Minha intuição diz que este problema não tem uma solução exata como no caso da média. Pensando num caso simples, com duas amostras x
e y
, onde
x <- c(1, 1, 1)
y <- c(1, 2, 3)
Temos que
median(c(x, y))
[1] 1
Mas se tentarmos fazer a média das medianas ou a mediana das medianas, obtemos valores diferentes do valor procurado:
mean(c(median(x), median(y)))
[1] 1.5
median(c(median(x), median(y)))
[1] 1.5
Isto se deve ao fato da mediana jogar informação fora, ainda mais informação do que a média joga. Por exemplo, o tamanho amostral não é importante para calcular a mediana. A única coisa que importa é saber se o tamanho amostral é par ou ímpar.
Por isso, volto à minha afirmação inicial. Minha intuição diz que este problema não tem uma solução exata, mas nada nos impede de encontrar uma solução aproximada.
Já ouviu falar em bootstrap? É uma técnica estatística que permite encontrar a distribuição amostral de qualquer estatística sobre a qual não temos maiores informações.
A ideia básica é pegar uma amostra de tamanho n = x_l + y_l, com reposição, dos dois vetores que tu tem, e calcular a mediana de cada uma delas. Repita este procedimento milhares de vezes. Com isto, tu vai ter a distribuição amostral da mediana da tua população de interesse. Aí vai ser possível calcular a média ou a mediana destas amostras. Este link tem uma aplicação bem bacana deste conceito. Eu escrevi um pequeno código que faz isto, sem utilizar o pacote boot
do R
. Neste código eu tomo amostras de tamanho 10, que podem ter tamanho x_l
de 0 a 10 para o vetor x
e tamanho n-x_l
para o vetor y
. Eu repito este procedimento 10 mil vezes. No final, tomo a média destas simulações como sendo o valor da mediana de c(x,y)
:
n <- 10
repl <- 100000
median_boot <- 0
for (i in 1:repl){
x_l <- sample(0:n, 1)
y_l <- n-x_l
x_sample <- sample(x, x_l, replace=TRUE)
y_sample <- sample(y, y_l, replace=TRUE)
median_boot[i] <- median(c(x_sample, y_sample))
}
mean(median_boot)
1.29458
median(median_boot)
1
sd(median_boot)
0.4767598
hist(median_boot)
Note que a média 1.29458
ficou distante do valor real da mediana, que é 1
. Entretanto, ficou muito melhor do que o valor 1.5
que estimei anteriormente, de maneira ingênua. Isto ocorre porque os dados que utilizei são bastante mal comportados. Estes resultados devem ficar bem melhores se tu tiver uma distribuição "melhor" comportada, com mais dados, mas não necessariamente simétrica em relação à média.
Além disso, é possível, com o vetor median_boot
, criar um intervalo de confiança empírico para a mediana. No caso, basta pegar os percentis a 2,5% e 97,5% para encontrá-lo:
c(quantile(median_boot, 0.025), quantile(median_boot, 0.975))
2.5% 97.5%
1.0 2.5
Novamente, o resultado não ficou muito bom porque a distribuição que utilizei não é boa. Os resultados ficarão mais adequados se tu trabalhar com uma distribuição com comportamento melhor, não algo degenerado como este exemplo.
Tu chegou a tentar usar artifícios do R que permitem carregar bases de dados bem grandes na memória? Será que algo assim talvez ajude a resolver o teu problema, já que os dados não seriam carregados completamente na memória RAM?