Bom, sua pergunta está relacionada a um contexto mais amplo: o Gerenciamento de Testes de Software. Boa parte do que vou comentar aqui vem da minha prática gerenciando equipes de *Quality Assurance*, e focarei em sua pergunta, que é sobre testes de regressão. Um bom guia básico, é a apostila usada para o estudo da certificação **ISTQB** (International Software Testing Qualifications Board): faça o download gratuitamente [nesta página](http://www.istqb.org/downloads/syllabi/foundation-level-syllabus.html). Dito isto, você vai precisar de cobertura em duas frentes. **Do Lado do Desenvolvimento** Os programadores devem produzir testes com testes unitários. Mas não apenas isso: a tendência dos programadores é sempre testarem apenas o caso mais positivo possível. É preciso testar sempre várias condições negativas: casos em que se espera que o sistema esteja pronto pra reagir a uma situação negativa. Por exemplo: numa tentativa de acesso não autorizada (uma situação negativa), o sistema deve responder amigavelmente que o acesso não é permitido, ao invés de "estourar" Exceptions pro usuário. Além dos testes unitários positivos e negativos, com o tempo essa lista deve incluir bugs. Cada novo bug que surgir e for corrigido, precisa ser acrescentado na lista de testes unitários, pra evitar bugs de regressão. **Como Gerenciar**: aqui não é preciso ter alguém num papel especialmente dedicado a disso. O ideal é ter um ambiente de [Integração Contínua][1]. Por exemplo: O [Github][2] (controle de versão) integrado ao [Jenkins][3]: sempre que alguém fizer uma nova submissão de código, esta irá disparar automaticamente a execução dos testes no Jenkins. Se tudo passar, ok, novo código aceito. Se não passar, **é obrigação do desenvolvedor que enviou o código quebrado arrumá-lo** até os testes passarem (ou atualizar os testes, se este for o caso). O ideal é que os resultados sejam vistos por todo o time, como envio por email ou mostrado em alguma ferramenta de colaboração (como [HipChat][4] ou [Campfire][5]). Aliás, deveria ser obrigatório que todo o time, desenvolvedores e testadores, ficassem online em alguma dessas ferramentas. Pois além da própria comunicação ser facilitada (e hoje é bastante comum o trabalho remoto, que é o meu caso), estas ferramentas podem receber avisos de ferramentas (como o Jenkins ou o Github), além de enviar emails automaticamente se o destinatário da mensagem estiver *away* ou *offline*. **Do Lado da Equipe de Testes** Sim, você vai precisar de uma equipe de testes. Os programadores sempre estão com o prazo espremido, sabem muito sobre o programa (enquanto o usuário final não), tendem a testar sempre o fluxo mais positivo possível, e se forem inexperientes, acharão que o primeiro código que sair será uma obra-prima, portanto próximo da perfeição, e qualquer bug será como apontar um defeito num filho. Enquanto um programador experiente sabe que achar bugs é uma coisa boa, afinal programar é uma atividade complexa e sempre produz bugs. Para testes, o óbvio: testadores treinados em Garantia de Qualidade. Afinal você pede pro piloto da sua equipe cuidar da mecânica do carro, ou para alguém com formação em mecânica? Dito isto, a equipe de testes precisará, primeiro, conhecer a fundo os requisitos, casos de uso, cartões, ou seja lá como são armazenados os requisitos. Com base neles, e nas técnicas blackbox, eles precisarão escrever uma boa lista de testes MANUAIS. Ao contrário da crença popular, os testes manuais são bem mais rápidos de serem detalhados e executados. Automatizar testes, principalmente envolvendo a UI é uma atividade MUITO complexa, demorada e cara. Além do que, num primeiro momento, não fica claro quais funcionalidades são estáveis, e quais estarão em contínua mudança. Portanto, não podemos gastar tempo e recursos automatizando testes que daqui a pouco precisarão ser alterado diante de requisitos em contantes mudanças. Depois de detalhar os teste manuais e armazená-los em alguma ferramenta de testware, os testes deverão ser priorizados, pois muitas vezes não será possível executar todos os testes. A prioridade virá do tempo disponível, da importância de cada parte testada, e ainda sempre existe uma parte do software (geralmente a mais complexa) que possui mais bugs do que todas as outras (princípio do agrupamento de defeitos - *bug clustering*). Então, no prazo planejado, os testes serão executados e os resultados armazenados nesta mesma ferramenta. Os bugs serão abertos, re-testados e fechados ou re-abertos. Com estes testes em mãos, é possível selecionar alguns deles para um grupo de testes de regressão. Este grupo de testes sempre será executado a cada novo ciclo, pra garantir que funcionalidades existentes não sejam quebradas. Depois de algumas execuções, ficará claro quais dos testes manuais serão sempre executados. Estes testes serão fortes candidatos a serem automatizados (com ajuda de alguma ferramenta de automação, óbvio). **Como Gerenciar**: Alguém da equipe de testes com alguma experiência em Gerenciamento de Projetos deverá ficar a cargo das atividades de gerenciamento. Afinal as atividades são as mesmas de um projeto: gerenciar os recursos humanos, definir prioridades (afinal uma das regras de testing é que testar tudo é impossível), estimar e responder por prazos, reportar métricas, etc. **Os Bugs** Os bugs precisam obrigatoriamente ter as seguintes características: 1. Um título claro e curto; 2. Dizer qual versão do sistema afetam; 3. Dizer em qual release se espera que o defeito esteja corrigido (isso pode ser adicionado depois pela equipe de desenvolvimento); 4. Dizer qual o sistema operacional, versão e navegador (se aplicável) o bug foi encontrado; 5. Uma descrição detalhada, incluindo obrigatoriamente todos os passos para reproduzir o bug; 6. Resultado esperado; 7. Resultado atual; 8. De preferência telas capturadas, ou melhor ainda, um vídeo gravado. 8. Um responsável atribuido, nem que inicialmente seja alguém responsável por fazer a triagem dos bugs. **Algumas considerações** É preciso criar a mentalidade, na equipe inteira (de desenvolvimento e testes), que o objetivo de ambas é o mesmo: entregar um software o mais livre de bugs possível. A equipe de testes não faz auditoria na de desenvolvimento. **Bugs sempre vão existir**, e ambas vão trabalhar rumo ao mesmo objetivo. A equipe de desenvolvimento não pode ficar triste quando um bug é encontrado, afinal encontrar um bug (que já existia antes) é algo bom. A equipe de testes deve ser extremamente versátil em comunicação (tanto em escrever bem, quanto em ser gentil ao se comunicar), e ter natureza inquisita. Deve querer entender do software, questionar os requisitos quando dúbios, e ser persistente quando acreditar que um bug é importante. E, Qualidade de Software, é responsabilidade de todos: de quem escreve os requisitos, de quem os lê e percebe algo faltando, dos programadores, da equipe de testes, de qualquer um. [1]: http://blog.caelum.com.br/integracao-continua/ [2]: http://github.com [3]: http://jenkins-ci.org/ [4]: http://hipchat.com [5]: https://campfirenow.com/