Há duas principais maneiras de se utilizar o branch, que chamarei de "branching by rule" (galhos criados por padrão) e "branching by exception" (galhos criados em condições excepcionais). Tocarei nesse assunto mais adiante, mas para simplificar a resposta assumirei a segunda estratégia - em que a maior parte do desenvolvimento ocorre no trunk e apenas ocasionalmente é feito um branch. Creio que essa estratégia seja mais aplicável à maioria dos projetos existentes, mas é apenas minha opinião.
Um exemplo de fluxo de trabalho
Digamos que você e outros desenvolvedores iniciaram um projeto de software. Cada um escreve um pouco de código, faz commit no repositório principal, obtém o código dos outros usando update, etc, até que seu sistema esteja pronto para passar à fase de testes (ou QA, ou seja lá qual for a fase seguinte no seu fluxo de trabalho). A primeira coisa a fazer é congelar seu código no estado atual - não permitir mudanças no mesmo até que ele passe por todas as etapas de testes até ele estar pronto para a produção. Se algum erro for detectado numa dessas fases, não se deve alterar o código ali mesmo e seguir em frente; é importante que as alterações feitas pela equipe de desenvolvimento sejam novamente congeladas e comecem o ciclo todo de novo (caso contrário as mudanças podem introduzir novos bugs, que não serão detectados a menos que o código volte à equipe de testes).
Esse é o momento em que o uso de um tag se mostra útil: se você está planejando a versão 1.0
, e seu código - se aprovado - se tornará a versão 1.0
, você pode "etiquetar" a revisão atual como 1.0 RC1
por exemplo ("candidato 1 à liberação 1.0"). É essa revisão que a equipe de testes vai usar, é essa que a equipe de QA vai usar, é essa que a equipe de homologação/staging vai usar... e se todas aprovarem, é essa que vai pra produção. Se alguma dessas equipes vetar a revisão, os desenvolvedores corrigem os bugs, etiquetam a nova revisão como 1.0 RC2
e enviam para os testes. Eventualmente uma delas irá ser aprovada por todos, e essa mesma receberá também a etiqueta 1.0
.
Os desenvolvedores, é claro, já podem ir desenvolvendo a versão 1.1
(ou 2.0
) se quiserem - não precisam necessariamente esperar pela 1.0
ser aprovada. Mas se o candidato à liberação (release) for rejeitado, não seria uma boa ideia pegar o código do jeito que está - cheio de código que só iria ficar pronto na versão seguinte - e tentar acabá-lo às pressas para "encaixar" na versão 1.0
. Melhor seria interromper o que se está fazendo, pegar de volta o código com a etiqueta 1.0 RC1
e fazer as alterações necessárias a partir deste.
Esse é o momento em que se faz um branch - parte-se da revisão 1.0 RC1
, cria-se um novo branch para a versão 1.0
e começa-se a modificá-la. Faz-se quantos commits forem necessários nesse branch, até que se acredite que o código está estável o suficiente para se tornar o 1.0 RC2
. Quando isso finalmente for feito, envia-o aos testes e volta-se a trabalhar no trunk - talvez mesclando (merge) as correções feitas nesse branch ao código principal no trunk (pra não ter que repetir tudo lá). Se aplicável, é claro. O branch criado pode ser mantido - futuras modificações na versão 1.0
podem partir desse galho (uma vez que tudo o que é relativo às versões posteriores estarão no trunk).
Por fim, e se a versão 1.0
já estiver em produção e um novo bug surgir? Não seria bom simplesmente dizer "espere até a 1.1, daqui a umas 3 semanas ela vai estar pronta", o correto é providenciar uma 1.0.1
o mais rapidamente possível. Isso é feito da mesma forma descrita acima: pega-se o branch da 1.0
(nesse caso não é necessário se criar outro, pois a 1.0 está pronta, ela só vai receber correções de bug daqui pra frente), faz-se as mudanças necessárias nele e etiqueta-se como 1.0.1 RC1
. Faz-se uma 1.0.1 RC2
se necessário, da mesma forma que acima, até uma delas ser aprovada e virar a 1.0.1
. Novo bug? Segue-se para a 1.0.2 RC1
. E assim por diante.
Branching por padrão
O fluxo descrito acima assume que todo o desenvolvimento "principal" será feito no trunk - o que muitas vezes é razoável, pois muitos projetos só são implantados em um só local (o servidor de sua empresa, por exemplo). Mas em outras é necessário se manter várias versões ao mesmo tempo, por exemplo quando se tem N clientes com seu sistema instalado e cada um deles possui uma versão específica - e sem condições de atualizar toda vez que uma versão nova surge.
Nesse caso, pode ser (mas não necessariamente é) melhor não fazer o desenvolvimento todo no trunk, em vez disso se criar um branch separado cada vez que uma versão nova for planejada. Às vezes é desejável fazer isso independentemente do cenário, já que se pode planejar e ir desenvolvendo várias versões simultaneamente, i.e. se você já sabe que provavelmente terá uma versão 1.1
paralela à 2.0
, fica difícil saber qual é o mais indicado pra ocupar o trunk, então que tal decidir por "nenhum deles" e dar a cada versão seu galho separado? Mesmo porque no primeiro bug que aparecesse você teria de fazer isso mesmo...
Se você optar por essa estratégia, então resta ainda a pergunta: o que colocar no trunk? Eu diria que seu papel é armazenar a "última" revisão do código, aquela que "irá pra frente" quando novas versões forem planejadas e implementadas. Ou seja, se a 1.0
está em funcionamento, você decidiu acrescentar uma 1.1
para disponibilizar de imediato uma funcionalidade bacana que você está implementando na 2.0
, mas isso que você fez na 1.1
é só provisória - não serve pra versão seguinte, pois você já refatorou tudo - então esse código não iria ser mesclado com o trunk. Já uma correção de bug, que potencialmente afete todas as suas versões ativas, essa tem que estar prontamente disponível para ser mesclada com todas as "pontas de revisões" (tips - não sei se o SVN usa essa terminologia) relevantes - justificando assim sua inclusão no trunk.
Outras considerações
O uso que eu descrevi das tags é o mínimo necessário para uma gestão de liberações saudável - você pode criar mais etiquetas se quiser, por exemplo para denominar versões alfa e beta. Em suma, usa-se uma tag sempre que for interessante apresentar uma versão "congelada" do projeto a alguém (não no sentido que essa versão não será mexida, mas no sentido que sempre que alguém reportar um bug naquela versão você saiba exatamente em que estado seu código estava quando o problema foi identificado).
Quanto a "mudança em um código-fonte já existente, ou a criação de novos fontes em um projeto" isso não determina nem é determinado pelo uso de branches: se a mudança ou inclusão ocorrer durante o desenvolvimento principal, ela vai pro trunk como todo o resto; se a mudança ou inclusão ocorrer quando se está dando manutenção a uma versão já "finalizada" (i.e. em produção, ou em processo de homologação), ela vai pro branch daquela versão. Criando o branch, se ele ainda não existir (se o projeto correr excepcionalmente bem, com todos os bugs de uma versão resolvidos antes de se começar a desenvolver a próxima, então pode ser que jamais seja necessário criar um único branch).
Essa resposta se baseou em grande parte nos artigos Release Management Done Right ("Gestão de Liberações Feitas Corretamente") e Source Control Done Right ("Controle de Versões Feito Corretamente"), contextualizando de acordo com o pedido na pergunta (os originais são muito abrangentes para serem totalmente cobertos aqui) e com minha experiência pessoal (os padrões de versionamento, por exemplo, são fictícios, e não correspondem necessariamente a nenhuma "boa prática de versionamento").