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Maniero
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Não está totalmente equivocado, mas está um pouco.

Informalmente podemos dizer que é misturado mesmo. Mas quase todas linguagens ditas orientadas a objeto fazem o mesmo. O grosso do código é sempre procedural (este é o termo correto do paradigma que o AP está tentando se referir). A orientação a objeto entra em outro nível, mais na organização do código. Ele atual mais na estrutura de dados e onde vai colocar os algoritmos do que nos algoritmos em si.

Na própria documentação do PHP tem várias exemplos o modo procedural e o modo OOP de escrever o mesmo código. Podemos aceitar esta definição, mas estritamente aquilo não é bem OOP. PHP é uma linguagem que não costuma seguir muito bem as definições corretas.

No fundo o que eles estão querendo dizer é que você vai passar um objeto como parâmetro para um método ou vai usar uma sintaxe que o método é invocado pelo objeto. O que na prática da no mesmo por baixo dos panos, porque no fundo o método apenas terá um parâmetro extra chamado $this que fica escondido. Você só está trocando o parâmetro de lugar.

Isto tem alguma vantagem com ferramentas (IDE por exemplo) que podem ajudar codificar e analisar dados já sabendo do que se trata. Fora isto, não há vantagens reais por causa disto. Individualmente pode haver alguma vantagem secundária que foi melhor resolvida no caso da sintaxe que destaca o objeto. Pode haver uma desvantagem por gerar uma camada a mais.

A mistura não causa problemas, embora, como eu já disse, no fundo as pessoas estão apenas misturando duas sintaxes e não dois paradigmas. A mistura é sempre boa se ela resolve melhor o problema. Purismo é dogmatismo, é forçar algo pelo gosto e não pela necessidade.

#O que é OOP?

Mas usar esta sintaxe não pode ser considerado programação orientada a objeto. No máximo quem criou estas classe pé que programou orientado a objeto, não quem consumiu. Mesmo isto é complicado dizer porque o uso de classes não define que está se programando orientado a objeto.

OOP é algo muito mais complexo. E no fundo a maioria dos programadores nem fazem ideia de como programar desta forma. Isto inclui os que dizem que programam orientado a objeto e na verdade não o fazem desta forma, ou fazem de forma toda errada. Isto ocorre pelo efeito DunningKruger.

OOP é uma metodologia para organizar melhor o código e promover o seu reuso em uma forma específica. Nem todo mundo concorda com todas as definições, inclusive o autor do termo diz que as definições que se costuma usar estão erradas.

Uma das formas mais aceitas diz que OOP se dá quando há Herança, Polimorfismo e Encapsulamento. Abstração e outros conceitos costumam ser incluídos em algumas definições. Mas estas alcançam mais consenso. Encapsulamento é algo que qualquer linguagem pode ter e não precisa ser OO. A Herança é o conceito fundamental, seguida do polimorfismo.

A maioria dos programadores que dizem usar OOP não usam estes dois conceitos ou usam eles de forma muito errada. Então podemos dizer que ele está usando OOP de fato?

#Pra que OOP é boa?

Justamente por causa da herança OOP é uma mão na roda para representar hierarquias e relações complexas entre objetos. Ótimo para GUIs e alguns tipos de jogos. Mas não é tão bom assim para todos os problemas.

OOP realmente ajuda muito organizar grandes bases de código manipulado por grandes equipes. Mas OOP tem um custo também.

Em cenários onde as hierarquias não são tão importantes, as relações não são tão complexas e o desenvolvimento é feito de forma individualizada ou por equipe muito pequena, ou pelo menos a aplicação é desenvolvida de forma muito fragmentada, OOP, de verdade, não é tão útil assim.

#PHP é orientada a objeto?

PHP é uma linguagem de script. Ela executa pequenos trechos de código de cada vez e morrem. Estes scripts não duram na memória, não carregam tudo o que a aplicação fará. As execuções são mais estanques. É muito mais fácil administrar este tipo de código do que em um sistema ERP, por exemplo.

PHP não é orientada a objeto. Ela é essencialmente procedural e mais recentemente adotou, adicionalmente, conceitos de OO.

Estas extensões da linguagem para manipular OOP são ótimas para transformar PHP em uma linguagem de propósito geral. Mas ajudam muito pouco no domínio onde ela tem sucesso que é a web. Estas extensões facilitam o uso de OOP, mas já era possível antes. Como elas não entendem o que é OOP, elas achavam que não dava. As ferramentas só ficaram mais óbvias.

Na verdade PHP é uma das linguagens mais fáceis de adotar OOP mesmo anates de existir sintaxe específica para isto. Todo sistema de classes, herança, polimorfismo, etc. do PHP foi desenvolvido em cima dos arrays associativos (não estou dizendo que ele usa exatamente os mesmos arrays da linguagem, como o JavaScript faz, apenas é algo muito semelhante) e não é difícil simular todos conceitos usando este mecanismo. Só não tem a sintaxe mais conveniente e já bem reconhecida em outras linguagens tradicionais que implementam classes.

#PHP se beneficia de OOP?

Eu sou uma das poucas pessoas que já usou PHP para uma aplicação que não seja web, que o código todo rodava por horas. E mesmo neste caso não senti falta de nada orientado a objeto. Imagine em códigos efêmeros que é o caso típico das aplicações web.

A maioria dos códigos PHP que usam classes que eu vejo por aí não precisariam ser escritos desta forma e não teria malefícios.

Muitos dizem que assim é mais organizado. Eu até concordo que OOP pode ajudar a organizar mais o código para quem não consegue organizar de outra forma. Eu entendo que as receitas de bolo em OOP costumam ser bem organizadas e as receitas que não usam OOP costumam ser mais desorganizadas, até porque elas foram feitas em uma época que as pessoas não dominavam tanto o que estavam fazendo. Mas só ajuda se a pessoa é seguidora de receita. Se ela vai criar programas por conta própria, ela vai ter que aprender fazer direito. E pode fazer organizado nos dois paradigmas, na maioria dos cenários.

Os padrões de projeto famosos, gerais e mais úteis - tipo MVC - podem ser muito bem aplicados em OOP ou procedural. Muitos padrões de projeto também famosos só funcionam para OOP. Mas eles existem para resolver os problemas que OOP começou impor. Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, OOP tá cheio de defeitos e não resolve todos os problemas. A questão é saber quando ela tem mais vantagens que desvantagens. E escolher seu uso de forma consciente e não porque ouviu dizer, porque alguém que é apaixonado pela metodologia, e muitas vezes ganha dinheiro disseminando ela, disse que é bom para você e vai resolver todos seus problemas.

Concordo que este paradigma ajudou criar os frameworks atuais que fazem tanto sucesso. De fato OOP ajuda este tipo de software. Eu até questiono um pouco o uso deles. Não que não tenha vantagem, mas eles não resolvem tudo. E é comum as pessoas adotarem eles porque não sabem fazer as coisas direito. O motivo é errado.

Mas em códigos mais comuns, vejo poucas vantagens no seu uso.

Note bem que não estou dizendo que OOP é uma porcaria que não deveria ser usada. Algumas pessoas tendem a enxergar só esta parte e não a ponderação, até porque elas não ponderam o uso. Ou você é amigo da OOP ou é inimigo.

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