O especificador inline
tem dois usos bem distintos. O primeiro é dar a dica ao compilador de que aquela função provavelmente vai ter melhor desempenho se for substituída na chamada. A segunda, e talvez negligenciada, é permitir que a função seja definida duas vezes. Vou explicar:
Suponha que você tenha um cabeçalho matematica.hpp
com a função assim:
int cubo(int n) {
return n*n*n;
}
Agora crie dois arquivos de código diferentes, um com a função main
e outro com uma outra função qualquer. Se ambos incluírem o seu cabeçalho, ambos vão definir uma função cube
. Na hora de gerar o executável final isso dará problema por que o linker não saberá qual das duas usar (mesmo sendo idênticas). Se adicionar inline
na definição esse problema some. O linker meramente assume duas funções inline
com o mesmo nome são iguais e usa uma das duas sem dar erro. Ou seja: com o inline
você pode definir funções em cabeçalhos. Isso é necessário por que para efetivar a otimização, o compilador precisa de fato ter a definição da função em todas os arquivos.
Agora o ponto interessante: compiladores são espertos. Eles vão tomar a iniciativa de otimizar a função com ou sem a sua dica do inline
. Da mesma forma, o compilador pode escolher não otimizar se ele concluir que os custos são maiores que os benefícios. Por exemplo, seu código, seja com ou sem o inline
produz resultado idêntico quando compilado com -O2
(otimize velocidade, não agressivamente). Mas se você deixar, por exemplo, a função maior (experimente adicionar um cout
dentro dela) o compilador escolherá não aplicar a otimização em mesmo -O2
por conta do aumento no tamanho do código. Mas, se você incluir a dica inline
, ele o fará confiando de que você tem um bom motivo para querer o inline.
Mas se os custos forem enormes (exemplo, fazer inline de uma função de 1000 linhas dentro de uma que tem menos de 10), o compilador muito provavelmente recusará, mesmo com a dica. Você pode ainda assim forçar usando o seguinte:
int cubo(int n) __attribute__((always_inline)); // Isso é específico do GCC. Não funcionará
// em qualquer outro compilador.
inline int cubo(int n) {
return n*n*n;
}
Me voltando agora para a sua questão específica. O inline tem dois lados bons e um lado ruim. A primeira é remover a necessidade de uma chamada de função. Pode parecer pouco, mas organizar os argumentos e fazer o salto para uma região de código possivelmente distante custá alguns ciclos. A segunda é que isso permite mais otimizações no código resultante, como reduzir 3*3*3
para 27
e poupar mais. A desvantagem é o aumento de código. Se uma função de 5 linhas for otimizada em 10 lugares, são 50 linhas a mais de código. E isso pode fazer com que uma função ou o corpo de um loop não caiba no cache de código do processador, e forçar ele a ter que ler memória no meio de uma execução crítica.
De forma simples: Use o inline
em qualquer função definida em um cabeçalho. Use o inline
em qualquer função que seja muito pequena e trivial. Não use o inline
em qualquer outro lugar a não ser que saiba o que está fazendo e tenha certeza de que será uma melhora de performance (fazendo benchmarks).