Referências
Eu tenho falado bastante a respeito. Mesmo não sendo específico sobre Java a essência vale para ele. Veja em:
Evidentemente lembro mais do que eu respondi mas existem casos de outros posts bem interessantes nas mesmas perguntas ou outras. É fácil achar no site.
Importância do assunto
E o assunto é importante porque os programadores realmente não sabem como usar adequadamente. O que mostra o que eu digo que lidar com exceções não é algo trivial. Eu tenho aprendido muito sobre elas escrevendo estes posts. O perigo é quem acha que sabe tudo sobre o assunto é não precisa mais aprender nada.
Costuma-se defender as exceções porque ao contrário de códigos de erro elas obrigam o programador tratá-las. Mas não obrigam tratá-las adequadamente. Então vemos tantos catch (Exception e)
. O programador que não quiser fazer algo não fará. Capturar uma Exception
deveria ser proibido no fluxo normal de um programa (no Main()
ou perto dele, pode ser ok para dar a última ação antes da aplicação quebrar).
Capturar exceções muito genéricas escondem erros de programação. Quando o programador tenta capturar algo que ele não sabe bem o porque e o que pode vir ele acaba capturando o que não devia, acaba tratando de algo que não deveria ser tratado ou que deveria ser tratado de outra forma. O programa deve capturar a exceção mais especializada possível que possa fazer algo útil.
Pegando seu exemplo:
Se você está trabalhando com acesso a arquivos e precisa fazer algo quando dá qualquer problema na tentativa de manipulação dos arquivos, não importa se o arquivo não existe, se chegou ao seu fim inesperadamente ou não há permissão de acesso, há uma ação única que deve ser feita, qual é a exceção mais especializada necessária? Provavelmente a IOException
. Mas e se você precisa apresentar uma mensagem de erro na tela quando o arquivo não existe ou tem que fazer uma tarefa específica quando o fim do arquivo for alcançado inesperadamente? Aí as exceções mais especializadas precisam ser capturadas antes e possivelmente a IOException
em seguida para outros problemas de IO de forma mais geral.
Exceção especializada X generalizada
O programador e só ele no caso específico poderá saber se ele precisa escolher uma exceção mais especializada ou outra um pouco menos especializada. Não há receita de bolo. Exemplos até podem ajudar mas muitas vezes eles são interpretados como receitas de bolo e a má utilização se perpetua.
Tratar tudo como Exception (a superclasse de qualquer Exception) e quando uma vir, dar uma mensagem qualquer ao usuário e jogar a StackTrace num arquivo de log
Isto não é problema se for feito no local correto. Fazer isto no miolo do programa certamente não é certo. O que falou aí é "e depois deixar quebrar". Se o programa capturar uma Exception
tem uma enorme chance de ter capturado um erro de programação. Aí não tem mais nada o que fazer.
Tratar tudo como Excpetion, mas, dessa vez, já que o programa é realmente muito grande e o cliente provavelmente não está olhando para o console, imprimir a StackTrace e continuar normalmente.
Programador a procura de problemas. Só tem algo pior, engolir totalmente a exceção.
Avisar ao usuário de que um erro aconteceu e dar uma tratamento genérico.
Se for totalmente genérico cai no problema acima.
Saber o que resolver o problema
Mas o problema é que numa simples operação pode acontecer tanta coisa que é realmente tedioso dar conta de tudo
A regra básica é não capturar uma exceção que você não sabe ou não pode fazer algo realmente útil, que solucione o problema de alguma forma. Não pode fazer por querer, muito menos sem querer. Por isso não pode usar exceções genéricas demais para a situação. Os programadores se entediam porque eles tentar capturar exceções demais, exceções que não deveriam ser capturadas. Os programadores se condicionaram a acreditar que capturar exceções diminuem os bugs dos programas. Indiscriminadamente elas tendem a complicar a solução de bugs, elas escondem os bugs.
boa parte dos possíveis "erros" são extremamente improváveis
Improváveis porque? Porque não deveriam acontecer em produção? Se for isto, não trate-os. Se for uma situação inesperada, porém possível, apesar de improvável, aí tem que tratar, não tem escolha para fazer um programa robusto.
O que dá para fazer, é criar classes utilitárias que centralizam estes tratamentos. Até para não violar o DRY. Depois de um tempo, você praticamente não precisa fazer tratamentos novos, só usa a sua biblioteca. Claro, as capturas ainda precisam ser feitas no locais corretos.
Se uma IOException foi lançada, como propriamente tratar o erro sem nenhuma especificação do que precisamente aconteceu?
É um caso de captura um pouco mais genérica (só o suficiente) e uso das informações mais específicas genericamente (apresentando-as ou logando-as, por exemplo). Não é porque o programa captura uma IOException
que as informações específicas do FileNotFoundException
não estão disponíveis na variável usada na captura. Não é solução para tudo, mas serve bem em alguns casos. Se a ação pode ser a mesma, mas só a mensagem precisa ser específica, a captura deve ser feita nesta um pouco mais genérica.
fica difícil saber o que fazer
Ou está mal informado ou é porque não precisa fazer nada com esta exceção específica.
Java tem a vantagem discutível de indicar na API quando uma exceção deve ser tratada. Pena que nem todos os programadores usam o recurso corretamente, aí os consumidores de uma API acabam sofrendo para tratar de algo que ele não deveria. Isto é outro problema. Nestes casos, a única coisa que não pode fazer é fazer de conta que não tem nada para fazer e simular uma ação só para atender o requisito da API (o throws
).
Quando você sabe o que fazer com a exceção ela normalmente deve ser capturada o mais perto possível de onde ela foi lançada. O tratamento deve ser feito bem perto do erro (claro que o tratamento pode ser delegado para as classes utilitárias).
Tratar exceções específicas pode ser erro também. Capturar uma NullReferenceException
pra que? Para criar forçadamente uma instância que não conseguiu ser criada antes? O erro está em outro lugar. E ainda há o risco de estar capturando o mesmo erro certo, mas do lugar errado, inesperado. Exceções podem vir de qualquer lugar. No fundo estará tentando usar a exceção para fazer algo que deveria fazer parte do fluxo normal do programa.
Coloquei no GitHub para referência futura.