Considero a questão válida e relevante, mas tenho que admitir que isso entra um pouco no campo de opinião pessoal.

# Visão do Desenvolvedor

Como sou primariamente um **desenvolvedor**, tenho dificuldades em ver alguma vantagem num framework de processos como o RUP e outros tipos de frameworks como ISO, COBIT, CMMI, MBS.BR e ITIL.

Isso porque o desenvolvedor em geral está muito mais preocupado em entregar o software que foi designado para fazer. Além disso, desenvolvedores experientes sabem como fazer o seu trabalho muito bem e conseguem se auto-gerenciar.

# Visão da Equipe

Dentro de uma grande empresa, uma equipe de desenvolvimento possui uma visão pequena do todo. Isso significa que ela está a par apenas dos projetos com o qual está envolvida, mas não tem visibilidade global das diretrizes da empresa.

Os métodos ágeis são também mais atraentes para equipes porque as "empoderam" no sentido de que os envolvidos podem redefinir o processo como melhor lhes convier para entregar o que for necessário. 

# Visão do Gerente

Frameworks de processos geralmente são iniciativa da gerência.

Isso porque gerentes em geral não conseguem ter uma visibilidade dos projetos do ponto de vista técnico e precisam de mecanismos "abstratos" de planejamento e acompanhamento. 

A formalização e a burocracia são a forma de trazer visibilidade sobre o projeto para quem não está efetivamente participando do mesmo.

# Processos e a hierarquia

Se imaginarmos uma hierarquia, com o presidente da empresa no topo e os desenvolvedores na base, podemos dizer que os processos ágeis funcionam de baixo para cima (*bottom-up*), fluindo da equipe, enquanto os processos "tradicionais" vêm de cima para baixo (*top-down*), partindo da gerência.

Não é raro a empresa adotar formalmente um processo como o RUP ou CMMI enquanto a equipe adota um processo *scrum-like* com um gerente fazendo a interface entre um mundo e outro.

# Customização dos processos

Um ponto de vista interessante é que os processos ágeis começam com uma burocracia mínima e pode-se acrescentar ao processo o que mais for necessário. Por outro lado, frameworks com o RUP trazem um arsenal de papéis, atividades, artefatos e você precisa retirar os que você não vai usar.

No fim das contas, após passar por um processo de adaptação, o RUP pode tornar-se praticamente a mesma coisa que o Scrum, apenas com um ponto de partida diferente.

# Considerações gerais

Frameworks de processos como o RUP foram concebidos como ferramentas aos gerentes. Metodologias ágeis focam na auto-organização da equipe. Em empresas, ambos acabam sendo de alguma forma necessários.

Por outro lado, os relatos em geral indicam que empreendedores, *startups* e mesmo empresas de alta tecnologia tem tirado muito mais vantagem em "desburocratizar" o processo de desenvolvimento, é claro, contando com desenvolvedores experientes e altamente capacitados para isso.

Algo importantíssimo é considerar que controle, assim como qualidade, tem um custo embutido. O aumento da burocracia diminui a produtividade exponencialmente e muitas vezes cria entraves desnecessários. Embora isso possa ser até desejável em certos ambientes (Bancos, Bolsa de Valores, Seguradoras), não creio ser recomendável empresas nascentes, cuja dinâmica e flexibilidade são os diferenciais para conseguir entrar no mercado.