Traits podem ser vistos quase como uma automatização do Ctrl+C
e Ctrl+V
. Essa definição pode parecer grosseira, mas na verdade traits podem ser bastante úteis se usados com cuidado em situações específicas (mais sobre isso abaixo).
O recomendável é que você continue usando interfaces para definir contratos (como uma documentação do projeto) e classes abstratas para implementar o código base desses contratos, deixando alguns métodos mais específicos para as suas classes-filha implementarem. Enfim, se a hierarquia de classes pra seu projeto é importante, continue fazendo desse jeito.
E quanto aos traits?
Eles definitivamente não servem para definir contratos. Traits ignoram completamente a hierarquia de classes. Use-os para definir comportamentos muito específicos, que possam ser reutilizados por tipos diferentes de objeto. Entre outras coisas, eles são bem úteis para classes que implementam contratos que se repetem diversas vezes.
Por exemplo: imagine que você tenha as seguintes classes base:
- Jogador
- Veículo
- Arma
- Inimigo
- Cenario
E as seguintes classes filha:
- Rafael
extends
Jogador
- Carro
extends
Veículo
- Moto
extends
Veículo
- Magnum
extends
Arma
- AR-15
extends
Arma
- Faca
extends
Arma
- Soldado
extends
Inimigo
- Monstro
extends
Inimigo
- Agua
extends
Cenario
- Fogo
extends
Cenario
- ...
- TanqueDeGuerra
extends
Arma ou Veículo?? E se ele puder ser controlado? É um Jogador também? Olha! Ele também pode receber dano!
Num caso como esse, traits seriam úteis para definir métodos e propriedades bem específicos que podem ser usados por diversos objetos de tipos diferentes. Por exemplo:
//Pode ser type-hinted
Interface RecebeDano {
protected $vida;
public function foiAcertado($dano);
}
Interface CausaDano {
protected $dano;
public function acertou(RecebeDano $alvo);
}
//Pode ser usado pelas classes Jogador (com as mãos),
//Arma (todas), TanqueDeGuerra e Fogo (item do cenário)
Trait ImplementsCausaDano {
protected $dano = 10; //Pode ser sobrescrito pela classe
public function acertou(RecebeDano $alvo) {
$alvo->foiAcertado($this->dano);
}
}
"Ah, cara, mas isso eu posso fazer com classe abstrata!"
Bom, vamos com calma aí. Você só pode estender uma única classe abstrata. Ou seja, ela claramente define uma relação de pai-filho. Se você quer forçar a hierarquia das classes, beleza. Porém, se você precisa de uma estrutura mais flexível (como o exemplo do tanque acima), traits são o melhor caminho.
Importante:
Os métodos das traits são avaliados como se tivessem sido definidos na própria classe que os usa, ou seja: ele tem prioridade sobre um método de uma classe pai com o mesmo nome.
A única entidade que pode sobrescrever um método de um trait é a própria classe que o usa, ou outra trait que tenha o mesmo método. Se a classe que usa os traits não definir explicitamente qual método prevalece, isso vai causar um conflito.
Nesse caso, o PHP oferece a seguinte sintaxe para resolvê-los:
class Classe {
use TraitA, TraitB {
TraitA::metodoDuplicado insteadof TraitB;
}
}
Para finalizar, se você quiser lembrar do que cada estrutura pretende ser, pode observar a semântica dos comandos que você escreve:
Interface você implementa:
Ela é um contrato. Ela não pode implementar nada, apenas definir, mas o que ela
define você tem que seguir.
Classe abstrata você estende: (herda)
É um pai. Ele vai te ajudar no que você precisar para constituir a sua base, porém algumas coisas você vai ter que fazer sozinho.
Trait você usa:
Ela é uma ferramenta. Você pode usá-la para o bem ou para o mal. "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades." (Ben, Tio)
trait
? php.net/manual/en/language.oop5.traits.php#107965