Eu não programo em PHP há muito tempo e mesmo na época nunca me aprofundei. Eu cheguei fuçar nos *internals* da linguagem porque gosto de linguagens. Ainda assim não me lembro de todos os detalhes da implementação e na época não tinha orientação a objeto na linguagem, ou pelo menos era incipiente. #[*Overhead*][1] do PHP Sei que todas estas linguagens ditas de *script* ou pelo menos [dinâmicas][2] em sua essência têm uma coisa em comum: elas rodam em cima de uma [máquina vitual][3]. PHP é basicamente uma [linguagem interpretada][4], pelo menos ainda hoje. Mesmo que ela tenha uma forma de otimização disto, que o código fonte acabe sendo transformado em um *bytecode* para melhorar o desempenho da máquina virtual, ainda será lenta, não só pelo processo de compilação ter um custo e que deve ser pago todas as vezes que a aplicação rodar do zero (e isto ocorre muito na maioria do casos de uso do PHP), mas também a máquina virtual é um software (em geral é um *loop* com um enorme *switch* para selecionar qual micro-instrução deve ser executada naquele momento) que gera um belo de um *overhead*. Uma pré-compilação e um [JITter][5] faria um trabalho um pouco melhor (embora para um *script* nem tanto). Além disto linguagens de tipagem dinâmica precisam fazer verificações e possivelmente conversões todas as vezes que for acessar um valor. Apesar de poder fazer algumas otimizações há um *overhead* claro em cada acesso à memória. Não me lembro do caso do PHP mas quase todas estas linguagens guardam as variáveis em uma estrutura de [*hash*][6] (não consigo imaginar como o PHP possa ser muito diferente, outras linguagens parecidas até podem, mas o PHP não teria sem impor algumas limitações que hoje ele não tem). Acessar uma estrutura que precisa fazer um cálculo é obviamente mais lento que acessar um endereço de memória direto como é o caso de outras linguagens que têm variáveis "reais". Tem várias outras "vantagens" do dinamismo do PHP que impõe mais *overhead*. Para montar as classes muito provavelmente há mais *overhead*. Mas é só mais um dentro de um contexto cheio de *overheads*. Talvez nem seja um mal tão grande comparando com tudo o que ocorre na execução. #Você sabe como essas classes costumam ser montadas em linguagens? Bem, em linguagens estáticas é possível montar objetos como [estruturas][7] de dados simples, quase como um *array* simples (note que o *array* do PHP é diferente, é uma estrutura complexa e lenta em função da flexibilidade que ele oferece). Há um *ovehead* **se** usar polimorfismo, neste caso haverá uma indireção de ponteiro para indicar qual é o real tipo de um valor. Isto é rápido mas não deixa de ser um *overhead*. Este custo existe em todos os valores em linguagens dinâmicas. Qualquer dado em linguagem dinâmica é polimórfico independente de estar um uma classe ou não. E é tão flexível que não basta ter uma indireção de ponteiro, é necessário ter uma estrutura ligeiramente mais complexa e não há garantias de integridade do dado para cada situação obrigando verificação em cada acesso. Em linguagens dinâmicas classes costumam ser uma forma muito parecida com um *array* associativo, em geral implementado como *hashs*. No fundo você tem elementos que guardam dados e alguns destes dados são referências para funções. Métodos nada mais são que funções "enfeitadas" com um sobrenome e um parâmetro adicional para acessar o `this`. Classes estão em *hashes*, variáveis comuns também. Então, salvo ter alguma coisa que não sei, não é tão diferente assim acessar uma variável normal ou uma variável de instância de uma classe. Mesmo funções, no fundo também estão em tabelas *hash*. Até funções escritas em C precisam descobrir seu endereço por estas tabelas antes de serem chamadas. #OOP tem *overhead*? Então se alguém não me mostrar que há uma enorme diferença, eu digo que há pouca. Mas há. Claro que é uma camada extra. E isto impõe algum *overhead*. OOP costuma organizar e abstrair mais o código mas impõe código interno extra que produz *overhead*. O simples fato de você ter que carregar vários arquivos já é um *overhead* importante. Em muitos casos os métodos só existem para chamar outra função procedural. Há casos que métodos precisam ser "interpretados" mesmo que eles não sejam usados de fato. E lembre-se que muitas funções procedurais são escritas em C e o código PHP não precisa fazer nada. Quando você adiciona uma camada, o código dela precisa ser interpretado. Pior ainda se fizer toda a lógica no método e não apenas delegar para outra função que por si só já seria uma indireção bem mais custosa que um indireção de um ponteiro. Em tese acessar membros em uma classe não deveria ser muito diferente de acessar membros em um *array* associativo. Mas as pesquisas que estou conduzindo para responder adequadamente esta pergunta mostram que pode não ser bem assim. Por isto não adianta teorizar, é preciso medir para ter uma informação confiável. E é preciso saber medir corretamente. Eu não tenho condições de fazer minhas medições agora e vou ter confiar em algumas existentes na internet. Não quer dizer que todas estão certas, até porque elas são conflitantes, não pude fazer uma avaliação se elas estão corretas. Note que existem diferenças dependendo da versão do PHP. Isto faz sentido, então não dá para dizer se OOP em PHP impõe um *overhead* e sim se impõe na versão que você está usando. Também vemos que *overhead* de memória e de processamento podem dar resultados diferentes, óbvio. Lembrando que a concorrência direta de [Hack][8] está fazendo PHP correr atrás do prejuízo. - [Pergunta no SO][9] com testes que mostram que é quase igual ou até mesmo classes podem ser mais rápidas. Faz sentido classes por si só, sem olhar sua aplicação real de todos os casos, serem mais rápidas porque elas podem usar uma implementação de *hash* otimizada para a necessidade de uma estrutura que sabe-se que será usada só para armazenar a estrutura de classes. - [Teste detalhado][10]. Na verdade todos estes testes não são precisos eles comparam não só o *overhead* de processamento usando OOP, há outros processamentos ocorrendo que faz com que a diferença pareça menor do que realmente é se considerarmos só o gasto extra para acessar os dados e métodos em uma classe. - [*slides* comparando implementações de *frameworks*][11] (fornecido pelo rray em comentário) Vemos aí que tem vários outros fatores que interferem na performance. Nenhuma novidade. A maioria das comparações medem implementações e não o recurso bruto que se quer medir de verdade. Sem medir o caso específico é complicado afirmar alguma coisa. E ficar medindo tudo não faz sentido. **Só vale medir se perceber que há problemas**. - [Explicação do uso menor de memória][12]. Em PHP parece que classes realmente usam menos memória que *arrays* se esta for a opção de troca. Mas não sei se isto é verdade se a comparação não for com *arrays*. - [Outra comparação mostrando que classes podem ser mais eficientes][13]. Note que todas as comparações são contextuais. Nenhuma prova alguma coisa em todos os contextos, mesmo considerando que elas não tenham falhas. - [Comparação com resultados diferentes das outras][14]. Dentro do critério usado (não mostrado) objetos ocuparam mais memória e muito mais tempo para carregar os dados. Todas estas informações foram colocadas para mostrar que não dá para afirmar nada definitivo. #Qual usar? Use o que organiza seu código melhor. Agora alguns devem estar pensando que OOP é o caminho. E não é, não necessariamente. Vejo muitos códigos OOP bem piores que códigos procedurais, até porque programar OOP não é tão simples assim. Ele provê abstrações, mas a maioria das pessoas têm problemas com abstrações (então nem deveriam tentar programar que é algo todo baseado em abstrações, mas isto é outro problema). As pessoas optam sempre por uma ou outra para resolver todos os problemas porque elas costumam [ter apenas um martelo e veem todos os problemas como pregos][15]. Em PHP procurei fazer sempre procedural até que OOP se mostre a melhor solução independente de ter *overhead* ou não (a não ser que o *overhad* mate a vantagem, o que é raro). Na verdade quase todo mundo faz muito mais procedural. Muitos sequer entendem a linha que divide procedural de OOP. Só porque criou uma classe não quer dizer que está fazendo OOP de verdade. E quase todas as linguagens que dizem ser 100% OOP estão mentindo. Quer performance? Use linguagens estáticas, compiladas, de baixo nível. C, C++, Delphi, C# especialmente [Nativo][16] ou Assembly, por exemplo. Se preocupar com performance usando PHP não faz sentido. A maior parte das otimizações virão por decisões sobre algoritmos e arquitetura. Quando se usa boas práticas de verdade usa-se o que é melhor para o caso. É boa prática não seguir cegamente boas práticas. E esta é má prática mais exercida por programadores. Informação é prata, compreensão é ouro. #Nota final Aprenda fazer de várias formas e evite o [martelo dourado][17]. Se quer uma informação confiável aprenda como consegui-la por meios próprios. Se não souber fazer corretamente, não conseguirá nada confiável. Principalmente não conseguirá de pessoas aleatórias na internet, como eu. E o criador da linguagem é uma pessoa aleatória na internet. Principalmente neste caso onde o criador original criou uma linguagem toda torta, e ele mesmo [admite que não sabia o que estava fazendo][18]. Pior que outras pessoas assumiram o desenvolvimento da linguagem e erros piores continuaram sendo cometidos. Parece que PHP não consegue atrair profissionais que realmente saibam o que estão fazendo. [1]: https://pt.stackoverflow.com/q/198252/101 [2]: https://pt.stackoverflow.com/a/21513/101 [3]: http://Virtual_machine [4]: https://pt.stackoverflow.com/a/22651/101 [5]: https://pt.stackoverflow.com/q/146250/101 [6]: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabela_de_dispers%C3%A3o [7]: http://en.wikipedia.org/wiki/Struct_%28C_programming_language%29 [8]: http://hacklang.org/ [9]: https://stackoverflow.com/questions/2193049/php-objects-vs-arrays [10]: http://www.theserverpages.com/articles/webmasters/php/performance/Performance_of_OOP_PHP_versus_non-OOP.html [11]: http://talks.php.net/show/froscon08/24 [12]: https://gist.github.com/nikic/5015323 [13]: http://www.yiiframework.com/forum/index.php/topic/11568-php-objects-vs-arrays-performance-myth/ [14]: http://www.particletree.com/notebook/object-oriented-php-memory-concerns/ [15]: http://quemdisse.com.br/frase.asp?frase=50830 [16]: https://pt.stackoverflow.com/q/30793/101 [17]: https://en.wikipedia.org/wiki/Law_of_the_instrument [18]: http://en.wikiquote.org/wiki/Rasmus_Lerdorf