Como já responderam muito bem sob os aspectos técnicos, vou responder sob o ponto de vista da UX.
Porque alguns sistemas exigem senhas tão fortes?
Porque há uma preocupação legítima com a segurança dos usuários - e também com o negócio da empresa. Não importa o serviço que se esteja oferecendo (saque do próprio dinheiro ou acesso aos memes no Facebook, por exemplo), se a conta de um usuário for roubada esse usuário não será o único a ter problemas. A percepção geral da qualidade do serviço será afetada em pouco tempo, pois o usuário certamente irá compartilhar essa ocorrência com seus pares. Além disso, enquanto que do ponto de vista do indivíduo o pior que pode ocorrer é o roubo dos seus dados/bens, do ponto de vista da companhia o pior é o roubo da identidade: ao se passar por alguém que não é, o meliante terá mais facilidade para roubar mais usuários usando engenharia social (se fazendo passar por um amigo do Facebook, por exemplo) e ajudará o problema a crescer exponencialmente.
A solução utilizada então é dificultar ao máximo o acesso não autorizado, mesmo que em detrimento de outras qualidades (mais a seguir). Como os colegas já responderam bem, senhas complexas e maiores são estatisticamente mais difíceis de serem adivinhadas e comprovadamente mais difíceis de serem quebradas.
Isso não dificultaria o usuário a lembrar essa senha em uma possível
volta ao sistema?
Certamente sim. Na resposta aceita foi comentado que os bancos podem se permitir fornecer senhas curtas porque há outras restrições (até mesmo físicas). Embora isso seja verdade, essa não é a motivação. Trata-se de outra preocupação legítima com os usuários e com o negócio. Uma senha menor é potencialmente mais fácil de ser lembrada, mas o mais importante é que é mais rápido digitá-la na fila do banco! Senhas complexas requerem não somente equipamentos mais complexos (e caros), como também procedimentos igualmente mais complexos. Por exemplo, o teclado numérico do caixa eletrônico ocupa menos espaço físico do que um teclado alfanumérico; além disso, o usuário não precisa segurar um SHIFT para entrar com um caractere diferente. Ou seja, a preocupação do banco é fazer você aguardar menos tempo na fila porque isso é bom para você e (principalmente) para o banco, já que diminui as filas e permite o uso por mais clientes.
Na verdade o ideal para um banco seria não precisar de senha alguma, pois qualquer erro de digitação também gera atrasos (<ironia>
ah, sim, claro, não vamos esquecer do usuário, que não precisaria mais ficar lembrando de nada</ironia>
). Não é para menos que até o Banco do Brasil agora tem caixas eletrônicos com leitores de impressões digitais ou palma da mão...
Sistemas devem forçar o usuário a criar uma senha forte?
Não, não deveriam. Em verdade a minha resposta para essa pergunta é a sugestão de troca de uma única palavra: Sistemas deveriam auxiliar o usuário a criar uma senha forte.
Primeiramente, é do interesse do usuário que seu perfil, seus dados e bens sejam mantidos seguros, de forma que as pessoas naturalmente se sentem motivadas a atuar para aumentar a segurança. Por exemplo, quer mais motivação intrínseca do que ser obrigado a alterar uma senha a cada 6 meses, utilizando tamanho mínimo de 8 caracteres, ao menos 1 dígito e 1 símbolo, não podendo repetir as 3 últimas senhas utilizadas, e mesmo assim continuar usando o serviço? (infelizmente é um caso real...). Em outras palavras, as pessoas tendem a utilizar as senhas que uma empresa obrigar mesmo que isso torne a vida delas um inferno. Isso me faz crer que se esse processo for facilitado, elas irão continuar tendo esse interesse (ao contrário do que talvez se acredite por aí).
Em segundo lugar, já é amplamente sabido que senhas complexas demais são ruins não somente para a experiência do usuário, mas também para a segurança do sistema. Se o usuário for obrigado a utilizar uma senha difícil de memorizar (principalmente quando o processo de criação é obscuro para ele), são grandes as chances de ele anotar, reutilizar a mesma senha em diversos sistemas diferentes, e principalmente esquecer e precisar trocar. Estudos demonstraram, por exemplo, que o esquecimento de senhas não decorre de idade, como o senso comum pode levar a acreditar, mas à quantidade de senhas utilizadas pelo indivíduo e aos diferentes contextos em que são utilizadas (referência do estudo: Passwords Usage and Human Memory Limitations: A Survey across Age and Educational Background). Em outras palavras, quanto mais senhas uma pessoas precisa lembrar, e quanto mais deslocadas do contexto de uso cada uma dessas senhas são, mais as pessoas irão esquecer as senhas e precisar constantemente alterá-las.
Por isso o ideal seria que os projetistas construissem os sistemas de forma que os usuários fossem permitidos de construir senhas livremente, mas instruídos a fazê-lo usando sentenças reais e significativas pessoalmente no contexto de uso do sistema. Por exemplo, poder-se-ia ilustrar aos usuários que uma senha forte para um site de literatura não é um trecho de um livro de Shakespeare (que todo mundo pode conhecer), mas uma frase própria que traduz como ele se sente em relação ao serviço.
Por exemplo, considere a frase: "O livro que eu mais gosto de George Orwell é 1984!". Ela é relativamente fácil de ser lembrada pelo usuário porque (1) foi ele quem a escolheu livremente; (2) ela é significativa para o indivíduo; e (3) tem muita relação com o contexto de uso do sistema. Poder-se-ia argumentar que isso reduz a segurança pois essa informação pode ser conhecida por outras pessoas. Só que muito embora isso possa ser verdade, a frase é suficientemente complexa no sentido da quantidade de permutações para dificultar enormemente sua adivinhação exata. E, na prática, é isso que ocorre de qualquer forma: se a livraria usasse a mesma tática do banco, a senha desse usuário provavelmente seria apenas "1984". :)