Bom, sua pergunta está relacionada a um contexto mais amplo: o Gerenciamento de Testes de Software.

Um bom guia básico, é a apostila usada para o estudo da certificação **ISTQB** (International Software Testing Qualifications Board): faça o download gratuitamente [nesta página](http://www.istqb.org/downloads/syllabi/foundation-level-syllabus.html).

Dito isto, você vai precisar de cobertura em duas frentes.

**Do Lado do Desenvolvimento**

Os programadores devem produzir testes com testes unitários. Mas não apenas isso: a tendência dos programadores é sempre testarem apenas o caso mais positivo possível. É preciso testar sempre várias condições negativas: casos em que se espera que o sistema esteja pronto pra reagir a uma situação negativa. Por exemplo: numa tentativa de acesso não autorizada (uma situação negativa), o sistema deve responder amigavelmente que o acesso não é permitido, ao invés de "estourar" Exceptions pro usuário.

Além dos testes unitários positivos e negativos, com o tempo essa lista deve incluir bugs. Cada novo bug que surgir e for corrigido, precisa ser acrescentado na lista de testes unitários, pra evitar bugs de regressão.

**Como Gerenciar**: aqui não é preciso ter alguém num papel especialmente dedicado a disso. O ideal é ter um ambiente de Integração Contínua. Por exemplo: O Github (controle de versão) integrado ao Jenkins: sempre que alguém fizer um `push` (envio de código novo ao controlador de versões), isso irá disparar automaticamente o Jenkins, que irá executar todos os testes com o código enviado. Se tudo passar, ok, novo código aceito. Se não passar, **é obrigação do desenvolvedor que enviou o novo código arrumá-lo** até os testes passarem (ou arrumar os testes, se este for o caso). Os resultados devem ser enviados por email ou mostrado em alguma ferramenta de colaboração (como Hipchat ou Campfire).

**Do Lado da Equipe de Testes**

Sim, você vai precisar de uma equipe de testes. Os programadores sempre estão com o prazo espremido, sabem muito sobre o programa (enquanto o usuário final não), tendem a testar sempre o fluxo mais positivo possível, e se forem inexperientes, acharão que o primeiro código que sair será uma obra-prima, portanto próximo da perfeição, e qualquer bug será como apontar um defeito num filho. Enquanto um programador experiente sabe que achar bugs é uma coisa boa, afinal programar é uma atividade complexa e sempre produz bugs.

Para testes, o óbvio: testadores treinados em Garantia de Qualidade. Afinal você pede pro piloto da sua equipe cuidar da mecânica do carro, ou para alguém com formação em mecânica?

Dito isto, a equipe de testes precisará, primeiro, conhecer a fundo os requisitos, casos de uso, cartões, ou seja lá como são armazenados os requisitos.

Com base neles, e nas técnicas blackbox, eles precisarão escrever uma boa lista de testes MANUAIS.

Ao contrário da crença popular, os testes manuais são bem mais rápidos de serem detalhados e executados. Automatizar testes, principalmente envolvendo a UI é uma atividade MUITO complexa, demorada e cara. Além do que, num primeiro momento, não fica claro quais funcionalidades são estáveis, e quais estarão em contínua mudança. Portanto, não podemos gastar tempo e recursos automatizando testes que daqui a pouco precisarão ser alterado diante de requisitos em contantes mudanças.

Depois de detalhar os teste manuais e armazená-los em alguma ferramenta de testware, os testes deverão ser priorizados, pois muitas vezes não será possível executar todos os testes. A prioridade virá do tempo disponível, da importância de cada parte testada, e ainda sempre existe uma parte do software (geralmente a mais complexa) que possui mais bugs do que todas as outras (princípio do agrupamento de defeitos - *bug clustering*).

Então, no prazo planejado, os testes serão executados e os resultados armazenados nesta mesma ferramenta. Os bugs serão abertos, re-testados e fechados ou re-abertos.

Com estes testes em mãos, é possível selecionar alguns deles para um grupo de testes de regressão. Este grupo de testes sempre será executado a cada novo ciclo, pra garantir que funcionalidades existentes não sejam quebradas.

Depois de algumas execuções, ficará claro quais dos testes manuais serão sempre executados. Estes testes serão fortes candidatos a serem automatizados (com ajuda de alguma ferramenta de automação, óbvio).

**Como Gerenciar**: Alguém da equipe de testes com alguma experiência em Gerenciamento de Projetos deverá ficar a cargo das atividades de gerenciamento. Afinal as atividades são as mesmas de um projeto: gerenciar os recursos humanos, definir prioridades (afinal uma das regras de testing é que testar tudo é impossível), estimar e responder por prazos, reportar métricas, etc.

**Os Bugs**

Os bugs precisam obrigatoriamente ter as seguintes características:

 1. Um título claro e curto; 
 2. Dizer qual versão do sistema afetam;
 3. Dizer em qual release se espera que o defeito esteja corrigido (isso pode ser adicionado depois pela equipe de desenvolvimento);
 4. Dizer qual o sistema operacional, versão e navegador (se aplicável) o bug foi encontrado;
 5. Uma descrição detalhada, incluindo obrigatoriamente todos os passos para reproduzir o bug;
 6. Resultado esperado;
 7. Resultado atual;
 8. De preferência telas capturadas, ou melhor ainda, um vídeo gravado.
 8. Um responsável atribuido, nem que inicialmente seja alguém responsável por fazer a triagem dos bugs.

**Algumas considerações**

É preciso criar a mentalidade, na equipe inteira (de desenvolvimento e testes), que o objetivo de ambas é o mesmo: entregar um software o mais livre de bugs possível. 

A equipe de testes não faz auditoria na de desenvolvimento. **Bugs sempre vão existir**, e ambas vão trabalhar rumo ao mesmo objetivo. 

A equipe de desenvolvimento não pode ficar triste quando um bug é encontrado, afinal encontrar um bug (que já existia antes) é algo bom. 

A equipe de testes deve ser extremamente versátil em comunicação (tanto em escrever bem, quanto em ser gentil ao se comunicar), e ter natureza inquisita. Deve querer entender do software, questionar os requisitos quando dúbios, e ser persistente quando acreditar que um bug é importante.

E, Qualidade de Software, é responsabilidade de todos: de quem escreve os requisitos, de quem os lê e percebe algo faltando, dos programadores, da equipe de testes, de qualquer um.