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Sempre que utilizei o EntityFramework em um projeto, para adicionar um registro no banco de dados por meio dele, de uma classe que contenha membros de tipo de classes (geralmente por conta de ForeignKeys), eu fazia o seguinte:

  1. Após a instância da entidade, preenchia as propriedades de tipos primitivos;
  2. Setava as propriedades de tipos de classes como null.

E assim para mim sempre funcionou, até que em um caso específico como o que apresentei nessa questão: EntityFramework reclamando de duplicidade de Identificador mesmo com a propriedade estando nula.

Há algumas questões aqui que tratam dessa questão, sempre casos isolados e uma forma de contornar.

  1. Como, afinal de contas, funciona o Tracking de objetos do EntityFramework?

  2. Ao trabalhar com ASP.NET MVC (projetos web) que funciona de forma a não manter informações em memória. Ou seja, o contexto do EntityFramework e todas as outras coisas são instanciadas quando uma requisição é feita e destruídas quando ela termina de retornar seu resultado. Logo, sempre que efetuo um POST para uma Action, que fará o bind de uma classe conforme parâmetro da Action, sei que tenho uma instância não monitorada pelo EntityFramework, certo? Por que então um simples:

    if (ModelState.IsValid)
    {
        _context.Add(model);
        _context.SaveChanges();
    }

Funciona?

  1. Como no caso da pergunta que referenciei, porque houve problemas de monitoramento?

  2. Qual seria a forma mais "completa" para lidar com os Inserts e Updates e não ter problemas com o Tracking de objetos?

  3. Habilitar ou Desabilitar o LazyLoading e criação de proxies e o monitoramento de alterações (AutoDetectChangesEnabled) afeta como o Tracking?

2 Respostas 2

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Como, afinal de contas, o funciona o Tracking de objetos do EntityFramework?

Primeiro é importante explicar que um contexto existe durante o ciclo de vida de um Controller, no caso específico de você estar trabalhando usando o MVC. Os valores carregados pelo Controller só são expirados quando o Controller em questão sofre um Dispose, fazendo o contexto também sofrer um Dispose.

Ao carregar um objeto (em inglês chamam de entry, e eu vou chamar de registro), o registro é carregado com os valores originais do banco de dados, e eles ficam lá mesmo que você altere o registro. Isto faz com que, ao modificar um registro, o Entity Framework saiba que este registro já foi carregado previamente e saiba o que deve alterar.

O registro é localizado normalmente pela chave dele. Para entender isto melhor, é preciso entender a implementação do DbSet<T>. Ele é uma coleção observável (ObservableCollection). Ao chamar SaveChanges, o que está sendo feito é:

  1. Conferir se alguma coleção está marcada como alterada;
  2. Para cada registro que foi marcado como alterado, o Entity Framework executa alguma operação lógica para inserir, atualizar ou excluir um registro no banco de dados. A instrução executada está ligada a EntityState, um Enum usado para identificar o estado do registro dentro do Entity Framework.

Logo, sempre que efetuo um POST para uma Action, que fará o bind de uma classe conforme parâmetro da Action, sei que tenho uma instância não monitorada pelo EntityFramework, certo?

Errado. Se o registro já foi carregado previamente (num Edit, por exemplo), ele já está sendo "observado". Ao aplicar um POST para salvar a edição, o objeto vindo da View é sincronizado da seguinte forma:

context.Entry(obj).State = EntityState.Modified;

Repare que o contexto aqui é um contexto novo, sem a informação da requisição anterior. Quando digo "o registro já foi carregado previamente", digo que ele foi carregado em tela, e não em Controller. Ao realizar o POST, você está enviando informações e o contexto trabalha de forma otimista, ou seja, o registro é novamente carregado em Entry() caso já não tenha sido carregado.

Nesta linha são feitas duas coisas:

  1. Localizar um registro com base em outro;
  2. Atualizar os valores do registro observado com base nos registros em tela.

O caso do Add é mais simples. Você está dizendo ao contexto que o objeto não existe, então o contexto considera o objeto como novo.

Como no caso da pergunta que referenciei, porque houve problemas de monitoramento?

Vou responder na pergunta.

Qual seria a forma mais "completa" para lidar com os Inserts e Updates e não ter problemas com o Tracking de objetos?

  • Não implementando repositórios (o Entity Framework já implementa repositórios);
  • Não implementando camada de Serviço (Controller já é uma camada de serviços, diferente, mas é);
  • Não instanciando dois contextos desnecessariamente;
  • Não selecionando objetos em um contexto e tentando salvar no outro;
  • Usando o código mais simples possível, conforme (quase) todos os exemplos ilustrados aqui e em outros sites especializados.

Habilitar ou Desabilitar o LazyLoading e criação de proxies e o monitoramento de alterações (AutoDetectChangesEnabled) afeta como o Tracking?

Carga preguiçosa e monitoramento são coisas independentes. Uma não afeta a outra e vice-versa.

AutoDetectChangesEnabled faz o tracking não funcionar. Toda e qualquer alteração tem que ser invocada por métodos manuais.

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  • 2
    Vale ressaltar que a resposta que você deu assume que está sendo usado um controller do template do Visual Studio que adiciona um DbContext no início da requisição e chama um dispose ao final. O que não é sempre o caso. Se eu estiver utilizando uma aplicação WPF ou Windows Forms, por exemplo, não há Controllers, ou seja, o ciclo de vida de um Contexto não está relacionado a um Controller. Mas gostei da sua didática para explicar, tenho que melhorar isso nas minhas respostas. 9/05/2015 às 12:12
  • 1
    Que explicação excelente, obrigado! Mas não entendi o ciclo de vida do conroller. Eu executo um Edit e obtenho um registro (pensava que ao obter minha página carregada no browser o controller, e claro o contexto, já haveria sido destruído no servidor), e ao efetuar o POST que tudo já teria se perdido e com uma nova instância do controller e do contexto não haveria registros já em observação pelo entityFramework. Então o Controller só é destruído quando eu, em minha sessão, mudo de um controller para outro pela navegação?
    – Severo
    9/05/2015 às 12:20
  • Na outra questão o que eu faço é carregar os produtos para para criar um DropDownList com os produtos, porém utilizo o AsNoTracking(). Já o ProdutoId vêm da View, o value selecionado no DropDownList.
    – Severo
    9/05/2015 às 12:34
  • Pelo o que entendi aqui what-is-the-lifetime-of-a-asp-net-mvc-controller, o controller (e consequentemente o DbContext criado para ele, são criados a cada requisição e destruídos quando a requisição acontece. Então um GET ao Action Edit e depois um POST ao Action [HttpPost] Edit(Model model) é referente à criar e destruir o controller (e o DbContext) duas vezes. Enfim, cada vez estou sem entender mais... rs =(
    – Severo
    9/05/2015 às 15:00
  • 1
    um contexto existe durante o ciclo de vida de um Controller. Isto é verdade apenas se você fizer o que está certo. Ou seja se o contexto não for um campo de classe mas sim de instância. 2/12/2016 às 9:54
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São muitas perguntas pra responder, e um pouco complicadas, mas vou tentar

1 - O ChangeTracking do EntityFramework passa a monitorar uma instância de uma entidade após ela ser "attachada" (anexada) a uma instância de um DbContext.

2 - Quando você chama um método de um DbSet, por exemplo, Add(T model), o EntityFramework vai attachar o objeto ao DbContext e marcar o estado dele como Added.

Lembrando que você não pode anexar um mesmo objeto a duas instâncias distintas de DbContext

Você pode verificar qual o estado atual de um objeto através do método do Entry(object instance).

3 - O EntityFramework utiliza o Identity Map Pattern. Com isso, uma instância de DbContext só pode possuir uma única instância de um objeto com a mesma chave (Primary Key) anexada ao ChangeTracker. Por exemplo, se você carregou o registro com o Id = 1 de uma entidade Pessoa, você não pode anexar outro objeto com o mesmo Id = 1, senão você terá problemas.

4 - A melhor forma de tratar inserts e updates é isolar as operações com entidades de forma similar a uma transação. Uma instância de um DbContext deve ter uma vida curta, ou seja, você instancia o DbContext, faz o que precisa e logo em seguida descarta a instância. Preciso melhorar a resposta para esta questão 4, mas vou adiantando que existe um NuGet package muito bom pra tratar updates mais complexos, chamado GraphDiff.

5 - Eu não utilizo LazyLoading, nem recomendo, prefiro ter controle total sobre o que quero carregar do meu banco de dados e quando necessário carrego de forma prematura os dados que vou precisar, utilizando Include(). Então, por padrão eu desabilito. O Lazy Loading requer a criação de classes proxy, e requer que as propriedades da Entidade sejam virtuais. Quanto ao AutoDetectChanges, caso seja desabilitado, você terá que chamar o método DetectChanges() manualmente pra que o EntityFramework descubra quais as propriedades sofreram modificações na hora de gerar SQL que atualizam entidades.

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  • +1 pelo GraphDiff. Sensacional o pacote. 9/05/2015 às 3:31
  • Infelizmente não consigo mais interagir na outra questão. Também não consigo votar aqui. Apenas marcar a reposta como aceita. Bom, na outra pergunta, sobre o método AtualizarPrecoProdutoAsync, verdadeiramente obtenho o uma instância do produto ali para então alterar a propriedade Preco e então gravar a alteração. Porém, o erro acontece no método AddAsync, nesse momento ainda não foi executado o AtualizarPrecoProdutoAsync.
    – Severo
    9/05/2015 às 12:28
  • 1
    Na verdade, não é uma boa prática ficar passando uma instância de um contexto como parâmetro em várias camadas de sua aplicação (controller, serviço, repositório, etc.). Crie o seu DbContext só na implementação do seu Repositório. UnitOfWork + Repositório + EntityFramework não recomendo porque nunca se sabe o que foi feito em um DbContext nas outras camadas, você se perde muito fácil. rob.conery.io/2014/03/04/… 9/05/2015 às 17:07
  • Sobre o AtualizarPrecoProdutoAsync, reitero, é o que você disse sim, exatamente isso! Me atrapalhei no debug com os async's da vida. Muito obrigado por sua explicação.
    – Severo
    9/05/2015 às 17:39

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