O `"\xHH" dentro de uma string indica que os próximos dois caractéres (inidcaodos por "H") seraão interpretados como dígitos hexadecimais, e portanto, é uma forma de se representar qualquer byte arbitrário dentro de uma string em Python.
Assim, b"\xff"
vai corresponder a uma byte string com um único byte de valor 255 (ff em hexadecimal).
É importante ter em mente que em Python 3, assim como nas strings unicode de Python 2, um byte desses não necessariamente corresponderia a um caractere. Por conta da codificação específica utilizada para texto em Python 3, todos os bytes de 0 a 255 correspondem a codificação de caractéres conhecida como "latin1" - a mesma usada em muitas versões do Windows para o Português Brasileiro. Isso significa que qualquer byte arbitrário especificado com o prefixo "\xHH"
vai corresponder a um caractere imprimível de texto em Python 3.
Uma experiência interessante pode ser gravar dados numéricos num arquivo binário, le-los como texto e ver como aparece a representação:
In [23]: f = open("teste.bin", "wb")
In [24]: f.write(bytearray((0, 0, 255, 255, 128, 128)))
Out[24]: 6
In [25]: f.close()
In [26]: open("teste.bin", encoding="latin1").read()
Out[26]: '\x00\x00ÿÿ\x80\x80'
(No caso, o caractére Ÿ tem o código 255 (0xff): )
In [30]: print("\xff")
ÿ
De forma similar, em Python 3 (e em strings Unicode de Python2), o prefixo \u
permite designar um caractére unicode direto pelo seu valor de codepoint - para codepoints de até 16 bits (quatro dígitos hexadecimais)
Assim, por exemplo, o caractere de codepoint 0x263A, que é o emoji de carinha sorridente, pode ser colocado diretamente em código fonte Python:
In [42]: a = "\u263a"
In [43]: print(a)
☺
E par caracteres mais "longínquos", o prefixo \U
(com "U" maiúsculo) permite 8 dígitos hexadecimais - para expressar caracteres com codepoint maior que 65535 (0xffff). A semântica de "\xHH", "\uHHHH" e "\UHHHHHHHH" é a mesma.
Agora, o que pode ser interessante é que as vezes pegamos uma string "codificada duas vezes" - isso é, em que a sequência de \xHH
tem de fato quatro caractéres (por exemplo, se salvarmos um arquivo .txt com a sequência \x41
- de forma que seja um arquivo de 4 bytes). Se quisermos ler o único caractére representado pelo byte 0x41 ("A" maiúsculo), temos que fazer algumas manobras. Para simplificar podemos simplesmente escapar a própria "\" escrevendo "\" num string de Python (sempre Python 3):
In [37]: a
Out[37]: 'A'
In [38]: a = "\\x41"
In [39]: len(a)
Out[39]: 4
In [40]: a
Out[40]: '\\x41'
Ou seja - nesse caso, temos a "\" como um caractere separado - e não como um caractére que é combinado com o "x" e os dois dígitos seguintes em tempo de compilação pelo Python. Para podermos "compilar" isso para um único bytem temos que "descodificar" (decode) esse texto usando o codec especial "unicode_escape". Só que , não é tao simples - você não pode aplicar "decode" em um texto em Python 3, por que ele já é considerado "decoded" - você precisa ter uma byte-string para poder chamar o método decode. Como nossa variável "a" é uma string, a solução é converte-la primeiro para bytes, usando o método "encode" - usamos a codificação "latin1" que conveninentemente não altera nenhum valor do conteúdo, desde que seja um caractere com código menor que 255:
In [41]: a.encode("latin1").decode("unicode_escape")
Out[41]: 'A'