Repita comigo: jamais incluirei .c
sem maiores razões
Podemos usar de modo mais eficiente o seu Makefile
usando variáveis automáticas. Veja essa resposta explicando um pouco sobre a variável $<
. Para uma explicação extensa e mais voltada para compilação de arquivos C/C++, veja essa outra resposta.
Sobre o uso dos arquivos .h
, eu discorro um pouco sobre forward declaration nessa outra resposta.
Agora, vamos ao foco. O arquivo arp_poisoning.c
não depende do arp_discover.c
, mas depende das declarações dele. Depende das forward declarations dele, que ficam contidas no .h
. Para explicar o que está realmente ocorrendo, preciso agora entrar em detalhes de como funciona a compilação de um arquivo fonte em C.
Compilação de arquivo C
Por incrível que pareça, o compilador C trabalha apenas uma única entrada de cada vez. Ele pega essa entrada do chamado pré processador C. Na próxima seção vou falar o que é o pré processador.
C é uma linguagem que na prática é parseada em uma única passada, como boa parte das linguagens de programação. O compilador vai identificar toda definição + referências abertas e vai colocar seus resultados nos chamados arquivos objetos (arquivos .o
no mundo do GCC).
O que seria considerado definição nesse caso? Uma função com corpo está definitivamente definida. Uma variável global também está definida.
E referência aberta? Isso é um conceito para coisas que deveriam existir mas não existem no contexto do código compilado. Talvez exista por fora, mas o compilador não é capaz de fechar qual a implementação que está sendo de fato usada.
Quando acontece uma referência aberta? Acontece quando você informa que a variável existe, porém o arquivo não é "dono" dela; a variável é externa (extern
). Isso acontece com a variável errno
. Outro ponto de referência aberta? Funções que tiveram forward declaration.
Você pode e deve criar arquivos objetos com referências abertas. Porém você só pode criar executável depois de fechar todas as referências estáticas, depois de fazer todas as ligações, todos os binds. E quem faz isso? O linkador.
O linkador
O papel do linkador é resolver todas as referências abertas em cima do conjunto de arquivos objetos e bibliotecas disponíveis.
Como ele faz isso? Com um protocolo. Uma função em C vai ter um nome, e esse nome é reconhecido pelo linkador e gerado pelo compilador. O GCC gera esse valor colocando _
na frente do nome C da função. Por exemplo, a função capacidade
teria seu nome de linkagem _capacidade
.
O linkador vai procurar toda referência aberta e, caso não tenha encontrada a função para fechar essa referência, ele vai manter apontada essa referência aberta. Caso encontre uma definição de função, ele adicionará ao conjunto de funções conhecidas; caso essa função tenha uma referência aberta para ela, o linkador vai fechar a referência. Caso seja encontrada uma segunda definição, o linkador aborta com erro: duplicidade de definição.
O pré processador C
O pré processador C é um processador de textos em geral; também é conhecido como CPP. Ele surgiu para trabalhar com arquivos C, mas podem ser usados para processar outros arquivos textuais.
De modo geral, tudo que contém #
em linha de código C vai ser interpretado pelo CPP. Depois de um #
, vai vir um comando CPP. O CPP também fará substituição textual de tudo aquilo que está definido para pré processamento.
Alguns comandos:
#define MACRO val
: define MACRO
com o valor val
; isso significa que toda string no texto, a partir do momento da definição de MACRO
será substituída verbatim por val
; caso o valor não seja definido, assume-se string vazia; pode-se usar argumentos para a definição;
#include "abcde"
: considera que, o exato ponto deste include
ele deve levar em consideração como continuação da entrada todo conteúdo do arquivo abcde
, pré processando abcde
também; todas as definições prévias continuam valendo.
O que acontece ao incluir outro .c
na minha fonte?
Vamos lá. Tomemos como exemplo um arquivo mais simples. Vou chamar de hello.c
e o say_hello.c
.
hello.c
:
#include <stdio.h>
void hello() {
printf("hello\n");
}
say_hello.c
#include <stdio.h>
#include "hello.c"
int main() {
hello();
return 0;
}
Vamos ver qual vai ser a saída do CPP, que é a entrada do compilador propriamente dito? Vou ignorar a parte da biblioteca padrão porque não vem ao caso:
/* coisas do stdio.h */
void hello() {
printf("hello\n");
}
int main() {
hello();
return 0;
}
Ok. Então, ao compilar say_hello.c
, teremos duas definições devidamente implementadas e uma referência aberta no say_hello.o
. As definições são:
_hello
_main
A referência aberta é:
printf
Ao mandar o GCC juntar o say_hello.o
com o hello.o
, teremos duas definições para _hello
. O que significa que não vai rolar a compilação.
Como proceder?
Simples: inclua os headers/.h
. Compile os arquivos .c
individualmente. Junte tudo em um grande executável. A resposta com a compilação em C++ trata disso muito bem. De modo geral, pode ser feito isso também no makefile
:
.PHONY: all
all : teste
teste : arp_discover.o arp_poisoning.o
gcc -o $@ $^
%.o : %.c
gcc -o $@ $< -c
arp_discover.o : arp_discover.h
arp_poisoning.o : arp_discover.h
capacidade
,posicao
,sendRequests
,receiveReplies
egetHosts
mais de uma vez..c