Tentarei responder de forma objetiva, mas também analisando as escolhas de tecnologias em termos gerais.
Sobre Escolhas de API
Em primeiro lugar, a ideia de independência de fornecedores que diversas APIs vendem é tentadora mas, na maioria dos casos, dificilmente ocorre. Veja o caso dos servidores de aplicação, por exemplo. Alguém consegue fazer a distribuição de um mesmo WAR num Tomcat, JBoss, Glassfish ou Weblogic? Cada um contém recursos específicos que variam imensamente de um para outro. Por outro lado, se você ignorar completamente os recursos do seu servidor de aplicação, vai perder as vantagens de usá-lo.
Na prática, você deve escolher dentre as opções disponíveis a que pareça atender melhor os requisitos do seu projeto sem gastar tempo demasiado nisso, pois provavelmente não vale a pena entrar em muitos detalhes se tratando de produtos maduros e comumente usados no mercado. Claro que haverão escolhas erradas e isso é um risco real, então aqui conta muito a vivência e experiência da equipe e do líder.
Hibernate ou JPA?
Falando agora especificamente de JPA e Hibernate, posso dizer que o JPA realmente teve grandes avanços, mas por vezes você pode precisar de um recurso exclusivo do Hibernate, como Dynamic Queries ou User Types (Update: o Hibernate 4.3 implementa a especificação JPA 2.1 e possui a anotação @Converter
, assim não é mais necessário recorrer a um User Type para mapear um Enum ou tipo não padrão. De qualquer forma, o importante é a ideia representada no texto.).
Qual escolher então? A resposta é: nem um nem outro. Você pode usar as duas APIs ao mesmo tempo. Como sugestão, o JPA poderia ter preferência, mas a API do hibernate seria usada quando necessário. Particularmente eu não tive dificuldades em fazer isso.
Exemplo #1 de Hibernate + JPA: Queries dinâmicas
Usar uma query dinâmica permite não incluir campos nulos em comandos como INSERT
, por exemplo, de forma que o valor default do banco será usado. No Hibernate isso pode ser feito através do mapeamento XML ou das anotações @org.hibernate.annotations.Entity
e @DynamicInsert
(nas versões mais recentes).
Mas, suponha que você já tenha um persistence.xml e uma entidade JPA como abaixo:
@javax.persistence.Entity
public class MinhaEntidade { ... }
E agora? Basta acrescentar a anotação do Hibernate:
@org.hibernate.annotations.Entity
@org.hibernate.annotations.Entity(dynamicInsert = true)
public class MinhaEntidade { ... }
Exemplo #2 de Hibernate + JPA: Acesso à Session
E se tiver algum recurso de HQL que iria melhorar muito uma das funcionalidades? Não tem problema, apenas desempacote a Session
do Hibernate:
Session session = entityManager.unwrap(Session.class);
Impacto desta abordagem
Obviamente, seguindo esses exemplos, a implementação estaria "amarrada" ao Hibernate.
Porém, o impacto de uma mudança, que eu acredito que sempre haverá, será minimizado a algumas funcionalidades específicas.
Por fim, qual é a chance real de você precisar trocar o Hibernate por outra implementação JPA num futuro próximo? Não estou querendo dizer que o Hibernate é absolutamente superior, mas são mínimas as chances de alguém precisar muito de um recurso que só exista, suponhamos, no EclipseLink, e não haja nenhum workaround disponível.