#Precisamos de código mais significativo em vez de mais código Quando o código é bem expressivo, é mais fácil para os programadores saberem o que esperar dele. Isso diminui o medo que nos leva a adicionar mais e mais código em busca de robustez - o que geralmente é uma tarefa ingrata pois por mais que validemos, nunca validaremos o suficiente. Quando o **C#** (como sabemos, uma linguagem que nasceu como estaticamente tipada) introduziu o **var** houve uma ampla discussão - para muitos, quando usado para declarar tipos não anônimos isso diminuiria a legibilidade do código. Um exemplo de um destes argumentadores era que List<ContaaPagar> contasVencidas = contasaPagar.ObtemContasVencidas(); era mais expressivo que: var contasVencidas = contasaPagar.ObtemContasVencidas(); Então um contra-argumentador questionou: o que mais pode ser retornado por **contasaPagar.ObtemContasVencidas()** do que uma lista de contas a pagar? Uma lista de sacos de batata? E, num contexto de contas a pagar, o que mais pode residir numa variável **contasVencidas** além de uma lista de contas a pagar vencidas? É claro que se o primeiro argumentador tivesse mostrado um exemplo como este: List<ContaaPagar> cts = ctPg.getVenc(); todos iriam concordar que, neste caso, explicitar o tipo da variável cai muito bem (só não cai melhor do que refatorar este código feio). Este foi só um exemplo, trazido de uma linguagem que nasceu fortemente e estaticamente tipada, para demonstrar que o mais importante é que o **nosso** código seja expressivo. Vou entrar em cada um dos exemplos na pergunta. ##Exemplo 1 - Validar tipo do parâmetro function consultaGrupos($dbh, $limit=0) { // se $limit contém outra coisa que não um inteiro, // lança uma exceção. } A assinatura desta função, dependendo do contexto e da cultura do projeto, até que já está bem expressiva. Mas só para garantir, vamos reescrevê-la: function obtemGrupos($contextoDb, $qtdMaximaResultados=0) O que mais esta função pode retornar e o que mais eu posso passar para ela além do que já foi deixado óbvio na assinatura? Quais são as chances de alguém passar "batatas" no segundo parâmetro? Vale a pena lançar uma outra exceção além da exceção padrão que o PHP vai lançar quando ele tentar usar "batatas" como se fosse um inteiro? É claro que eu estou considerando que "Grupo" é um termo de negócio muito bem definido e não ambíguo no contexto. ##Exemplo 2 - Validar existência de um item em um dicionário $moduleTitle = $this->vocabulary["text"][1]; if (empty($moduleTitle)) { $moduleTitle = 'Um valor padrão...'; } Se eu compreendi o contexto, isto não é apenas uma validação - trata-se de uma regra de negócio que admite que nem todos os itens necessários podem estar presentes, e que se não estiverem o aplicativo continua a funcionar com um valor padrão. É claro que provavelmente você iria querer encapsular isto em uma função de modo a poder reutilizar esta checagem em vez de repetir o código todas as vezes. Ficaria mais ou menos assim: obtemPrimeiroSinonimo($texto) { $primeiroSinonimo = $this->vocabulario[$texto][1]; if (empty($primeiroSinonimo)) { $primeiroSinonimo = 'Um valor padrão...'; } } Veja que mais uma vez eu considerei que existe algum conhecimento do contexto por parte do programador, e que o código expressa bem este contexto de modo que o próprio código ajuda no aprendizado do programador. ##Exemplo 3 - Validar uma propriedade de um objeto recebido de uma função $dbObj = consultaProduto($dbh, 1); if (!is_object($dbObj)) { // ups... não foi possível obter o produto #1 } else if (!property_exists($bdObj,'url') || empty($bdObj->url)) { // ups... não foi possível apurar o URL do produto #1 } Esta segunda validação está correta dependendo da modelagem da solução ou do sistema como um todo. Um exemplo de quando ela está correta: **url** não é um atributo obrigatório do produto, esta consulta acontece na hora de tentar criar um link pra ele, e é esperado pelo negócio que um produto sem url simplesmente fique sem um link nesta visualização em particular. Observe então que não se trata de uma validação apenas, mas sim de um fluxo previsto pelo negócio, e o que houve não é um "não foi possível apurar" mas sim um "este produto simplesmente não tem url e é um direito dele, por isso eu verifiquei". A primeira validação também está correta se um teste automatizado (fui um pouco mais longe agora) demonstra que o comportamento esperado de **consultaProduto** é retornar "nada" se não houver produto disponível. Mas, mais uma vez, não se trata de um "não foi possível obter" mas sim um "não existe produto aqui pra você". Por fim, seria melhor, em vez de retornar "nada", retornar uma lista vazia já que o nome do método sugere uma lista como retorno. O que não está correto aí é a expressividade do código: **dbObj** dificilmente é um termo de negócio e este nome não tem nenhum valor para um humano. #Conclusão * Escrevemos validações para tratar exceções previstas pelo negócio. Este é o melhor motivo para escrever uma validação. * Escrevemos validações quando não conseguimos ser suficientemente claros na API do nosso framework ou biblioteca e sabemos que os consumidores, por não entender como utilizar, vão utilizar errado. Então a mensagem de erro da validação explica o que falhamos em deixar auto-explicado pela API. * Escrevemos validações quando não temos testes automatizados para validar e explicar os comportamentos menos óbveis do nosso sistema. * **Não escrevemos validações genéricas sem compreender muito bem o motivo**, ou seja, sem compreender o que de mal poderia acontecer sem a validação e de que maneira ela está ajudando a prevenir o problema. Por que não fazemos isso? O principal motivo é evitar o desperdício de escrever código potencialmente inútil e que pode até atrapalhar.