Comecei aprender C# e até Java por interesse em desenvolvimento de
jogos. Mas sei que muitos são desenvolvidos com C++, principalmente
por não ter um garbage collector.
Isso não é necessariamente verdade. Muitos jogos são (ou eram) desenvolvidos em C++ primeiramente pelos motivos de portabilidade e desempenho. Só que essa realidade tem mudado consideravelmente com os motores de jogos como a Unity3D. Hoje é mais comum desenvolver o jogo quase todo numa dessas ferramentas, e usar C++ apenas para código crítico (por exemplo, algum teste de colisão especial que precisa ser feito, ou algum cálculo de Inteligência Artificial). Como já lhe foi bem explicado em outras respostas, mesmo uma linguagem em que não se tem GC vc pode ter problemas se planejar incorretamente o uso da memória.
Claro que eu sei que vários jogos são feitos em C# e Java.
Justamente por causa da produtividade obtida com ferramentas e/ou bibliotecas que usam essas linguagens. Mas eu ainda duvido que o principal motivador de uso seja a existência ou não do GC.
Imagino que seja a pausa que causa problema. O que eu quero saber mesmo é como é resolvida a pausa no desenvolvimento de um jogo feito nestas linguagens.
Eu não entendi de que pausa você se refere. Seria a pausa do jogo, ou o intervalo que o GC leva pra remover a memória não mais referenciada? Se você se referia à primeira, não há razão para isso ser um problema pois durante esse tempo nenhum objeto é criado ou deletado (supostamente, claro - afinal, vc pode ter cometido erros na sua implementação de pausa). Se você se referia à segunda (que eu acho mais provável), a resposta aceita te explica tudo em detalhes técnicos mas a essência tá em: "produza menos lixo e faça o GC trabalhar a seu favor".
Em um jogo, "produzir lixo" é criar objetos (isto é, alocar memória) e depois jogá-los fora (isto é, deixar de referenciar aquela memória). É algo muito fácil de acontecer. Por exemplo, imagine um jogo simples em que você atira em aviões com uma bateria antiaérea a partir do solo. O jogo constantemente irá instanciar:
- Aviões
- Projéteis lançados pela bateria antiaérea
Os aviões e os projéteis são ambos destruídos quando o primeiro é atingido pelo segundo, certo? Além disso, os aviões eventualmente sairão da tela se não forem atingidos, assim como os projéteis sairão da tela se não atingirem um alvo. Se você instanciar novos objetos dessas classes e destruí-los quando ocorrer um impacto ou quando saírem da tela, você não terá vazamentos de memória (isto é, memória eternamente presa e inutilizável), e o seu jogo funcionará super bem. Para jogos simples, em que poucos desses objetos são instanciados, você não precisa se preocupar e pode deixar o GC fazer o trabalho dele da forma que foi projetado.
Mas e se o seu jogo é suficientemente complexo para você precisar ter muitos desses objetos? Nesse caso, talvez não faça sentido criar e destruir os objetos continuamente, pois a carga sobre o GC será muito grande e constante (isto é, você estará produzindo muito lixo e não estará fazendo o GC trabalhar a seu favor). Uma alternativa nesses casos é utilizar "tanques" (pools em inglês) de objetos pré-criados que são realocados depois de utilizados (por exemplo, a mesma bala que sai da tela é feita invisível e "transportada" novamente para a boca do canhão para ser disparada novamente).
Deixar objetos pré-criados ajuda no desempenho porque não sobrecarrega o GC, mas é claro que a memória tem seus limites e você não pode simplesmente deixar esse "tanque" crescer indefinidamente. Por isso realocar os objetos costuma ser uma boa prática.
Enfim, isso tem que ser feito com cuidado, considerando não apenas os aspectos técnicos aqui discutidos, mas também a experiência do jogador (que é algo muito importante nesse tipo de software). Um exemplo clássico é o dos buracos de bala deixados nas paredes do CounterStrike. Eles provavelmente são objetos mantidos em um desses tipos de "tanques" e são realocados quando o "tanque" se esgota. Funciona bem, mas já causou quebra de imersão em jogadores que tentaram literalmente escrever em paredes com os tiros (as letras iniciais iam sumindo conforme os objetos dos buracos de bala eram realocados). :)