Ruby é como jazz - há uma liberdade radical para o programador, que vem com seus prós e contras. Essa filosofia de liberdade é um dos pilares da linguagem, cunhada pelo criador, Yukihiro Matsumoto.
Uma dessas liberdades é a que você citou. Módulos (também classes pois são módulos) podem ser redefinidos em múltiplos arquivos, tal que:
# arquivo1.rb
module Matematica
def self.soma(a, b)
a + b
end
end
# arquivo2.rb
module Matematica
def self.soma(a, b)
a - b
end
end
# irb
Matematica.soma(1, 2)
# => -1
Essa redefinição nem precisa ser em arquivos diferentes, e segue o princípio do monkey patching em Ruby. Isso pode te ajudar a organizar seu projeto, mas se você não sabe realmente como isso funciona, pode gerar comportamentos indesejados ao sobrescrever métodos como no exemplo abaixo.
A falta de visibilidade é o maior contra, pois quando se abre um arquivo matematica.rb
, espera-se ver toda a definição do módulo Matematica
, e não que se tenha algo perdido em algum outro arquivo.
O que se quer alcançar ao definir o mesmo módulo em diferentes arquivos é diminuir o tamanho de um arquivo que está ficando, como a comunidade chama, gordo. Uma forma melhor de se fazer isso é usando um mixin, algo bem comum no Ruby. Um exemplo:
# matematica.rb
module Matematica
extend Soma
extend Subtracao
end
# matematica/soma.rb
module Matematica::Soma
def soma(a, b)
a + b
end
end
# matematica/subtracao.rb
module Matematica::Subtracao
def subtracao(a, b)
a - b
end
end
# irb
Matematica.soma 1, 2
# => 2
Matematica.subtracao 1, 2
# => -1
O exemplo acima é pequeno, mas imagine que nos "módulos internos" teríamos muita lógica, porém dentro de seu próprio contexto. E a API fica no módulo central, Matematica
, chamando os módulos internos.
Voltando pra filosofia de liberdade, o programador ainda pode fazer besteira, como sobrescrever algo sem querer. E a vantagem é se quero saber o que tem dentro de Matematica
, simplesmente abro o módulo e vejo tudo que ele está estendendo, evitando código espalhado.