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Estava fazendo uma revisão de MR e vi um teste parecido com este:

it('...', async () => {
  return await new Promise((resolve, reject) => {
    request(app.getHttpServer())
      .get('...')
      .send({ /* ... */ })
      .end((err, res) => {
        if (err) {
          return reject(err);
        }
        // expects ...
        resolve();
      });
  });
});

Minha dúvida é se esse await faz alguma diferença no comportamento do código uma vez que não há nenhuma lógica após ele.

Outra dúvida é se é necessário marcar a função como async uma vez que uma promise já está sendo retornada explicitamente. O código anterior tem o mesmo comportamento do código abaixo?

it('...', () => {
  return new Promise((resolve, reject) => {
    request(app.getHttpServer())
      .get('...')
      .send({ /* ... */ })
      .end((err, res) => {
        if (err) {
          return reject(err);
        }
        // expects ...
        resolve();
      });
  });
});

2 Respostas 2

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Resumidamente, o return é diferente de return await quando está dentro de um bloco try.


No caso específico da pergunta, não há diferença. Ali, return é o mesmo que return await porque está fora de um bloco try (que é onde a diferença acontece).

No entanto, há alguns casos em que pode haver diferença. Na maioria das vezes, é a mesma coisa. Contudo, é importante saber quando return e return await são diferentes, uma vez que o comportamento do código pode ser ligeiramente alterado.

O que é async?

Quando você marca uma função como async, ela sempre retornará uma Promise. No caso de um erro for lançado dentro dessa função assíncrona, a promessa retornada será do tipo rejected. Caso contrário, resolver-se-á com algum valor. No caso de não se utilizar um return explicitamente, será retornada uma promessa resolvida com valor undefined.

No geral, é ideal utilizar funções assíncronas apenas quando você utiliza um await explícito dentro delas. Caso contrário, o código pode acabar sendo contraintuitivo para alguns que não conhecem propriamente o comportamento das funç~oes assíncronas.

Se você só quer retornar uma promessa (como no código da pergunta), não é necessário utilizar async ou await, já que não há real necessidade em se aguardar a conclusão da promessa.

O operador await

O operador await só pode ser usado dentro de funções marcadas como assíncrona. Ele basicamente espera pela conclusão da promessa passada a ele:

  • Caso a promessa for resolvida, ele "desempacotará" o valor de dentro da Promise, que será o valor retornado pela expressão.
  • Caso a promessa for rejeitada, ele lançará o erro, que pode ser capturado em blocos try/catch.

A partir desse segundo item da lista acima, é possível inferir a diferença entre o return e o return await.

Retornando uma promessa — return <promise>

Considere o exemplo abaixo, em que temos uma função assíncrona foo que chama uma função waitAndMaybeReject, que retorna uma promessa que pode se resolver com qualquer valor ou rejeitar com algum erro.

async function foo() {
  try {
//  ↓↓↓↓↓↓
    return waitAndMaybeReject();
  }
  catch (e) {
    return 'caught';
  }
}

A função waitAndMaybeReject retorna uma promessa. No entanto, foo não aguarda de fato pela conclusão dessa promessa. A função foo simplesmente retorna (imediatamente) a Promise retornada pela aplicação de waitAndMaybeReject. Nesse caso, ocorre uma "delegação" da promessa.

Como a promessa foi retornada antes de ser, de fato, resolvida ou rejeitada, pode-se afirmar que o try/catch é inútil ali, porque, mesmo que waitAndMaybeReject rejeite-se com algum erro, o catch não será capaz de capturá-lo, uma vez que a promessa já terá sido retornada para quem chamou foo.

Retornando o valor de uma promessa concluída — return await <promise>

Agora, considere este código (ainda com a mesma função waitAndMaybeReject do exemplo anterior):

async function foo() {
  try {
//  ↓↓↓↓↓↓ ↓↓↓↓↓
    return await waitAndMaybeReject();
  }
  catch (e) {
    return 'caught';
  }
}

Note agora que, como foi utilizado o operador await, estamos de fato aguardando a conclusão da promessa retornada por waitAndMaybeReject. Desse modo, no caso da promessa retornada por waitAndMaybeReject for rejeitada, o bloco catch será capaz de capturar a exceção.

A promessa, com o return await não foi delegada por foo a seu chamador. Ao contrário: a promessa foi aguardada por foo e seu valor resolvido (ou rejeição) foram propriamente tratados por foo.

Note que agora foo retorna o valor resolvido pela promessa que waitAndMaybeReject retorna, OU "caught", no caso da rejeição da promessa em questão.

Conclusão

De modo geral, return await só faz diferença quando o return é envolvido por algum bloco try/catch.

Se você precisa tratar o valor que será concluído por uma promessa antes de ser de fato retornado, utilize return await. Caso contrário, return (delegar a promessa) não faz diferença, já que, como vimos, toda função assíncrona sempre retorna uma promessa.

Friso que não há diferença em tempo de execução. A diferença de fato está onde a promessa irá ser concluída.

Pessoalmente, não gosto de usar return await porque as pessoas não costumam entender de fato essa diferença (muitas vezes por nem saber que ela existe). Convenhamos que o JavaScript é e sempre foi uma linguagem com um enorme número de diferenças sutis como esta.

O código a seguir tem o mesmo efeito que return await. A diferença é que, ao meu ver, é mais claro:

function foo() {
  try {
    const val = await waitAndMaybeReject();
    return val;
  }  catch (e) {
    return 'caught';
  }
}

É o mesmo que:

function foo() {
  try {
    return await waitAndMaybeReject();
  }  catch (e) {
    return 'caught';
  }
}

Cabe a você decidir qual prefere.

Como o return await só tem efeito diferencial quando está dentro de blocos try/catch, o ESLint fornece uma regra chamada no-return-await que cuida disso para você.

Não acredito em você, mostre-me isso tudo!

Veja o exemplo funcional abaixo:

fooWithReturn(true)
  .then((resolvedValue) => console.log('1 fooWithReturn(throw).then =', resolvedValue)) // <não executará>
  .catch((errorValue) => console.log('1 fooWithReturn(throw).catch =', errorValue)); // Erro não tratado!

fooWithReturn(false)
  .then((resolvedValue) => console.log('2 fooWithReturn(dont throw).then =', resolvedValue)) // Yay!
  .catch((errorValue) => console.log('2 fooWithReturn(dont throw).catch =', errorValue)); // <não executará>
  
fooWithReturnAwait(true)
  .then((resolvedValue) => console.log('3 fooWithReturnAwait(throw).then =', resolvedValue)) // caught
  .catch((errorValue) => console.log('3 fooWithReturnAwait(throw).catch =', errorValue)); // <não executará>

fooWithReturnAwait(false)
  .then((resolvedValue) => console.log('4 fooWithReturnAwait(dont throw).then =', resolvedValue)) // Yay!
  .catch((errorValue) => console.log('4 fooWithReturnAwait(dont throw).catch =', errorValue)); // <não executará>

async function fooWithReturn(shouldThrow) {
  try {
    return waitAndMaybeReject(shouldThrow);
  } catch (e) {
    return 'caught';
  }
}

async function fooWithReturnAwait(shouldThrow) {
  try {
    return await waitAndMaybeReject(shouldThrow);
  } catch (e) {
    return 'caught';
  }
}

function waitAndMaybeReject(shouldThrow) {
  return new Promise((resolve, reject) => {
    setTimeout(() => {
      if (shouldThrow) {
        reject('Erro não tratado!');
      } else {
        resolve('Yay!');
      }
    }, 500);
  });
}


Os exemplos desta resposta foram baseados no artigo "await vs return vs return await", de Jake Archibald.

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A função deve ser marcada como async quando existe uma chamada explícita a um await dentro dela. Ela pode ser livremente marcada como async quando queremos executá-la assíncronamente, mesmo quando ela não possui nenhum statement await.

Quanto à dúvida se o await faz diferença, a resposta é: não. Porém, se a função apenas retorna uma promise, não faz sentido usar o await antes, pois perde completamente o sentido. Nesse caso, o melhor mesmo é apenas retornar e deixar quem chamou resolva a promise, fazendo uso corretamente das chamadas assíncronas.

Um await depois de um return é contra-intuitivo, uma vez que o JS resolve a promise para então retornar uma nova promise (duas promises, mas apenas um valor resolvido de fato). Portanto, a boa prática é sempre retornar direto e deixar quem chama resolver (a menos que você queira adicionar um tratamento, mas aí não faria um return diretamente).

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  • 1
    Fiz alguns testes aqui, mas não consegui constatar essa "perda de tempo" a qual você diz existir. O código rodou "ao mesmo tempo" com e sem a delegação. Poderia tentar exemplificá-la mais concretamente? 12/11/2020 às 23:18
  • 1
    Ah, a perda de tempo é muitíssimo sutil. A menos que seja uma chamada realmente custosa (como uma chamada HTTP), você não vai perceber mesmo. E mesmo que seja chamada HTTP, a perda de tempo ocorreria se outra função pudesse finalizar no tempo que ele esperou essa promise resolver. Quando falo "perda de tempo", é sobre como o interpretador JS funciona. Ele vai "perder um tempo" resolvendo, só então vai retornar. Ele poderia simplesmente retornar e estaria tudo certo. Mas como disse, é sutil e só perceptível em grande escala de processamento. 12/11/2020 às 23:27
  • 1
    Mas o tempo de espera está associado a quem irá aguardar, de fato, a resolução da promessa. E não creio que a função que (de fato) faça essa espera tenha alguma diferença. Não faz diferença se função a aguarde ou se função b (chamada por a) aguarde. Afinal, uma vez que já se tenha o valor, não é necessário aguardar por ele novamente. Como já diz a matemática, a ordem dos fatores não altera o produto. Se, realmente, houver diferença de tempo, será infinitesimal, mas não creio que estará associado ao custo da chamada (como em HTTP), mas sim ao fato de se ter uma função a mais na pilha. 12/11/2020 às 23:32
  • 1
    Mas a função a não sabe que tem o valor, mesmo que b já tenha resolvido. É uma nova promise. Por isso mesmo a má prática. A menos que o JS seja otimizado para isso (eu realmente não sei), são dois tempos. A diferença é que o tempo de resolução é super ínfimo, mas faz uma diferença danada quando você tem centenas de milhares de chamadas resolvendo algo realmente custoso, como chamadas HTTP, conexões de banco e etc. 12/11/2020 às 23:38
  • 1
    Então, o HTTP já foi superado, mas o tempo de resolver a promise, voltar o estado e retornar à pilha, não. Se eu fico perdendo um único tempo toda vez, isso se acumula. E quando acumulado é custoso. 12/11/2020 às 23:40

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