TDD não é teste unitário
TDD é uma metodologia de desenvolvimento de software ou muitas vezes funciona como um conjunto de princípios onde os testes exercem um papel fundamental.
O que você está querendo é fazer testes unitários. Claro que isso tem tudo a ver com TDD, mas não confunda as duas coisas.
Não vou entrar em detalhes, pois já escrevi sobre isso, como você pode ler em algumas de minhas outras respostas:
Pensando nos cenários
Cenários de um teste são as diferentes situações que você quer tester. Em geral inclui-se:
- Cenários de sucesso: aqueles cuja rotina funciona como esperado.
- Cenários de erro/falha/fracasso/excepcionais: aqueles onde você simula uma situação de erro para testar o quanto seu código é robusto.
Note algumas pessoas diferenciam cenários excepcionais de cenários de erros, onde o primeiro seria um erro esperado e o segundo um erro inesperado.
Outra diferenciação que faz sentido em alguns contextos é diferenciar o cenário principal dos cenários alternativos.
Por exemplo, no caso da rotina citada na pergunta, analisando os condicionais do código, a princípio vejo três cenários:
- Usuário autenticado e proposta com status
co
(sucesso)
- Usuário autenticado e proposta com status diferente de
co
(excepcional)
- Usuário não autenticado (excepcional)
Pensando um pouco mais em cenários de erro, o que ocorreria se algum método chamado de objetos cuja rotina depende retornassem valores inesperados? Vejamos:
- Proposta não existe e proposal não contém uma proposta de verdade. O que ocorre?
- Ocorre um erro em algum método
save
(falha ao acessar o banco, por exemplo). O que ocorre?
Não me parece o caso desta rotina, mas se estiver implementando uma API, isto é, um código que vai ser usado por terceiros, é sempre bom testar também cenários onde os parâmetros são nulos ou diferentes do esperado (ou pelo menos documentar o comportamento esperado nesses casos).
Criando o ambiente para um teste unitário
O mais importante em um teste unitário é que ele seja unitário de verdade. Para isso o ideal é que a rotina não dependa do funcionamento de mecanismos externos
Por exemplo, você não vai querer o teste dependendo de ter uma proposta cadastrada no banco de dados e então ter esse banco configurado cada vez que vai executar a rotina.
Claro que às vezes desejamos executar um teste de integração que testa vários objetos atuando em conjunto e até acessando o banco, mas vamos ignorar essa abordagem por enquanto.
Um problema que você pode enfrentar nesse código é o acesso direto ou estático a objetos externos. Em alguns casos isso é facilmente contornável, pois é um acesso planejado pela plataforma, em outros pode ser tornar o código bem difícil de testar. No caso dessa rotina, você pode simplesmente popular o seu repositório com dados como no primeiro exemplo da documentação de testes do framework.
Outro problema desse método é que ele faz muita coisa. Além de aplicar lógica de navegação que um controller deveria fazer, ele também faz a criação de objetos e manipulação de várias entidades no banco. Eu sei que parece exagero, mas uma leve mudança de mentalidade pode fazer enxergar que essa divisão faz sentido e deixaria o código menos acoplado e mais fácil de testar.
Exemplo:
@login_required
def create_contract(request, proposal_id):
if request.user.is_authenticated:
if my_model.is_proposal_budget_completed(proposal_id):
return HttpResponse('O status do orçamento deve ser concluido.')
else:
my_model.create_contract_using_proposal(proposal_id)
return redirect('/contract/%d' % contract.id)
Note como agora é mais fácil entender o que o método faz e a lógica está abstraída num model, podendo ser reutilizada e também substituída usando mocks para teste.
Um mock é um objeto substituto que colocamos no lugar do verdadeiro. Ele simula o objeto verdadeiro em nosso teste, retornando valores pré-definidos para que seu comportamento não interfira no resultado do teste.
Implementando os testes
Para realizar um teste unitário na rotina, basta construir manualmente os parâmetros necessários para cada cenário que se quer testar, chamar a rotina com esses parâmetros e finalmente fazer uma asserção para garantir que o resultado é o esperado.
Por exemplo, no cenário de sucesso, você pode verificar se o retorno do método, que é um HttpResponseRedirect
retornado por redirect
possui os valores esperados.
Outra possibilidade (embora eu não saiba como fazer isso em Python, é verificar se os métodos que deveriam ser chamados foram realmente chamados e com os valores corretos.
Num cenário excepcional com status != 'co'
, basta verificar a mensagem retornada no HttpResponse
.
Lembre-se de sempre consultar a documentação da linguagem e do framework que está usando, pois eles sempre fornecem um ou mais métodos para testar de forma integrada.