Essa questão é complexa e envolve, ao meu ver, dois aspectos principais:

 - O contexto cultural no qual a interação humano-computador está inserida.
 - O contexto de utilização (erro, alerta informativo, etc) que fez necessária a exibição da mensagem ao usuário.

**Sobre o contexto cultural...**

Primeiramente, há de se considerar que existem diferenças culturais significativas com relação ao ato de se desculpar. Há estudos comparando as culturas americana e japonesa que mostram que em certas situações (como, por exemplo, quando alguém recolhe uma caneta que você derrubou) americanos utilizam a palavra *thanks* (obrigado) para expressar gratidão enquanto que japoneses utilizam a palavra *sumimasen* (sinto muito) *para expressar um sentimento semelhante* - ainda que sob um significado cultural de humildade ou subjugação ([Sugimoto, Naomi. "Sorry we apologize so much": Linguistic Factors Affecting Japanese and U.S. American Styles of Apology. Intercultural Communication Studies VIII-1, 1998][1]). 

Eu procurei encontrar material semelhante comparando outras culturas com culturas latinas, mas não encontrei (talvez esses estudos ainda não sejam comuns por aqui). De todas as formas, por experiência própria eu acredito que essa mesma distinção também existe com relação à nossa cultura: tenho amigos ingleses e franceses que não têm o menor pudor em convidar apenas parte de um grupo para uma festa infantil (em frente aos demais, não convidados por não se encaixarem na condição "ter filhos"); nesse mesmo cenário, nós latinos faríamos o convite de forma individual e privada ou nos desculparíamos por não convidar os solteiros e os casais sem filhos.

O fato é que a desculpa é um lubrificante social importante, cujo caráter na interação serve também como forma de indicar a real intenção do interlocutor (algo como "eu realmente não quis te machucar/incomodar de propósito"), e por isso é tradicionalmente utilizada para iniciar uma conversação considerando uma possível interrupção de qualquer introspecção/atividade do destinatário da mensagem ([Wagatsuma, Hiroshi e Rosett, Arthur. "The Implications of Apology: Law and Culture in Japan and the United States". Law & Society Review, v.20, n.4, 1986][2]). Especialmente em relação à cultura japonesa, o pedido de desculpa é considerado como necessário para "preparar a atmosfera" da interação (["Why Japanese apologize so often?", Facebook Note - Japanese Language & Culture, 2008][3]), mas novamente eu acredito que isso também se passa na cultura latina quando iniciamos uma conversação ("desculpe senhor, que horas são?" não necessariamente indica uma falha ou culpa, e tem para nós praticamente o mesmo significado de "com licença senhor, que horas são?").

**Sobre o contexto de utilização...**

Além do contexto cultural, há de se considerar também que a apresentação da mensagem tem por objetivo comunicar ao usuário (leia-se "o homem") alguma informação **relevante** da condição em que a aplicação (leia-se "o computador") se encontra. Em outras palavras, trata-se de uma interação humano-computador iniciada pelo computador. Há pouco mais de 10 anos os cientistas da computação se interessam por pesquisas relacionadas à [Experiência de Usuário][4] e à [Computação Afetiva][5], e cada vez mais se acredita que o caráter hedônico, emocional e social da interação é fundamental não apenas na escolha de um produto como também na continuidade de sua utilização. Isso quer dizer que não basta um produto ser seguro, eficaz e agradável (no sentido de ausência de desconforto), ele também deve prover uma experiência interessante e apropriada ao contexto em que é utilizado.

Lembro-me do *key note* apresentado pela profa. Dra. [Soraia Raupp Musse][6] no [WVC'2008][7] em que ela citou o exemplo de uma das primeiras sessões do filme ["O Expresso Polar"][8] apresentada para uma plateia de crianças. Segundo a professora, a forma como os olhos dos personagens se moviam em uma determinada cena (não lembro qual especificamente) era tão distinta do natural que muitas das crianças pequenas simplesmente choraram de medo. Esse exemplo é um tanto exagerado aqui, mas serve para ilustrar o ponto em que quero chegar: a forma como a interação ocorre é importante para a parte humana dessa interação, pois é natural que nós busquemos humanizar o outro lado (isto é, a máquina).

Há inúmeros trabalhos sendo realizados para construir agentes computacionais humanoides com o objetivo de tornar a interação mais empática por meio da mimetização de expressões faciais e corpóreas, e também de expressões vocais como o "hum hum" que denota "estou te entendendo" (exemplos [1][9], [2][10], [3][11], [4][12], e especialmente [5][13] e [6][14]). Eu creio que todo esse esforço significa que há um reconhecimento da importância da humanização da máquina nessa interação humano-computador.

**Concluindo...**

Chegando finalmente no assunto da pergunta sobre a utilização ou não de desculpas em uma mensagem, tudo leva a crer que esse uso não apenas é aceitável (ao menos em nosso contexto cultural - e provalmente também para os japoneses! :)) como pode ser até mesmo necessário em certas condições. De todas as formas, não se trata simplesmente de se descupar por uma falha, mas de amenizar a forma como uma informação é apresentada ou de tornar a interação mais empática e natural ao usuário humano. E creio que isso vale para qualquer forma de interação, seja ela apenas textual ou não.

Um cenário em que o uso de "desculpe" parece válido sob o julgo dos argumentos anteriores é no caso em que a condição do programa interrompe ou impede a utilização do produto (ou de parte significativa do produto) por parte do usuário. Um exemplo desse cenário é quando um usuário liga seu PlayStation para assistir à um filme no NetFlix, mas o sistema informa que está em manutenção. Parece socialmente apropriado se desculpar nesse caso, principalmente porque o impacto na experiência ("puxa, eu queria realmente assistir a esse filme agora...") é definitivamente grande, e talvez esse impacto possa ser amenizado por uma indicação de humildade e subjugação na interação que demostre de alguma forma a preocupação do criador em relação ao mal-estar causado pela falta do produto.

Talvez as desculpas realmente não sejam necessárias ao informar que o usuário não tem acesso a determinado recurso, mas temo que ainda assim isso dependa do contexto de utilização. Para indicar a um usuário de um sistema corporativo (isto é, um sistema que ele é obrigado a utilizar por motivos de trabalho) que ele não tem acesso a determinado recurso, a falta das desculpas parece ser irrelevante porque provavelmente a tentativa de acesso inválida tratou-se de um equívoco honesto por parte humana e não altera necessariamente a sua experiência. Entretanto, na indicação de impossibilidade de acesso a um recurso em um sistema de entretenimento ou pessoal (isto é, algo que o usuário usa porque deseja, e que o faz para ter diversão ou por algum benefício pessoal) o uso de desculpas pode ser apropriado. Em verdade, nesse caso talvez seja até mesmo apropriado incluir interações adicionais do tipo "Você gostaria de ter acesso a esse recurso?".

EDIT:

Encontrei [essa thread no *User Experience*][15] que trata do mesmo assunto. A resposta aceita (e também com mais votos) concorda que o uso de "desculpas" é apropriado e muitas vezes necessário. Entre os diversos argumentos (aconselho a leitura da questão e suas respostas), há dois baseados em citações de estudos científicos cujos resultados apoiam uma estragétia cortes de se desculpar.

A primeira citação é ao artigo "[*The Effect of Apologetic Error Messages and Mood States on Computer Users’ Self-appraisal of Performance*][16]". A passagem que me parece relevante é essa (em tradução livre):

> [...] Quando os usuários encontraram problemas, o sistema proveu
> certas mensagens de erro representando uma estratégia de cortesia
> positiva (por exemplo, uma piada), uma negativa (por exemplo, uma
> simples desculpa) e uma mensagem de erro mecânica (por exemplo, a
> página está temporariamente indisponível). Os resultados do estudo
> demonstram que os usuários que lidam com eventos sociais e expressões
> de cortesia preferem significativamente mais receber mensagens
> apologéticas do que mensagens mecânicas ou com piadas; também preferem
> significativamente mais receber tais mensagens do que outras opções
> menos corteses.

A segunda citação é tirada do artigo "[*Computer Apology: The Effect of the Apologetic Feedback on Users in Computerized Environment*][17]". Novamente, o que parece relevante em tradução livre:

> [...] esse estudo mostra que quase todos os
> participantes não consideraram as respostas (*feedbacks*) apologéticas
> como algo estranho, sendo que 95% deles considerou tais respostas delicadas e
> uma consideração ao seu bem-estar. Nesse aspecto, parece que os
> participantes acham tão interessante perceber um comportamento
> respeitoso (como um pedido de desculpas) quando encontram um erro
> causado pela inabilidade do computador como achariam se encontrassem
> um problema na interação com um humano. Esses resultados do estudo
> indicam que a representação do estado afetivo de uma pessoa no projeto
> de interface é muito importante na interação humano-computador porque as pessoas são
> mais compreensivas ao ver aspectos emocionais na interface como
> sensibilidade, respeito e sensação de humanidade. Assim, esses
> resultados talvez sejam evidências para suportar que o uso de
> expressões apologéticas em computadores pode fomentar a ideia de um
> projeto realmente centrado no usuário.

Cabe notar que não necessariamente as desculpas são mais apropriadas do que humor. No estudo científico da primeira citação a orientação dos usuários foi previamente avaliada e é esperado que pessoas que vivem em contextos sociais mais corteses (talvez, por exemplo, atendentes de hotel) prefiram comportamentos similares nos sistemas com que interagem. De todas as formas, nota-se nas duas pesquisa que a questão crucial é a humanização com que os usuários tratam o sistema, que deve ser incluida no projeto da interação de uma forma ou de outra.

  [1]: http://www.uri.edu/iaics/content/1998v8n1/06%20Naomi%20Sugimoto.pdf
  [2]: http://www.jstor.org/discover/10.2307/3053463?uid=3737664&uid=2&uid=4&sid=21103419047523
  [3]: https://www.facebook.com/notes/japanese-language-culture/why-japanese-apologize-so-often/41402121768
  [4]: http://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_do_usu%C3%A1rio
  [5]: http://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3o_afetiva
  [6]: http://www.inf.pucrs.br/~smusse/
  [7]: http://www2.fc.unesp.br/wvc2008/PalestraSoraia.php
  [8]: http://www.imdb.com/title/tt0338348/
  [9]: http://magalie.ochs.free.fr/Empathic%20Dialog%20Agent%20-%20Ochs,%20Pelachaud,%20Sadek%20-%20AAMAS%2008.pdf
  [10]: http://www.fer.unizg.hr/images/50009013/mtap_ac.pdf
  [11]: http://cgi2010.miralab.unige.ch/short/SP09/SP09.pdf
  [12]: http://www.deepdyve.com/lp/association-for-computing-machinery/design-an-empathic-virtual-human-to-encourage-and-persuade-learners-in-aC4P9ILuJ0
  [13]: http://www.semaine-project.eu/
  [14]: http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2535294/You-look-different-3-avatar-software-mimics-facial-expressions-transform-magical-creature-Skype.html
  [15]: http://ux.stackexchange.com/questions/31359/should-error-messages-apologize
  [16]: http://www.academia.edu/249090/The_Effect_Of_Apologetic_Error_Messages_And_Mood_States_On_Computer_Users_Self-Appraisal_Of_Performance
  [17]: http://hci.metu.edu.tr/conference/icalt2005.pdf