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Estou lendo o livro "Programação JavaScript da série Use a Cabeça!" e não estou conseguindo localizar um erro que o livro pede para identificarmos, segue o desafio:

Pegue um número de telefone na forma "123-4567" e escreva um código para aceitá-lo ou rejeitá-lo. Para ser aceito o número deve ter sete dígitos, 0 até 9, com um traço no meio.

function validate(phoneNumber) {
    if (phoneNumber.length !== 8) {
        return false;
    } 

    var first = phoneNumber.substring(0,3);
    var second = phoneNumber.substring(4);
    
    if (phoneNumber.charAt(3) !== "-" || isNaN(first) || isNaN(second)) {
        return false;
    }
    return true;
};

Você consegue imaginar algum bug que o programador tenha introduzido com o seu uso de isNaN()?

Fiz diversos testes aqui, mas o código parece funcionar corretamente quando insiro um número no formato especificado, não consegui encontrar o bug.

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    Relacionada ou dup: Por que isNaN(null) retorna "false"? 29/10/2021 às 15:03
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    isNaN('1e2'), por exemplo, retornará false, mesmo não sendo um número válido para telefone. O e é utilizado para notações científicas, mas não lembro bem o suficiente para poder explicar isso melhor. 29/10/2021 às 16:03

1 Resposta 1

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O problema é que a função retorna true para vários casos em que deveria retornar false (ou seja, dá falsos positivos: diz que um telefone inválido é válido). Exemplos:

function validate(phoneNumber) {
    if (phoneNumber.length !== 8) {
        return false;
    }
    var first = phoneNumber.substring(0, 3);
    var second = phoneNumber.substring(4);
    if (phoneNumber.charAt(3) !== "-" || isNaN(first) || isNaN(second)) {
        return false;
    }
    return true;
}

for (var tel of ['-12-3e10', '   -    ', '0.2-   3', '+00--0.3'])
    console.log(`${tel}=${validate(tel)}`);

Repare que todas as strings acima ('-12-3e10', ' - ', '0.2- 3' e '+00--0.3') são consideradas telefones válidos, e a saída do código é:

-12-3e10=true
   -    =true
0.2-   3=true
+00--0.3=true

Isso acontece porque segundo a especificação da linguagem, isNaN usa este algoritmo para converter seu argumento para número.
No caso específico de strings, é usada a operação StringToNumber, que por sua vez usa este algoritmo para obter o valor numérico que a string representa. E este algoritmo não funciona somente com dígitos de 0 a 9, pois há várias outras strings que podem ser convertidas para número.

Claro que strings como '123' são corretamente identificadas como válidas. Mas o mesmo acontece com '-12' (que representa o número negativo -12), ou '3e10' (número em notação científica, que representa 3 x 1010, ou seja, 30000000000 - 30 bilhões), ou ainda '0.2' (número com casas decimais), '+00' (zero), '-0.3' (número negativo e com casas decimais), etc.

Talvez o caso com espaços seja o mais estranho, mas é porque uma string que só contém espaços é convertida para o número zero, e portanto isNaN retorna false para este caso, conforme citado na documentação. E no caso do 3, também é considerado um número válido porque os espaços do início e fim da string são ignorados.

Ou seja, usar isNaN para verificar se uma string só contém caracteres que correspondem aos dígitos de 0 a 9 está errado, porque esta função considera vários outros casos que possuem caracteres diferentes. Sendo assim, ela não é adequada para este problema, pois apesar de funcionar com telefones válidos, ela não funciona para vários casos inválidos (dizendo erroneamente que são válidos).


Portanto, uma forma de resolver é verificar explicitamente se os caracteres são dígitos de 0 a 9:

function validate(phoneNumber) {
    if (phoneNumber.length !== 8) {
        return false;
    }
    for (var i = 0; i < phoneNumber.length; i++) {
        if (i === 3) { // posição que deve ter hífen
            if (phoneNumber[i] !== '-') {
                return false;
            }
        } else { // posição deve ter dígito de 0 a 9
            if (phoneNumber[i] < '0' || phoneNumber[i] > '9') {
                return false;
            }
        }
    }
    return true;
}

for (var tel of ['-12-3e10', '   -    ', '0.2-   3', '+00--0.3', '123-4567', '000-9999'])
    console.log(`${tel}=${validate(tel)}`);

Ou seja, para a posição que deve ter o hífen, eu verifico se tem esse caractere. Para todas as outras posições, verifico se o caractere corresponde a um dígito de 0 a 9.

Agora ela retorna false para os quatro primeiros (que de fato são inválidos), e true para os dois seguintes (que são válidos).


E claro, provavelmente alguém vai sugerir pra usar regex:

function validate(phoneNumber) {
    return /^\d{3}-\d{4}$/.test(phoneNumber);
}

for (var tel of ['-12-3e10', '   -    ', '0.2-   3', '+00--0.3', '123-4567', '000-9999'])
    console.log(`${tel}=${validate(tel)}`);

No caso, os marcadores ^ e $ indicam o início e fim da string, assim garanto que ela só vai ter o que está na regex (nem um caractere a mais, nem a menos). Depois o atalho \d pega um dígito de 0 a 9, e o quantificador {n} indica a quantidade (ou seja, primeiro tem 3 dígitos, e depois do hífen tem 4).

Apesar de ser mais curto, regex em geral é mais lento (e muitas vezes mais difícil de entender e manter).

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