O método System.currentTimeMillis
retorna o valor do timestamp em milissegundos (também conhecido como "milésimos de segundo"). Mas vamos por partes.
Conforme você viu na documentação, o retorno é descrito como "a diferença, em milissegundos, entre a data/hora atual e 1 de janeiro de 1970, à meia-noite, em UTC".
Esta data (1 de janeiro de 1970, à meia-noite, em UTC, que você também pode ver por aí escrita no formato ISO 8601, ou seja, 1970-01-01T00:00Z
) é chamada de Unix Epoch, e podemos considerá-la - para simplificar - como o "instante zero".
O que System.currentTimeMillis
retorna é um número (no caso, um long
) que representa a quantidade de milissegundos que se passou desde este instante.
Por exemplo, rodando agora, eu obtive o valor 1579182398676
(mais de 1 trilhão e 579 bilhões de milissegundos). É importante notar que este valor é o mesmo em todo o mundo - qualquer computador, em qualquer lugar do mundo, que chamasse este método no mesmo instante que eu obteria o mesmo resultado (assumindo que o relógio do computador não está com problemas, etc).
Ou seja, o timestamp representa um instante único, um ponto na linha do tempo. O detalhe é que em cada parte do mundo (em cada fuso horário), esse mesmo valor pode representar uma data e hora diferentes. Por exemplo, o timestamp 1579182398676
corresponde a:
- 16 de janeiro de 2020, às 13:46:38.676 em Londres
- 16 de janeiro de 2020, às 10:46:38.676 em São Paulo
- 17 de janeiro de 2020, às 02:46:38.676 em Auckland (Nova Zelândia)
- e em cada parte do mundo, poderá ser uma data e/ou hora diferentes
Todas as datas e horas acima correspondem ao mesmo timestamp (1579182398676
) - ao mesmo instante.
Quanto a ser padronizado, depende muito do que significa "padronizado".
System.currentTimeMillis
retorna este valor em milissegundos, mas há outras linguagens/API's que trabalham com este valor em segundos, como é o caso da função time
do PHP, por exemplo. Já o módulo datetime
do Python possui o método datetime.timestamp()
, que também retorna o valor em segundos, mas diferente do PHP, ele retorna um float
que também possui as frações de segundo.
No próprio Java, a partir do JDK 8, temos a API java.time
, que possui precisão de nanossegundos (9 casas decimais na fração de segundos), o que acarreta em perda de precisão ao converter os tipos desta API para Date
ou Calendar
(veja no início desta resposta alguns detalhes sobre isso). O detalhe é que métodos como Instant.now()
usam "o melhor relógio disponível no sistema", que pode ou não ter precisão de nanossegundos (portanto, a quantidade de casas decimais retornadas depende do ambiente no qual o código roda).
Sem contar que a classe java.time.Instant
pode trabalhar tanto com o valor em milissegundos (com os métodos ofEpochMilli
e toEpochMilli
) quando em segundos (com ofEpochSecond
e getEpochSecond
), o que é bem raro, já que a maioria das linguagens e API's só trabalha com uma dessas opções.
Ou seja, mesmo que muitas linguagens usem o conceito do timestamp, deve-se levar em conta essas diferenças. Podemos considerar que é padronizado porque elas usam a mesma ideia, ou que não é padronizado porque cada uma pode retornar o valor com uma precisão diferente?
Outro detalhe é que o Unix Epoch não é o único valor utilizado como o "instante zero". No .NET, por exemplo, um DateTime
usa a quantidade de "ticks" desde 1 de janeiro do ano 1 (não é 1901 nem 2001, é o ano 1 mesmo), à meia-noite, em UTC (sendo que um "tick" é igual a 100 nanossegundos). Além disso, há vários outros epochs usados na computação.