Até dá para fazer tudo com um único laço, só não sei se faz tanta diferença assim. Mas antes vamos tentar fazer com dois laços, aí comparamos com a versão "um-laço-só".
Antes dos laços em si, você já poderia converter a string em uma lista de números, na qual cada elemento desta lista é um dígito. Para isso podemos usar map
e int
:
def validar_cpf(cpf):
if len(cpf) != 11:
return False
try:
digitos = list(map(int, cpf))
except ValueError:
return False
# restante da validação...
Assim, se algum caractere da string não puder ser convertido para número, ele cai no bloco except
e a função já retorna False
. Fiz assim porque posteriormente eu vou precisar converter esses caracteres para número, para poder fazer os cálculos do dígito verificador. Ao mesmo tempo, eu já valido se a string de fato contém dígitos.
Também escolhi desta forma porque isnumeric()
pode retornar True
para vários caracteres que dão erro ao serem convertidos para número com int()
, como por exemplo o ½
(VULGAR FRACTION ONE HALF) - veja aqui a lista completa - então eu acho essa verificação melhor do que simplesmente usar isnumeric()
(com a vantagem de que já cria a lista com os caracteres convertidos para números, pois vou precisar desses números posteriormente). Como é o usuário que está digitando os dados, existe a possibilidade dele digitar algum desses caracteres, então já fazemos esta verificação logo no início.
Agora sim, aos cálculos. Primeiro vamos fazer a versão com 2 loops (o algoritmo pode ser facilmente buscado na internet, eu usei este site como fonte):
def validar_cpf(cpf):
if len(cpf) != 11:
return False
try:
digitos = list(map(int, cpf))
except ValueError:
return False
def calcula_digito(multiplicador):
total = 0
for d in digitos:
if multiplicador >= 2:
total += d * multiplicador
multiplicador -= 1
else: break
resto = total % 11
if resto < 2:
return 0
else:
return 11 - resto
# primeiro dígito não bate, CPF inválido
if digitos[9] != calcula_digito(10):
return False
# segundo dígito não bate, CPF inválido
if digitos[10] != calcula_digito(11):
return False
return True
Eu criei a inner function calcula_digito
, que contém o loop para calcular o dígito verificador. Para o primeiro dígito verificador, começamos com 10, que é multiplicado pelo primeiro dígito do CPF, depois multiplicamos o segundo dígito por 9, o terceiro por 8, etc (parando no 2, por isso o if multiplicador >= 2
, e um break
para interromper o loop caso o multiplicador seja menor que 2).
No segundo dígito verificador, eu faço o mesmo algoritmo, mas começando a multiplicar por 11. A lógica do loop é a mesma, e por isso eu reaproveitei o código da função interna calcula_digito
. Mas como essa função é chamada duas vezes, então estou fazendo dois laços.
Repare que o que muda de um loop para outro é somente o valor inicial do multiplicador (10 para o primeiro, 11 para o segundo), e a condição de parada é a mesma (vou até o valor do multiplicador ser 2
). Sendo assim, seria possível fazer tudo em um único loop:
def validar_cpf(cpf):
if len(cpf) != 11:
return False
try:
digitos = list(map(int, cpf))
except ValueError:
return False
def calcula_resto(resto):
if resto < 2:
return 0
else:
return 11 - resto
total1 = total2 = 0
multiplicador = 11
for d in digitos:
if multiplicador >= 2:
if multiplicador >= 3:
total1 += d * (multiplicador - 1)
total2 += d * multiplicador
multiplicador -= 1
else: break
# primeiro dígito não bate, CPF inválido
if digitos[9] != calcula_resto(total1 % 11):
return False
# segundo dígito não bate, CPF inválido
if digitos[10] != calcula_resto(total2 % 11):
return False
return True
Eu aproveito o mesmo loop para calcular o somatório referente a ambos os dígitos verificadores (tanto iniciando com 11 quanto com 10), e em seguida calculo os respectivos dígitos usando o resto da divisão segundo as regras do algoritmo.
Neste comentário você disse que queria fazer tudo em um único loop, pois assim "seria menos código". Bom, olhe novamente para as funções acima e veja se o ganho foi realmente significativo (na minha opinião, não foi, é praticamente a mesma quantidade de código).
Mas o ponto não é "escrever menos código". Um código mais curto não é necessariamente "melhor", assim como um código mais longo não é necessariamente "pior". Primeiro procure escrever um código claro e correto, e depois você pensa nessas otimizações.
Se está preocupado com o desempenho, sinceramente, esses loops não são tão custosos assim e para a grande maioria dos casos a diferença será irrelevante. Em sistemas reais você faz testes de desempenho para ver onde estão os gargalos e não se preocupa com essas micro-otimizações (até porque em sistemas reais, na grande maioria das vezes, provavelmente o gargalo não estará nesses loops menores).
Pense também na manutenção do código: futuramente pode ser que uma outra pessoa (ou até mesmo você) tenha que mexer no código, então o melhor é que ele esteja claro quanto ao que é feito. Claro que pode ser uma questão de opinião se o algoritmo fica melhor expresso com um loop ou dois, mas você não deveria escrever um código que fica confuso e difícil de entender e manter, só porque ficou menor (o tamanho do código não deve ser um objetivo em si, há outros pontos a se considerar).
Conforme comentado pelo Bacco, daria para otimizar o segundo loop, pois o primeiro elemento é multiplicado por 11, sendo que no final pegamos o resto da divisão por 11, então este elemento não influencia no resultado final. Portanto, o segundo loop poderia começar do segundo dígito em diante:
def validar_cpf(cpf):
if len(cpf) != 11:
return False
try:
digitos = list(map(int, cpf))
except ValueError:
return False
# incluir o índice no qual começa o loop
def calcula_digito(multiplicador, inicio = 0):
total = 0
for d in digitos[inicio:]:
if multiplicador >= 2:
total += d * multiplicador
multiplicador -= 1
else: break
resto = total % 11
if resto < 2:
return 0
else:
return 11 - resto
# primeiro dígito não bate, CPF inválido
if digitos[9] != calcula_digito(10):
return False
# segundo dígito não bate, CPF inválido
if digitos[10] != calcula_digito(10, 1): # começa o loop do segundo elemento
return False
return True
Agora a função calcula_digito
pode receber o índice no qual o loop será iniciado (ou zero, se nenhum for indicado - lembrando que listas começam no índice zero).
digitos[inicio:]
constrói uma sub-lista a partir do índice inicio
. Claro que eu poderia fazer um if inicio == 0:
faço o for
em digitos
, e se inicio
for um valor diferente, aí eu crio a sub-lista (assim evito de criar uma sub-lista à toa, quando o índice for zero).
Outra alternativa é usar um while
:
def calcula_digito(multiplicador, inicio = 0):
total = 0
indice = inicio
while True:
if multiplicador >= 2:
total += digitos[indice] * multiplicador
multiplicador -= 1
indice += 1
else: break
resto = total % 11
if resto < 2:
return 0
else:
return 11 - resto
Assim, evito a criação de sub-listas. De qualquer forma, repare que as alterações são mais no sentido de criar ou não novas estruturas à toa, se isso faz mais sentido ou não de acordo com o contexto, etc, e o que menos importa aqui é se o código vai ficar menor.
for
novamente.