execution character sets shall have the following
members: the 26 uppercase letters of the Latin alphabet
A B C D E F G H I J K L M
N O P Q R S T U V W X Y Z
the 26 lowercase letters of the Latin alphabet
a b c d e f g h i j k l m
n o p q r s t u v w x y z
the 10 decimal digits
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
the following 29 graphic characters
! " # % & ' ( ) * + , - . / :
; < = > ? [ \ ] ^ _ { | } ~
Usar qualquer coisa fora disso seria inválido. Um compilador pode aceitar, claro. E a maioria aceita. Mas se quer um código portável e que vá funcionar em qualquer plataforma, é bom se restringir.
Outra problemática é a codificação do arquivo. Pode acontecer de dois arquivos do mesmo programa estarem salvos com codificações diferentes (por qualquer motivo que seja). Visualmente você verá o caractere É
em ambos, mas na hora de executar, pode ser que o compilador/interpretador veja diferentes identificadores ali. No fim você terá um erro bastante difícil de rastrear, já que a mensagem de erro não vai ajudar.
Uma linguagem que suporta amplamente escrever código com caracteres não ASCII é o Ruby. O parser e demais ferramentas foram construídas com isso em mente e não há um conjunto limitante de caracteres permitidos. Isso abre espaço para algumas coisas interessantes, como demonstra o artigo Unicode Whitespace Shenigans for Rubyists de Peter Cooper:
Usando um símbolo unicode para o espaço (o mesmo do
do HTML):
(fonte: no.gd)
Ele não é visto como um espaço, vira parte do identificador. Permite escrever algo tão confuso quanto isso:
(fonte: no.gd)
Já que temos uma plenitude de caracteres de espaço para usar:
(fonte: rubyinside.com)
Usar unicode em uma codebase abre espaço para alguns absurdos e bugs complicadíssimos de rastrear. Outro problema claro está em tentar copiar e colar o código em ferramentas diferentes. Nunca se sabe o que pode acontecer.
Problemas técnicos de lado, tem sempre a questão da linguagem (a falada). Se é um projeto grande, ou que vire a ser opensource, é sempre recomendado utilizar o inglês no código, abolindo o uso de unicode.
Já em um projeto pequeno com uma equipe de poucos desenvolvedores, há bastante espaço para que regras sejam definidas e convenções próprias sejam criadas. Havendo um acordo entre todos, não há motivo para não. Lembrando de sempre pesar os prós e contras de adotar esse estilo.
Um caso que já vi acontecer e que considero de certa forma válido é na hora de escrever testes. Em muitos frameworks você define uma função/membro/método que vai ser um bloco de asserts a serem executados. Quando um falha, geralmente o nome dessa função é exibido na tela como o nome do teste que falhou. Como essa é uma função que você nunca chama explicitamente, usar espaços-unicode no nome pode ser interessante. Vai deixar a saída de erro bastante mais legível.
estilo-de-codificação
, ela aparece como uma das suas 3 top tags nesta página... Outro que tem uma tag curiosa é o Math,string
, who the heck é master em string? :D