A sua questão é um pouco ampla no sentido de que *drag-and-drop* pode significar muita coisa no contexto de desenvolvimento de sistemas. Pra mim, por exemplo, o que vem a mente em primeiríssimo lugar é *o padrão de interação* em que o usuário precisa clicar com o ponteiro do mouse para selecionar algum objeto, manter o botão do mouse pressionado para "segurar" tal objeto e "arrastá-lo" para algum outro local de interesse (o tal *drag*), e então soltar o botão do mouse para deixar o objeto "cair" no novo local (o tal *drop*). Mas a sua pergunta também pode ser interpretada como por que as ferramentas e linguagens de programação (especificamente na construção de interfaces gráficas) usam pouco esse recurso por meio da construção mais [WYSIWYG][1], em que o programador constroi a interface gráfica literalmente desenhando-a ao invés de programando com comandos textuais. Eu acho que a sua intenção original com a pergunta é mais no sentido da segunda interpretação, mas isso está pouco claro. Seria bacana melhorar a questão. De todas as formas, eu ainda acho que a pergunta tem potencial para conteúdo útil segundo as duas interpretações, então vou tentar fornecer uma resposta. 1. O Padrão de Interação *Drag-and-Drop* ---- Em verdade o padrão de interação *drag-and-drop* é amplamente utilizado, simplesmente porque faz muito sentido na *metáfora de mesa de trabalho* (*desktop*) que a maior parte dos sistemas operacionais modernos utiliza. De fato, faz tanto sentido que essa é a segunda principal interação em praticamente qualquer aplicativo móvel (a primeira, obviamente, é o clique/toque). Esse tipo de interação com as mãos (ou o equivalente, considerando-se o mouse quase como um "avatar da sua mão"), é muito natural [a ponto de bebês tentarem usar revistas da mesma forma como usam tablets][2]. Assim, num sistema computacional, se a metáfora é de um livro ou revista você usa o dedo para "arrastar" as páginas; se é de um jogo físico, você usa o dedo para "chutar" uma bolinha; e por ai vai. Todas podem ser consideradas variações desse tipo de interação originalmente utilizado com o ponteiro do mouse. É claro que podem haver problemas dependendo da construção da interface, especialmente quando os elementos que permitem esse tipo de interação *não deixam essa opção clara* para o usuário (sugiro ler [o item *3. No Perceived Affordance* deste ótimo artigo][3]). É por isso que em PCs é comum utilizar aquele ponteiro do mouse que simula uma mão aberta e fechada (esta última, literamente "carregando" algo) para indicar que algo pode ser carregado/está sendo carregado: ![inserir a descrição da imagem aqui][4] <sub>Fonte da imagem: http://www.shutterstock.com/pic.mhtml?id=156119834&language=pt</sub> 2. O uso na Programação e Construção de Interfaces ----- Também não me parece que esse tipo de interação é pouco usado em programação. Como colegas citaram em comentários, ferramentas proprietárias como o Delphi e o Visual Studio têm recursos muito bons nesse sentido. Algumas outras talvez deixem a desejar. O Qt Designer, por exemplo, que eu uso frequentemente, permite apenas desenhar a interface (arrastando os componentes e definido suas propriedades em diálogos apropriados) com coisas mais básicas: criar barras de ferramentas, adicionar botões, menus, textos, organizar laioutes, etc. Porém, quando eu precisei colocar uma barra de ferramentas em uma janela encaixável (*dock area*) tive que fazer manualmente, pois a ferramenta siplesmente não permite. Creio que deve se passar de forma bem similar com o Netbeans, por exemplo (não sei, não uso faz muito tempo). Entretanto, cabe notar que o objetivo dessas ferramentas é justamente o apoio ao desenvolvimento de software. Como são ferramentas usadas por programadores, eventualmente torna-se tão mais fácil e trivial simplesmente programar textualmente a construção da interface gráfica do que desenhá-la, a ponto de fazer parecer que esse recurso é pouco usado. > **ADENDO**: Nem sempre foi assim. Em um passado *bastante recente*, em que > não existiam (ou não se utilizavam) padrões de construção de > interfaces gráficas chamados *[Layout Managers][5]*, os programadores > precisavam *literamente* descrever no texto da programação as > coordenadas de tela onde os componentes deveriam ser posicionados. Por > exemplo, o código em Advpl abaixo, [reproduzido do blog siga0984][6], faz exatamente isso (e o @bigown vai lembrar dessa herança do [FiveWin][7]! hehehe): > > #include 'protheus.ch' > User Function APPINT01() > Local oDlg > Local oBtn1, oSay1 > > DEFINE DIALOG oDlg TITLE "Exemplo" FROM 0,0 TO 150,300 COLOR CLR_BLACK,CLR_WHITE PIXEL > @ 25,05 SAY oSay1 PROMPT "Apenas uma mensagem" SIZE 60,12 OF oDlg PIXEL > > @ 50,05 BUTTON oBtn1 PROMPT 'Sair' ACTION ( oDlg:End() ) SIZE 40, 013 OF oDlg PIXEL > ACTIVATE DIALOG oDlg CENTER > Return > > Deve ser fácil imaginar que, nessas condições, uma ferramenta de construção visual de > interfaces seria muitíssimo bem-vinda (por mais básica que fosse). Eu digo que apenas "parece" que esse recurso é pouco usado porque o meu entendimento é que ele existe em muitas das ferramentas que utilizamos, só que geralmente como forma de apoio na construção das interfaces gráficas. Usuários menos experientes com uma ferramenta/linguagem muito provavelmente fazem um grande uso desses recursos, talvez diminuindo a dependência dele conforme se tornam mais experientes. Você provavelmente é mais experiente com as linguagens/ferramentas que usa, e simplesmente não sente muita falta do recurso. Esse não é o caso da maior parte dos usuários (estou usando o termo de forma geral, dado que nós programadores somos usuários de ferramentas de desenvolvimento). Na realidade, me parece que há *uma forte tendência* a nos afastarmos cada vez mais da entrada de texto como forma principal de construção de roteiros, definição de comportamentos e até mesmo da programação pura (seja pra trabalho, lazer ou educação). A intenção claramente é tornar a tarefa mais fácil para um público mais amplo. Há inúmeros exemplos dessa tendência, dentre os quais eu acho que vale citar: - **Fungus na Unity 3D**. A Unity 3D é uma ferramenta para a programação de jogos que já facilita um bocado para os desenvolvedores. Ainda assim, é necessário construir código (utilizando C# ou Javascript). Um add-on bastante popular chamado [Fungus][8] permite programar o fluxo de narrativas de forma gráfica e visual. Especialmente para programar narrativas (sequências de diálogos) faz muito mais sentido ter um fluxo gráfico do que um bloco de texto de código, e é dai que vem a popularidade dessa ferramenta. - **Nodes no Blender**. O Blender é um software para modelagem 3D open source e muito completo. A construção de texturas e a ordem de renderização de objetos, por exemplo, são processos complicados que costumavam ser executados/automatizados por sequências de ações em várias janelas de propriedades (difíceis de memorizar, há de se dizer!) ou por código Python (geralmente não acessível ao público-alvo dessa ferramenta). Um recurso existente chamado Nodes permite configurar essas ações por meio de [um grafo de nós][9] com propriedades e plugues de entrada e saída, de uma maneira muito mais fácil para o público geral. - **Scratch**. O Scratch é um [projeto do MIT][10] para, essencialmente, facilitar o aprendizado de programação. Nele o fluxo lógico é construído da mesma forma que se faz com qualquer algoritmo na abordagem estruturada (instruções de controle de fluxo, repetições, etc). Porém, isso é feito usando blocos visuais que são - olhe só - arrastados e combinados com o pointeiro do mouse! :) Essa interface ficou tão famosa que foi usada em várias ferramentas, entre elas o [Stencyl][11] (um motor para a construção de jogos). ![inserir a descrição da imagem aqui][12] <sub>Exemplo de um pedaço de programa (um evento, em um objeto), "escrito" no Scratch.</sub> [1]: http://pt.wikipedia.org/wiki/WYSIWYG [2]: https://www.youtube.com/watch?v=aXV-yaFmQNk [3]: http://www.nngroup.com/articles/top-10-application-design-mistakes/ [4]: https://i.sstatic.net/xx5Xr.jpg [5]: http://docs.oracle.com/javase/tutorial/uiswing/layout/visual.html [6]: https://siga0984.wordpress.com/2015/01/21/interface-visual-do-advpl-parte-01/ [7]: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fivewin [8]: http://fungusgames.com/ [9]: http://cgcookie.com/blender/2013/11/05/introduction-node-groups-blender/ [10]: http://scratch.mit.edu/ [11]: http://www.stencyl.com/ [12]: https://i.sstatic.net/Fxytb.png