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Minha aplicação consiste de uma API nodejs no backend mas também estou criando a implementação de referência de um cliente JavaScript, que é uma SPAen feita com Backbone.

Primeiramente: a API aceita apenas requisições HTTPS, no caso de um request HTTP chegar no servidor ele o ignora completamente e opcionalment pode invalidar a senha utilizada naquele request não seguro.

Meu servidor não guarda estado (sem sessão/cookies) e eu uso apenas autenticação HTTP básicaen, onde forneço duas maneiras de se autenticar um request:

1- Enviar as credenciais no header: Authentication: base64('Basic ' + nomeDeUsuario:senha)
2- Enviar um request autenticado com o método 1 para GET /usuarios/atual que retorna um token, que é uma string criptografada* contendo: nomeDeUsuario + '|' + dataDeExpiracaoDoToken. O cliente daí então passa a enviar o header Authentication: 'Token ' + base64(nomeDeUsuario:token).

*Criptografia feita com algoritmo aes-256-ctr do OpenSSL. A chave privada é o hash da senha do usuário.

O método 1 pode ser utilizado para comunicação servidor-servidor, portanto não é adequado ao cliente JavaScript, pois para todos os requests o usuário teria que inserir suas credenciais, a menos que tais credenciais fossem armazenadas na memória do browser, o que eu não sei se é seguro o suficiente. Além do mais, armazenar as credencias no local storage manteria o usuário logado indefinidamente.

Pelo método 2 o cliente JavaScript envia apenas um request autenticado com autenticação básica e imediatamente descarta essas informações sensíveis de login, armazenando apenas o token no local storage. Após um determinado tempo este token irá expirar e será necessário uma revalidação, quase que emulando uma sessão no servidor.

Do lado do servidor eu verifico a autenticidade de um request feito com o método 2 simplesmente obtendo o hash da senha do usuario e tentando descriptografar o token, então eu verifico tokenDescriptografado.split('|')[0] === username.

Esta á uma abordagem segura? Existe algum ponto que não estou levando em consideração? Dada esta abordagem, quais tipo de ataques eu estaria sujeito?

*Este é um crosspost de uma pergunta que fiz no Information Security

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  • essas duas perguntas de certa forma se relacionam com a minha 9/12/2014 às 0:10
  • 1
    Já cogitou SSL com OAuth2? 9/12/2014 às 0:46
  • @BrunoAugusto vou dar uma lida agora sobre OAuth2. No caso seria como se eu mesmo fosse o provedor de identidade! 9/12/2014 às 0:49

1 Resposta 1

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Há um problema em seu método 2: suponha que um atacante obtenha uma cópia do seu BD. Normalmente isso não seria uma catástrofe, pois as senhas dos usuários estão hasehadas, mas pelo método 2 o atacante poderia se autenticar somente com o hash:

  1. Crie um novo token nomeDeUsuario + '|' + dataDeExpiracaoDoToken, com uma data de expiração recente;
  2. Use o hash desse usuário para criptografar o token, e envie-o. O servidor aceitará a autenticação!

Um método mais seguro de gerar tokens no servidor sem guardar estado é através de uma assinatura (ou melhor dizendo, um HMAC): guarde da maneira mais segura que puder (ex.: um arquivo de configurações com acesso restrito, ou um módulo de hardware) uma chave secreta conhecida somente pelo servidor. Não coloque essa chave no BD. Quando um usuário acessar /usuarios/atual, crie um token tal como estava fazendo (nome de usuário e data de expiração), mas em vez de criptografá-lo com o hash da senha do usuário, assine-o usando esse segredo:

HMAC(segredo, token)

E envie ambos ao usuário (o token em texto plano, e a assinatura do token). Quando o usuário repassar esses dados ao servidor, verifique se a assinatura está intacta (o usuário poderia alterar o nome de usuário ou a data de expiração no token em texto plano, mas ele não poderia falsificar a assinatura sem o segredo do servidor). Dessa forma, um atacante com acesso somente ao hash da senha do usuário não poderia se autenticar usando o método 1, nem forjar um token para ser usado no método 2.

Isso deixaria seu sistema mais seguro num cenário como este, em que o atacante tem uma cópia do seu BD mas não do seu sistema como um todo (ex.: numa vazamento via Injeção de SQL, obtém-se uma cópia do banco, mas os arquivos de configuração/módulo de hardware continuam intactos). E se esses tokens tem curta duração, pode ser interessante nem usar um segredo persistente, mas sim gerar uma chave aleatória em memória, válida somente até o servidor ser reiniciado (se há múltiplos servidores, com balanceamento de carga por exemplo, isso pode ser menos viável).

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  • Nota: assim como você fez crosspost no security.SE, eu respondi lá também, de forma mais direta ao ponto entretanto (enquanto aqui eu respondi de forma mais didática).
    – mgibsonbr
    4/03/2015 às 1:33
  • É verdade, muito boa sua observação! Eu estou pensando se poderia usar um algoritmo baseado em data/hora ou num seed para expirar o segredo a cada 10 minutos por exemplo. Mas acho que dá no mesmo pois o problema seria esconder o seed ao invés do segredo! Obrigado pela reposta! 4/03/2015 às 3:08
  • 1
    Dificilmente um atacante vai conseguir ler a memória do seu servidor (e se ele conseguir, você está frito de qualquer maneira); a menos que esses tokens de autenticação tenham que sobreviver a um restart no servidor, manter o segredo em memória já é bom o bastante. Gere algo aleatório usando /dev/urandom (ou equivalente) quando o sistema iniciar e, se o servidor reiniciar por qualquer motivo, faça o usuário se reautenticar pelo método 1. É inconveniente, sim, mas muito raro, e mais seguro que armazenar esse segredo/seed num arquivo (e mais barato que usar um módulo de hardware).
    – mgibsonbr
    4/03/2015 às 3:23

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