Esse exemplo de código está em XHTML, um padrão que tenta unificar HTML com XML. Ambas as linguagens são bastante semelhantes, mas há algumas diferenças cruciais, por isso a necessidade de se especificar um DOCTYPE
.
O Doctype é uma declaração que associa o documento corrente com um DTD ("document type definition"), este responsável por definir qual a sintaxe exata utilizada (XML ou SGML, da qual HTML é um dialeto), quais elementos são permitidos, quais atributos, etc. A sintaxe geral dessa declaração é:
<!DOCTYPE root-element PUBLIC "FPI" ["URI"] [
<!-- internal subset declarations -->
]>
ou:
<!DOCTYPE root-element SYSTEM "URI" [
<!-- internal subset declarations -->
]>
No seu exemplo, o elemento raiz é o html
(a tag principal do documento), o tipo é público (pois a especificação HTML é aberta ao público), o primeiro valor entre aspas é um identificador único para aquele DTD, e o segundo valor é a URI pública do documento que o descreve.
No caso, trata-se de um XHTML. Se fosse HTML 4 modo estrito, por exemplo, seria:
<!DOCTYPE HTML PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 4.01//EN"
"http://www.w3.org/TR/html4/strict.dtd">
No caso do HTML5, a sintaxe permite omitir a declaração de um DTD, dizendo somente que "o documento é HTML5" e mais nada:
<!DOCTYPE html>
Já o xmlns
nada mais é que um namespace XML - como um documento XHTML é um tipo de XML, ele pode possuir um namespace que determina o significado de cada um dos elementos nesse documento. Se você quisesse embutir um outro tipo de documento dentro do XHTML, por exemplo SVG ou MathML, e esses documentos tivessem elementos com o mesmo nome dos elementos XHTML, poderia entrar em conflito. O uso de namespaces ajuda nesse sentido, permitindo que você prefixe os elementos "estrangeiros" com um identificador dizendo que eles são elementos de um tipo diferente de documento, com seu próprio namespace. Exemplo:
<html xmlns="http://www.w3.org/1999/xhtml" xml:lang="en" lang="en">
<head>
<title>A Math Example</title>
</head>
<body>
<p>The following is MathML markup:</p>
<math xmlns="http://www.w3.org/1998/Math/MathML">
<apply> <log/>
<logbase>
<cn> 3 </cn>
</logbase>
<ci> x </ci>
</apply>
</math>
</body>
</html>
Fonte
Nesse exemplo acima, todos os elementos dentro de math
são considerados elementos do MathML, e não do XHTML, para fins de validação. Nesse caso não foram necessários prefixos (pois os elementos não se misturaram), mas em outros casos eles poderiam ser necessários:
<!-- initially, the default namespace is "books" -->
<book xmlns='urn:loc.gov:books'
xmlns:isbn='urn:ISBN:0-395-36341-6' xml:lang="en" lang="en">
<title>Cheaper by the Dozen</title>
<isbn:number>1568491379</isbn:number>
No trecho acima, o elemento title
pertence ao namespace padrão do documento, enquanto o elemento number
pertence a outro namespace.