Introdução
Pelo contrário. A ideia de separar as atividades das entidades que possuem relação de negócios com a organização é antiga e era usada porque ninguém tinha pensado direito na questão. Isso foi inventando há décadas quando os recursos computacionais eram extremamente escassos e não havia experiência do que funcionava ou não. Infelizmente há quem continue fazendo assim.
Não vou falar em boas práticas porque elas não costumam ajudar ninguém no caso real prático, entender e resolver o problema é que é importante. Um manual dizendo o que você deve ou não fazer, não resolve o problema. Claro que só a experiência vai permitir entender de fato o problema. Mas vejo que esses manuais de boas práticas causam mais mal do que bem porque quase sempre as pessoas entendem eles como o certo a fazer e não como ideias gerais que podem ou não ser aplicadas no caso específico.
Você pode ter uma necessidade muito específica e o que vou apresentar pode não se aplicar integralmente. Mas no geral você deve modelar os dados como eles realmente são. O problema é que nem sempre é fácil enxergá-los assim. Por exemplo, se você acha que um documento é exatamente como as tabelas devem ser modeladas, cai no erro que era cometido no passado que é separar por atividades.
Em geral a normalização correta é o caminho mais tranquilo a seguir. Se ela for feita da forma correta fica mais fácil dar manutenção. Entre outros motivos, a normalização foi criada para facilitar que o sistema mude sem muitos traumas. Não normalizar só deve ser escolhido nos raros casos onde a performance se mostrou ruim e está afetando o funcionamento de forma significativa. Então nem pense em fazer super tabelas com tudo o que puder porque em teoria juntar tudo pode facilitar o acesso.
Uma das coisas chaves é não pensar tanto nos requisitos atuais e sim nos requisitos que possam vir acontecer. Não estou dizendo para implementar os requisitos hipotéticos futuros, digo para facilitar que eles sejam implementados. E isto vai de encontro à outras necessidades da modelagem.
Seu modelo específico
Você diz que cliente só pode ser pessoa física. Tem certeza? Se aparecer um cliente e disser que só pode trabalhar se for tratado como pessoa jurídica - mesmo que pessoas sejam atendidas de fato - por questões tributárias ou outra razão, ele não poderá ser atendido porque o sistema não deixa?
Tem uma coisa muito certa no seu modelo que é separar os dados especializados em tabelas relacionadas. Tratar todos como entidades é a modelagem do mundo real correta. Entidades podem ser relações de negócios de naturezas diferentes. Porque um cliente não pode ser um fornecedor? Nos sistemas antigos não podiam, acabava tendo a mesma entidade cadastrada duas ou mais vezes se ela tivesse relações de negócios diferentes.
PJ X PF
Sua modelagem tem dados que não estão normalizados. Pessoa jurídica e física possuem dados que não se relacionam e não devem estar na mesma tabela (geralmente). Então você "deveria" ter uma tabela de Pessoa
ou mesmo Entidade
com os dados gerais. E tabelas relacionadas de PessoaFisica
e PessoaJuridica
com os dados específicos de cada tipo de pessoa. Na verdade talvez essas duas tabelas possam ser a base e não ter uma tabela Pessoa
que unifique esses dois tipos, afinal o uso delas são mutuamente exclusivos. É impossível para a mesma entidade ter dados adicionais em ambas. Talvez fosse o caso de pensar em Pessoa
como uma entidade abstrata que não possui tabela física, eu gosto mais assim. Não quer dizer que uma tabela não possa ser usada, mas tem que pensar bem.
Eu já falei sobre isso em outra resposta. Note que lá não falo de banco de dados relacionais. Então falar em classe abstrata lá faz sentido, aqui não, estou só fazendo uma analogia. A tabela teria que ser concreta e ter uma relação de composição e não de herança, o que pode não ser ideal. E ao contrário da crença popular, nenhum banco de dados relacional mainstream possui herança nativa funcional. O fato de um banco de dados ter iniciado uma implementação deste recurso há 20 anos e depois abandonado não o torna capaz de lidar com herança de forma apropriada.
Dados especializados
Então o maior problema do exemplo demonstrado é a falta de normalização do tipo de pessoa. Mas tem algo estranho quando você tem dados repetidos em Pessoa
e em Fornecedor
. Mesmo alguns que só estão em Fornecedor
parecem estranhos porque são dados que não são exclusivos de um fornecedor. As tabelas relacionadas que guardam informações específicas do tipo de relação de negócio só devem ter dados que só existem na relação. Se o dado é útil às demais relações de negócios, então eles devem estar em uma tabela "superior".
quando o fornecedor é adicionado na equação a quantidade de campos especializados na tabela "Pessoa" aumenta muito
Aí parece haver um entendimento errado. Adicionar fornecedor não deve colocar campos especializados na tabela de pessoa. Mas por outro lado não há campos especializados em fornecedor, segundo o exemplo. Até entendo que o modelo ainda não está pronto mas no que foi demostrado ainda não há necessidade de uma tabela secundária para cliente e fornecedor. É óbvio que terão dados específicos, só quero deixar claro que os campos demonstrados não são especializados, pelo menos não deveriam ser. Pode até ser que alguém disse que é, mas aí é outro problema. Uma coisa é o requisito que o usuário diz, outra coisa é o requisito real que o usuário não entende. Com os avanços da tecnologia de banco de dados eu acho até que isso possa ser feito de forma diferente, mas precisa de cuidado.
Profissional
Uma dúvida de menor importância: eu não sei bem o que é este Profissional
. Ele realmente é alguém que tem relação de negócios com a organização? Com certeza nunca poderá haver uma mudança, até por força de legislação, que ele possa ser pessoa jurídica? Pergunto porque ele está parecendo um tipo especializado de fornecedor. Pode não ser. Se for acho que precisa de um tratamento apropriado.
Cardinalidade
Não sei se entendi o desenho desse diagrama mas provavelmente a relação entre as tabelas deve ser 1:1 com cada tabela secundária. Não é possível uma pessoa ter dois dados diferentes de fornecedor, por exemplo. Até consigo enxergar um cenário onde isto é possível mas provavelmente não seria a forma correta de implementar e não seria fácil manter isto. Como a necessidade é rara, acho melhor não pensar nela.
Conclusão
O que traz problema no futuro é não entender corretamente o modelo, e isto é comum, Mas não tem o que fazer, tem que tentar pensar em tudo, perguntar para quem tem mais experiência, experimentar.
Se tiver dúvidas, ter tudo junto é sempre mais difícil de resolver depois que manter tudo separado. Mas o que torna mais difícil mesmo de resolver é quando falta informações. Imagine o banco ter milhares de entidades cadastradas e para consertar um problema tem que revisar todos os cadastros manualmente.
Ter mais relações complica a manipulação do banco de dados? Sim, sem dúvida, mas só em sistemas muito simples e que provavelmente não irão mudar é que a simplificação deve ser escolhida.
Se você resolver não seguir nada disto e usar uma tabela "linguição", vai ter muitos problemas no futuro? Provavelmente não, mudanças nunca são fáceis, tem como facilitar, mas elas são sempre imprevisíveis na sua totalidade.
O que causa mais problema é redundância de dado. Se um dia tiver que conciliar esses dados pode ser uma enorme tormenta e quase inviável. E no diagrama mostrado, isto pode estar havendo.
Separando os papéis das pessoas permite que no futuro você tenha mais facilmente além de clientes, fornecedores, profissionais, também vendedores, governos, bancos, transportadores, etc. E você não vai se preocupar se campos estão sendo criados para ficarem sem nada. O segredo é seguir a normalização. Raramente deve haver campos sem dados.
Coloquei no GitHub para referência futura.
id
das tabelas especializadas ser também uma chave estrangeira pra tabela de pessoas. Você está de fato implementado uma herança entrepessoa
ecliente
/profissional
/fornecedor
! E se um fornecedor pode ser pessoa física ou jurídica, por não repetir a estratégia? Crie uma tabela só com os campos comuns a cada fornecedor, e outra que representefornecedor_pessoa_fisica
, com chaves estrangeiras tanto parafornecedor
quantopessoa
.