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Através de pesquisas entendi que Web Workers permitem a simultaneidade de processos no JavaScript. Seria como disparar uma thread JavaScript que atualiza a View.

Pode-se considerar que seria a adaptação do padrão MVC ao JavaScript? Gostaria de mais informações e principalmente quais os cuidados no seu uso.

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1 Resposta 1

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De fato, um Web Worker é similar a um thread separado do principal. Entretanto, ele é completamente isolado tanto deste quanto do DOM (i.e. da "View"), de modo que a única forma de comunicação entre ele e a thread principal é através do uso de postMessage. Além do DOM, ele também não tem acesso a outras funcionalidades e variáveis/funções/classes globais disponíveis aos scripts comuns.

A principal utilidade de um Web Worker é separar em um thread/processo separado qualquer processamento pesado/demorado que de outra forma bloquearia totalmente a página até que o mesmo estivesse concluído. Um exemplo de uso seria:

script_normal.js

// Cria o web worker
var worker = new Worker('web_worker.js');

// Diz o que fazer quando o web worker enviar uma mensagem
worker.addEventListener('message', function(e) {
    var dados = e.data;
    alert("O resultado é: " + dados.resultado);
});

// Manda uma mensagem pro web worker
worker.postMessage({ cmd:"acharPrimo", n:100 }); // assíncrono - retorna imediatamente

web_worker.js

// Diz o que fazer quando outro thread enviar uma mensagem
addEventListener('message', function(e) {
    var dados = e.data;
    if ( dados.cmd == "acharPrimo" ) {
        var ret = acharPrimo(dados.n); // Chama uma função demorada
        postMessage({ resultado:ret }); // Manda o resultado como mensagem
    }
    // Outras funções, se aplicável
});

function acharPrimo(n) {
    // Acha o n-ésimo primo, construindo um crivo, etc...
}

Ou seja, quando a página inicia o processo demorado, ela não "trava" até que esse processo esteja pronto - você pode continuar utilizando-a, da mesma forma que o faria se tivesse feito uma chamada Ajax pro servidor (exceto que, nesse caso, tudo está acontecendo no próprio browser). Esse processo ocorre em paralelo e, ao terminar, envia os resultados para a página (em um evento também assíncrono) que pode então fazer alguma coisa com ele. Tanto a página quanto o worker podem mandar múltiplas mensagens um pro outro - por exemplo, para exibir ao usuário uma barra de progresso.

Um cuidado que é preciso ter com seu uso é no envio de mensagens: o thread principal e o worker possuem espaço de endereçamento separados (i.e. não compartilham memória). Isso significa que todo dado passado de um para o outro é serializado em uma string antes de ser enviado. No exemplo mostrado, quando se passou:

{ cmd:"acharPrimo", n:100 }

pro worker, não foi um objeto que foi passado, e sim uma string representando esse objeto. No caso, o objeto era pequeno, mas se fosse algo bem grande (tipo um array com vários elementos) a sua cópia de um para o outro - mediante representação em string, ainda por cima - poderia ter um impacto significativo na performance. Há uma alternativa - ainda não amplamente suportada, pelo menos da última vez que eu chequei - que seria o uso de transferables, objetos cuja "propriedade" é transferida de um thread para outro. Ou seja, o mesmo objeto que antes estava em um thread agora passa a estar em outro, tornando-se inacessível ao primeiro, mas sem que ocorra cópia alguma.

Outro cuidado necessário seria lembrar que o web worker em si é single-threaded, ou seja: depois que um processo demorado começou, ele tem de ir até o final antes de outro começar. Ele pode mandar mensagens para o thread principal à vontade, mas a recíproca não é verdadeira: enquanto esse código não terminar de executar, mensagens mandadas ao worker serão enfileiradas até que o mesmo esteja disponível.

Um corolário é que não dá para "matar" o processo mandando uma mensagem de stop para ele - pois essa mensagem só seria recebida depois que o processo já terminou mesmo... Num caso desses, seria preferível que seu worker só executasse uma única iteração do loop por vez, pausando antes de executar a próxima (dando tempo para que as mensagens pendentes fossem processadas). E, é claro, se você possui dois ou mais processamentos a realizar, ou você cria dois workers ou garante que um deles está ocioso antes de reutilizá-lo (um pool de workers é melhor que criar sempre um novo, pois elimina o overhead da criação).

Por fim, convém citar que um WebWorker comum só está acessível ao thread que o criou (seja o principal, ou outro web worker), mas é possível compartilhar um worker com outros através do uso de um SharedWorker. Sua funcionalidade é bastante similar a de um worker comum, mas sua API possui algumas diferenças, em especial na forma de um thread se comunicar com outro.

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  • Claro, conciso e esclarecedor! Obrigado! Só mais uma questão, onde consigo me informar a partir de quais versões os browsers suportam Web Worker?
    – Jothaz
    15/01/2015 às 11:24
  • 1
    @Jota Na MDN (tabela de compatibilidade no fim da página).
    – bfavaretto
    15/01/2015 às 14:15
  • @Jota Conforme o caniuse.com todos os browsers exceto IE9 ou anterior dão suporte. SharedWorker, por outro lado, somente Chrome e Firefox. Não tenho informação sobre transferables...
    – mgibsonbr
    15/01/2015 às 14:15
  • Mais uma vez obrigado pelos esclarecimentos.
    – Jothaz
    15/01/2015 às 14:49

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