Há sim, você tem justamente que estar usando classes. Você praticamente não colocou nenhum código, mas se estiver ok, você acessa o life no código usando self.life
(ou se for fora dos métodos da própria classe, nome_do_objeto.life
)
Bom, o que acontece em Python é que há como definir que alguns atributos sejam properties
: em vez de simplesmente armazenar o valor, o Python chama automaticamente um método cada vez que você quiser ler ou escrever um valor no atributo.
O uso moderno mais normal do property é como um decorador do método de ler valor que você quer para o atributo. Depois o próprio método pode ser usado como um decorador para o método de escrever no atributo. Mas essa forma fica mais confusa de entender a princípio - para fins didáticos, eu vou demonstrar primeiro a forma antiga de usar o property: você passa a função "getter" e a "setter" como parâmetros, e ele devolve o objeto que será usado como "atributo inteligente".
class Jogador: # em geral
def __init__(self, ...):
self.life = 10
...
def set_life(self, value):
self._life = value
if self._life <= 0:
print("Você morreu")
# Mas melhor que usar o print, é fazer raise em
# uma exceção customizada - veja abaixo
...
def get_life(self):
return self._life
life = property(get_life, set_life)
Pronto - pode fazer testes com essa classe - cada vez que alguém tentar colocar um valor igual a zero ou negativo em life
, ele vai fazer o print. Perceba que ele ainda precisa guardar o valor real em algum lugar- por praxe usamos o nome do atributo com um "_" como prefixo: o self._life no caso funciona como um atributo normal de Python - mas todo o código que for escrito, deve usar o self.life - e aí o código das duas funçõezinhas acima é executado. (inclusive se você usar os operadores de atribuição aumentada, do tipo self.life -= 1
)
O "property" é um construtor embutido no Python que retorna um objeto especial, que ao ser associado a um atributo dentro de uma classe ganha essas propriedades. Quem quiser entender os detalhes de como isso funciona internamente deve procurar ler sobre o "descriptor protocol" do Python.
Então, tem mais duas coisas bacanas pra falar: a primeira é usar o property como é usado "modernamente", com a sintaxe de decoradores.
E a segunda é - veja que nesse código podemos fazer o print de que o "jogador" morreu, mas o jogo vai continuar funcionando normalmente - até achar um "if" que verifique a vida;
O ideal é que quando o método detectar que a vida caiu abaixo de zero, você quer sair da rotina principal do jogo, e ir para uma tela de "fim de jogo" (ou o código que subtrai um "continue", etc...) - Para isso, fazemos uso do mecanismo de exceção do Python - o mesmo que normalmente é usado pela lignaugem quando há um erro. Nesse caso, fazemos um uso controlado dele - primeiro criando uma exceção específica para "GameOver", e em seguida, executando o código principal do jogo dentro de um bloco try/except .
Tudo junto, fica mais ou menos assim:
class GameOver(Exception):
pass
# Isso mesmo - basta herdar de exception e não fazer mais nada
# "GameOver" agora pode ser usado com o comando Except.
class Jogador:
def __init__(self, ...):
self.life = 10
...
@property
def life(self):
return self._life
@life.setter
def life(self, value):
self._life = value
if self._life <= 0:
raise GameOver
def principal():
jogador = Jogador()
while True:
# aqui vai o código principal do seu jogo
# quando o jogador morrer, a execeção vai fazer
# o programa sair desse while, e cair dentro
# do bloco "except GameOver" abaixo.
def controle():
continua = "s"
while continua == "s":
try:
principal()
except GameOver:
print("Você morreu!")
continua = input("Jogar de novo? (s/n) :")
controle()
Note que a mesmíssima estrutura funcionaria também para um jogo no modo gráfico usando o pygame, por exemplo.
Já outras bibliotecas gráficas, como pyglet, ou mesmo o tkinter, pygtk, e pyqt, funcionam num esquema diferente, com eventos e callbacks - nesses casos, o seu programa não teria um while True
como o que está acima - a própria biblioteca gráfica tem um laço principal dela, onde ela checa eventos. E aí, em vez de usar exceções para controlar o fluxo do programa, você usa os mecanismos de "eventos" - cada biblioteca dessas vai ter um sistema de eventos. O "property" funciona da mesma forma, mas em vez do "Raise", você adiciona um evento de "GameOver" - que deve ser tratado apropriadamente.