É preciso ter a noção do que são encapsulamento e information hiding (ocultação da informação) em orientação a objetos.
Primeiramente vamos lembrar que uma classe é uma "fôrma" que você programa com a intenção de definir o que os objetos criados com base nessa classe vão ter em termos de estado (variáveis) e comportamento (lógica) durante a execução do código. Aí para cada objeto que for instanciado (criado) esse estado irá variar individualmente. Grosso modo é isso, em orientação a objetos baseada em classes.
Basicamente, em objetos você deve ter o princípio de isolar o que está "do lado de dentro" do que está "do lado de fora" construindo uma espécie de barreira lógica usando conceitos como modificadores de acesso (privado, público, etc.) aplicados a campos (que é o nome que se dá a variáveis de instância/objeto, em oposição a variáveis locais ou globais) e a métodos (que é o nome que se dá a essas "funções" programadas dentro de uma classe e que acabam pertencendo a essa classe, ou melhor, aos seus objetos), bem como praticando uma certa forma de programar classes.
Isso permite a você isolar o que se encontra dentro do objeto (detalhes de implementação, estruturas de dados que não interessa para o lado de fora quais são, algoritmos específicos) do que é visto do lado de fora do objeto, que fica mais estável. Esta estabilidade é muito desejável. Torna-se possível fazer alterações que não necessariamente irão impactar a interface pública (os métodos públicos) fornecidos pelo objeto, que são os "serviços" ou a utilidade que esse objeto oferece para seus utilizadores. O objetivo é sempre tentar minimizar esse impacto.
Getter é o nome que se dá a um método público, ou pelo menos não-privado, que expõe (retorna) alguma informação de dentro do objeto. Como esse método pertence à classe que você está programando, ele tem acesso a campos privados dessa classe e pode inclusive retorná-los no retorno da função, efetivamente "publicando" esses campos para quem chama esse método a partir do lado de fora.
O pessoal costuma fazer a associação de que um getter chamado por exemplo getNome()
deve sempre trazer a variável nome
que é privada dentro do objeto, e para muitos um getter é só isso, mas isso não é necessariamente verdade, visto que um getter "pelado" invalida essa barreira lógica (o que em alguns casos, como objetos que simplesmente servem para transportar dados, não chega a ser problema, mas pode ser em objetos do modelo de domínio, que implementam regras de negócio por exemplo).
Mesma coisa os setters, que são métodos públicos ou não-privados que alteram algo dentro do objeto e o pessoal vê muito como setNome(novoNome)
, para alterar um campo privado nome
, mas isso não deve ser necessariamente verdade.
O conceito de objeto significa colocar juntos algum estado e os comportamentos associados a esse estado, isso de colocar essas duas coisas juntas é o que se chama de encapsulamento. Ocultação da informação é essa separação que eu descrevi entre a interface pública e os detalhes de implementação/estado interno, que decorrem de isolar esses dois lados logicamente (muitas gente confunde isso com encapsulamento).
O que vai ter numa interface pública depende dos serviços que são interessantes um objeto fornecer. Uma classe Pedido
por exemplo pode ser implementada contendo uma lista de produtos internamente (privada) e pode ser interessante que esse pedido ofereça um método público getTotal()
, o que não quer dizer necessariamente que dentro exista um campo total
privado, e sim que ele pode calcular esse total percorrendo a lista de produtos e somando os preços de um a um.
Um setter pode até alterar diretamente um campo privado, mas também pode (e deve) fazer a validação do novo valor que está sendo fornecido, pois ele age como um porteiro entre o lado externo e o interno, que fica protegido, inclusive de receber dados inválidos (o que deixaria o objeto num estado inválido).
Um objeto Pessoa
pode expor sua idade por um getIdade()
calculada a partir de um campo data_de_nascimento
. Igualmente, pode por alguma razão não ser interessante expor a data de nascimento diretamente.
O mesmo princípio geral se aplica a construtores, que devem validar todos os argumentos passados a eles para inicializar o estado interno do objeto de maneira válida.
Não sei se respondi sua pergunta porque não sei a sintaxe especifica do Kotlin para isso tudo, mas espero ter ajudado com esses importantes conceitos.