Não é obrigação de um objeto ter _getter_ e _setter_ para cada <strike>atributo</strike> campo (porém expô-los diretamente como públicos costuma ser pior ainda). Tem que criar esses métodos somente quando é necessário expor diretamente a informação (o que geralmente não deveria ser a intenção) e nem precisa ser o par, pode ser por exemplo só um deles.

Campos internos do objeto são detalhes de implementação, juntamente com os algoritmos internos que os manipulam. No espírito da orientação a objetos está um princípio mais geral que é deixar a implementação escondida e expor somente uma interface de programação (um conjunto de métodos acessíveis externamente - leia-se não-privados, no caso do Java) estável que permite manipular e fazer uso desse estado interno, e que não necessariamente possui uma relação de um para um com os campos do objeto.

Um _getter_ ou _setter_ pode ser meio caminho andado nesse sentido, se houver a necessidade de realmente expor esse tipo de interface. O artigo [*Encapsulation is not information hiding*](https://www.javaworld.com/article/2075271/core-java/encapsulation-is-not-information-hiding.html), que pode lhe interessar, cita o exemplo de um objeto representando uma coordenada geográfica: latitude e longitude só admitem certos intervalos de valores, e o encapsulamento ajuda a setá-los dentro de limites válidos. Esse é um exemplo de _setters_ que fazem validação dos valores recebidos.

Não uso tanto _setters_, mas faço bastante validação em construtores. Se um <strike>parâmetro</strike> argumento foi passado incorretamente eu já disparo por exemplo uma `IllegalArgumentException`: _"você está tentando construir errado o objeto!"_ Também é uma forma de encapsulamento.

Em projetos reais também já usei um _getter_ que precisava retornar uma cópia de uma coleção (sabe o que é, né? Uma classe que armazena elementos, como uma lista, um conjunto, etc). Dentro do objeto havia uma coleção de elementos imutáveis. Eu queria retornar um subconjunto dessa coleção ou então uma cópia dela, para que se o código-cliente tentasse modificar a coleção retornada, não modificasse minha coleção original. Modificar os elementos já estava garantido que não seria possível, pois estes eram imutáveis. Fiz então um _getter_ que retornava uma cópia ou subconjunto da coleção. Pronto.

Outro exemplo: um _getter_ que retornava o status conectado (verdadeiro ou falso) de uma central de alarme. Essa central encapsulava um `Socket` do Java e a informação de conectado vinha de `socket.isClosed()`. Observe que não é um simples `getCampo()` ou `isCampo()`. Ele faz um processamento, embora mínimo, que é inverter o valor retornado (`isClosed()` retorna se está fechado, eu tinha um `isConectada()` que retorna se a conexão está aberta).