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Oralista de Sistemas
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Cada caso é um caso.

Toda vez que eu vejo alguma recomendação do tipo "não faça desta forma", "isto é má prática", "evite isso", eu espero a explicação do motivo logo em seguida. Se não houver um motivo pelo qual a técnica deve ser evitada, eu faço com a recomendação o que eu faço com propagandas no Youtube: ignoro em cinco segundos.

Vou dar um exemplo no qual receber um parâmetro booleano é válido, prático e desejável. Muita gente aqui vai dizer que se você tem um parâmetro booleano, é porque você está fazendo algo do tipo:

public function comprarIngressoCinema(bool tresD) {
    if (tresD) {
        foo();
    } else {
        bar();
    }
}

Então o correto seria criar dois métodos, comprarIngressoCinema e comprarIngressoCinema3D, fim da história, seu código ficou mais limpo e o casal real viveu feliz para sempre.

Quando na verdade o que você tem normalmente é:

public function comprarIngressoCinema(bool tresD) {
    reservarLugares();
    if (tresD) {
        foo();
    } else {
        bar();
    }
    verificarPromocoes();
    pacote = tresD ? especial : normal;
    pagamento(pacote);
    if (tresD) {
        enviarOculosParaSala();
    }
}

Nesse caso, você tem duas formas de lidar com isso. Você pode utilizar a metodologia Go Horse, que prega que você deve se preocupar apenas com o "como" e não se preocupar com coisas como os "porquês":

public function comprarIngressoCinema() {
    reservarLugares();
    bar();
    verificarPromocoes();
    pacote = normal;
    pagamento(pacote);
}

public function comprarIngressoCinema3D() {
    reservarLugares();
    foo();
    verificarPromocoes();
    pacote = tresD;
    pagamento(pacote);
    enviarOculosParaSala();
}

Haverá quem diga que o código ficou melhor porque você tem métodos curtos e mais legíveis. O problema é que a quantidade de código repetido é grande, e tende a crescer com o tempo. Cada vez que você tiver que dar manutenção aí, serão dois métodos para tratar. E vai piorar se você precisar incluir mais opções de cinema como iMax, por exemplo.

A alternativa é fazer como o Martin Fowler (apenas um programador que tem mais de vinte livros publicados sobre padrões de design e arquitetura de software) sugere em seu artigo FlagArgument (em inglês). Foi a partir desse artigo que criei o meu exemplo. Seu código ficaria assim:

public function comprarIngressoCinema() {
    comprarIngressoCinema(false /*tresD*/);
}

public function comprarIngressoCinema3D() {
    comprarIngressoCinema(true /*tresD*/)
}

private function comprarIngressoCinema(bool tresD) {
    reservarLugares();
    if (tresD) {
        foo();
    } else {
        bar();
    }
    verificarPromocoes();
    pacote = tresD ? especial : normal;
    pagamento(pacote);
    if (tresD) {
        enviarOculosParaSala();
    }
}

Nós alteramos o código apresentado como público (que pode fazer parte das interfaces de uma API) para dois métodos sem parâmetros, que de fato é mais legível. Mas nós mantemos um método que recebe um parâmetro booleano. Porque assim como um utensílio de cozinha, uma ferramenta ou uma arma, isso tem sua utilidade. Se o efeito de seu uso vai ser bom ou ruim, isso depende da habilidade de quem usa e não da técnica em si.

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