Sim - você deve usar uma property
somente - e somente se - o acesso ao atributo envolver algo que vai ser computado ao vivo, e seja mais prático e legível fazer isso com uma atribuição (o operador =
) do que chamando um método.
Se você não vai modificar, filtrar, testar nada no atributo que está usando, não tem por que criar uma property.
Existe uma cultura - que se desenvolveu de forma equivocada - vinda de outras linguagens orientadas a objeto de que todos os acessos a atributos deveriam ser feitos por 'getters' e 'setters' - e todos os atributos deveriam ser privados.
Devido as escolhas e design da linguagem Python, em que tudo é aberto, você não ganha absolutamente nada ao criar getters e setters extras se não tiver nenhum código relevante dentro dos mesmos. (As property
são a forma pythonica de se passar pelos getter e setter mantendo a sintaxe de acesso ao atributo limpa - sem precisar chamar um método.
Então, por exemplo, nesse caso, você poderia usar properties para garantir que o nome sempre seja uma string:
class Person:
def __init__(self, name):
self.name = name
self.kind = kind
@property
def name(self):
return self._name
@name.setter
def name(self, value):
if not isinstance(value, str):
raise TypeError("...")
self._name = value
mas mesmo esse tipo de checagem -s efor feito em todos os atributos, é meio besta - a ideia é que a linguagem possa aceitar qualquer tipo de parâmetro que funcione para o que ela precisa, e deixe acontecer runtime error se for passado um parâmetro que não funcione. Testar um atributo assim, excepcionalmente é uma coisa - se você estiver testando todos, é hra de rever os conceitos e seu estilo. Em particular, Python atual permite checagem estática de tipos de dados - então você pode criar todo o seu sistema com as annotations
corretas e usar o mypy
para verificar se está tudo bem.
Continuando - perceba que uma das grandes vantagens da sintaxe de properties é exatamente que qualquer atributo de uma classe pode se transformar num atributo gerenciado por código - isso é, uma property, ou outro tipo de dado - sem que quem use a classe precise mudar nada, nem mesmo saber disso.
Isso é: eu posso criar uma biblioteca que na versão 1.0, os atributos "x" e "y" de uma classe "ponto" sejam atributos de instância normais - e na versão 2.0 da mesma biblioteca transforma-los numa property que garanta que sejam sempre números - quem usava a versão 1.0 pode continuar usando da mesma forma com ponto.x = 10
.
Essa funcionalidade do Python, de fazer o acesso a um atributo passar por código, não é exclusiva das properties - na verdade, ela é definida pelo "protocolo de descritores" (descriptor protocol), e acredito que está melhor documentada no documento chamado "Data Model" da linguagem: qualquer objeto que seja um atributo de classe, e que tenha um método de classe de nome __get__
vai ser tratado de forma especial quando for acessado como atributo. A property
é apenas uma classe bastante conveniente para construir esses descritores usando métodos da própria classe para acessar os atributos - mas o mecanismo também é usado para acoplar campos de objetos a colunas de bancos de dados, como no ORM SQLAlchemy ou no ORM do Django, e pelas próprias funções do Python, que usam o mecanismo de descritores para que o atributo self
seja inserido automaticamente quando elas são usadas como métodos.
Sobre atributos começando com dois __
: Aproveitando o ensejo, não use o prefixo de __
para seus atributos. Você não ganha nada com isso - isso ativa uma feature da linguagem de mudar o nome real do atributo em tempo de compilação, para evitar colisão de nome nas subclasses - não é algo como um "atributo privado". Na segunda década de existência do Python (mais ou menos de 2000 até 2013) saiu muita documentação - tutoriais, artigos e livros, tratando o prefixo __
como se fosse o equivalente a atributos privados do Java e C++ - não: atributos privados não existem na sintaxe ou nas especificações de Python. Existem apenas por convenção: isso é, programadores concordam que atributos e métodos começando com um (e apenas um) _
devem ser acessados apenas pelo desenvolvedor de uma classe ou de um módulo, e seu comportamento não precisa ser documentado, e pode estar sujeito a mudanças entre versões de uma biblioteca ou pacote. Mas isso é apenas uma convenção - a linguagem não faz nada para "enforce" isso.
Por outro lado os __
ativam essa funcionalidade de "name mangling" - que a não ser que você saiba exatamente o que quer e o que esa fazendo, é mais provável que cause um bug dificílimo de entender no seu código do que o que você realmente pretende que aconteça (uma pista: em 18 anos desenvolvendo em Python - e todo tipo de código avançado e absurdo, eu nunca, nem uma vez, precisei dessa funcionalidade).