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Sempre ouço falar de REST e RESTful, mas não sei diferenciar um do outro nem para que servem.

Me pareceu algo com padrão de arquitetura de aplicação estilo Common.js.

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3 Respostas 3

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Só faz sentido saber o que é REST, já que RESTful é apenas a capacidade de fazer REST, ou seja, é uma questão gramatical.

A Representational State Transfer (REST), em português Transferência de Estado Representacional, é uma abstração da arquitetura da World Wide Web, mais precisamente, é um estilo arquitetural que consiste de um conjunto coordenado de restrições arquiteturais aplicadas a componentes, conectores e elementos de dados dentro de um sistema de hipermídia distribuído.

O REST ignora os detalhes da implementação de componente e a sintaxe de protocolo com o objetivo de: focar nos papéis dos componentes, nas restrições sobre sua interação com outros componentes e na sua interpretação de elementos de dados significantes.

Ele foi definido oficialmente pela W3C.

Fonte: Wikipedia (em inglês)

Ele é frequentemente aplicado à web services, fornecendo APIs para acesso a um serviço qualquer na web. Ele usa integralmente as mensagens HTTP para se comunicar através do que já é definido no protocolo, sem precisar "inventar" novos protocolos específicos para aquela aplicação.

Você trabalha essencialmente com componentes, conectores e dados.

  • Ele usa o protocolo HTTP (verbos, accept headers, códigos de estado HTTP, Content-Type) de forma explícita e representativa para se comunicar. URIs são usados para expor a estrutura do serviço. Utiliza uma notação comum para transferência de dados como XML ou JSON.
  • Não possui estado entre essas comunicações, ou seja, cada comunicação é independente e uniforme (padronizada), precisando passar toda informação necessária.
  • Ele deve facilitar o cache de conteúdo no cliente.
  • Deve ter clara definição do que faz parte do cliente e do servidor. O cliente não precisa saber como o servidor armazena dados, por exemplo. Assim cada implementação não depende da outra e se torna mais escalável.
  • Permite o uso em camadas também facilitando a escalabilidade, confiabilidade e segurança.
  • Frequentemente é criado com alguma forma de extensibilidade.

Falhando em um dos cinco primeiros itens, a arquitetura não pode ser classificada formalmente como RESTful. Mas nem todo mundo se apega ao formalismo.

Exemplo:

http://example.com/apagar/produto/1234

Significa que você está pedindo para apagar o produto de ID 1234.

Há quem diga que isto está errado. Já que a ênfase é em cima dos recursos, e não das operações, deveria usar assim:

http://example.com/produto/1234 (utilizando o verbo/método DELETE)

Convenhamos que isto pode servir para CRUD, mas existem tantas variações do que precisa ser feito que não é possível representar tudo só com os verbos HTTP. Ok, é possível fazer tudo parecer CRUD, mas talvez exija informações adicionais em nome do formalismo.

Tudo isto é pensado para proporcionar melhor performance, escalabilidade, simplicidade, flexibilidade, visibilidade, portabilidade e confiabilidade.

Cada um define como quiser sua API, ao contrário de SOAP onde tudo é definido oficialmente.

Fonte canônica na dissertação do Dr. Roy Fielding.

Coloquei no GitHub para referência futura.

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  • 4
    bigown há alguma fonte no site para SOAP? Se houver era interessante linkar aqui no fim do seu texto.
    – Jorge B.
    21/04/2017 às 14:49
  • 5
    @JorgeB. quando eu não sei se é boa eu prefiro não linkar, porque meio que eu estaria abonando aquilo.
    – Maniero
    21/04/2017 às 14:53
  • 2
    Como assim utilizando o verbo DELETE? http://example.com/produto/1234 (utilizando o verbo DELETE) Onde está o uso dele? 22/08/2017 às 19:56
  • 2
    Tem que mandar o comando para o servidor.
    – Maniero
    22/08/2017 às 20:24
  • 4
    @DiegoSouza, o verbo (ou método) HTTP não se encontra na URL, mas sim no como é feita a chamada ao servidor. Essa seção de artigo da Wikipedia fornece os verbos mais comuns e sua semântica. Só para ratificar e você não se perde na nomenclatura, note que na Wikipedia tem uma preferência maior a chamar de métodos HTTP no lugar de verbos 24/08/2017 às 13:57
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REST

Segundo Wikipedia:

É pensada como uma imagem do design da aplicação se comportará.

Ou seja, seria algo como, dependendo maneira que se consome um mesmo recurso - recurso esse que pode ser identificado visualmente inclusive - seu comportamento irá mudar.

Vamos ilustrar para facilitar:

Sobre Requisições HTTP

Toda as vezes que acessamos algo via browser (navegador), várias requisicões são disparadas. Quando acessa uma página qualquer, uma requisição pelo conteúdo dessa página é criado. Quando esse conteúdo retornar, o browser monta (renderiza) a página, mas essa página requer outros recursos como imagens, fontes, folhas de estilo (css). Para cada recurso, o navegador irá fazer uma nova requisição.

Essas requisições são compostas, principalmente, de três informações:

  • URL: Endereço que irá receber a requisição;
  • Verbo/Método: Comando que se deseja que seja feito;
  • Corpo: Informações que enviamos, como dados de um formulário, por exemplo.

Quantos aos Verbos, existem 4 que são os mais utilizados:

  • GET: Usado para trazer informações
  • POST: Para criar/adicionar informações
  • PUT: Para atulizar informações
  • DELETE: Para excluir informações

Serviço RESTful

São serviços que possuem comportamento REST. Ou seja, usando o mesmo design, seu comportamento irá mudar de acordo com a maneira que é consumido

Por exemplo, temos a URL (endpoint) abaixo:

http://www.contoso.com/alunos

Se queremos trazer a lista de alunos, basta realizamos uma requisição GET:

Request:
[GET] http://www.contoso.com/alunos
Body: empty

A resposta será algo como:

Response:
HTTP Code 200 OK
[
    { id: 1, nome: "Thiago Lunardi" },
    { id: 2, nome: "Joe Satriani"}
]

Mas, se eu quiser adicionar um novo aluno, uso o mesmo design, mas consumindo de outra forma, com requisição POST:

Request:
[POST] http://www.contoso.com/alunos
Body: { "nome: "Slash" }

HTTP Code 201 Created
{ id: 3, nome: "Slash" }

Continuando, para saber mais detalhes sobre um aluno:

Request:
[GET] http://www.contoso.com/alunos/1
Body: empty

Response:
HTTP Code 200 OK
{ 
    id: 1, 
    nome: "Thiago Lunardi",
    github: "https://github.com/ThiagoLunardi",
    website: "http://thiagolunardi.net",
    blog: "https://medium.com/@thiagolunardi",
}

Para atualizar informações de um ano, da mesma forma, usamos o mesmo design, e apenas mudamos a forma de consumir o recurso, e ele terá um comportamento diferente:

Request:
[PUT] http://www.contoso.com/alunos/1
Body: { "twitter": "@thiagolunardi13" }

Response:
HTTP Code 200 OK
{ 
    id: 1, 
    nome: "Thiago Lunardi",
    github: "https://github.com/ThiagoLunardi",
    website: "http://thiagolunardi.net",
    blog: "https://medium.com/@thiagolunardi",
    twitter: "@thiagolunardi13"
}

Para excluir:

Request:
[DELETE] http://www.contoso.com/alunos/1
Body: empty

Response:
HTTP Code 204 No Content
1
  • 8
    Rapaz, foi a melhor explicação do conceito Restful que já li, e nem estava procurando por isso, estava pesquisando se o termo correto é Restful ou Restfull, e cai aqui. +1 18/02/2019 às 19:44
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O termo REST significa Representational State Transfer.

Nada mais é que um padrão de arquitetura para criar serviços e disponibilizá-los na Web. Um serviço RESTful é simplesmente aquele que realiza a implementação deste padrão.

Ou seja, não há diferenças.

O termo REST surgiu com o Roy Fielding em uma dissertação que escreveu em 2000. Nesta dissertação ele classificava um serviço REST com algumas características. As principais, entendo eu, seriam:

  • Cliente-servidor: de um lado temos o servidor trabalhando com os dados e do outro o cliente fazendo suas interações. Esta separação de responsabilidades deve ser a mais clara possível.
  • Sem estado (stateless): as requisições do cliente para o servidor deve conter todas as informações. O servidor não deve manter o estado do cliente (sessão) do seu lado.
  • Cacheável: as respostas do servidor devem determinas se aquela informação pode entrar ou não em um cache. Assim o cliente pode confiar se aquela resposta pode ser usada novamente em uma requisição equivalente.
  • Interface uniforme: este item tem relação com o uso correto dos verbos HTTP GET, POST, PUT, DELETE, etc e de uma separação clara dos recursos e de seus níveis.

Ou seja, um serviço REST não é aquele que simplesmente manda um Json de um lado para o outro. Existem certas regras definidas para que possa ser mais fácil de ser usada, mais confiável e com melhor performance.

Um exemplo que deixa isto mais claro é quando comparamos dois serviços http onde um é baseado em REST e o outro não é. Vamos começar com um exemplo de API que gerencia pedidos.

API de pedido: RPC com HTTP vs REST

RPC significa Remote Procedure Call. É uma definição genérica que, basicamente, está relacionada a requisições remotas e síncronas (independente do protocolo). Uma simples chamada HTTP sem observar qualquer padrão já pode ser considerada uma chamada RPC.

Sendo assim, a melhor maneira que vejo de explicar o que está próximo do REST é mostrar um exemplo que está bem distante do REST.

RPC com HTTP

Vamos imaginar que queremos criar um novo pedido usando POST em uma API RPC:

POST /pedidos

{
    "NovoPedido": {
          "nome": "Nome do Pedido",
          "valor": "9.99",
          "numero": "1001"
      }
} 

E para buscar o pedido pelo seu identificador:

POST /pedidos

{
    "BuscarPedido": {
          "numero": "1001"
      }
} 

E, por fim, remover o pedido ficaria:

POST /pedidos

{
    "RemoverPedido": {
          "numero": "1001"
      }
}

Bem, isso não é REST. Simplesmente estamos chamando a mesma função com parâmetros diferentes. Não está claro na API que temos diferentes formas de alterar o estado do recurso "pedido".

Vamos ver como ficaria o mesmo exemplo baseando-se no REST.

REST (ou quase isto...)

Em uma API baseada em REST teríamos algo assim para criar pedido:

POST /pedidos

{
  "nome": "Nome do Pedido",
  "valor": "9.99",
  "numero": "1001"
} 

Buscar o pedido pelo id nem precisaria de um body na requisição, só usaríamos as informações presente na própria URL, passando o identificador do pedido:

GET /pedidos/1001

E remover o pedido seria parecido com o GET:

DELETE /pedidos/1001

E cada um dos serviços acima também retornaria o status HTTP correspondente. No caso do POST seria um 201 CREATED (que significa "sucesso, recurso foi criado"). No caso do GET seria um 200 OK ("sucesso"). No caso do DELETE seria um 204 NO CONTENT ("sucesso, sem conteúdo para retornar como resposta").

Porém, os exemplos acima ainda não podem ser considerados de uma API RESTful. Perceba que em alguns momentos eu usei a palavra "baseada" ou "quase" para classificar "RESTibilidade" da API do exemplo anterior.

E por qual motivo a API acima é "baseada" em REST e não RESTFul?

A maioria dos desenvolvedores acredita que uma API RESTFul pára nos exemplos acima, mas para uma API realmente ser considerada RESTFul ela deveria também aplicar o HATEOAS de acordo com o próprio Roy:

if the engine of application state (and hence the API) is not being driven by hypertext, then it cannot be RESTful and cannot be a REST API. Period.

Creio que esta polêmica de definir o que é uma API REST ou não acabou gerando os níveis de maturidade de uma API Rest, dada a dificuldade (ou até, pouca necessidade) de aplicar o HATEOAS nas APIs. Estes níveis de maturidade podem auxiliar os desenvolvedores a entenderem que ponto suas APIs estão no momento e até onde podemos chegar dada as necessidades da API a ser desenvolvida.

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